António, recebi a tua carta.

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Fui encontrá-la no chão da entrada, onde aterram até que alguém os apanhe os envelopes que o carteiro enfia por debaixo da porta da rua. Havia outra, imaginas de quem, não é? Lá dentro estava um texto em Português acordizado, razão bastante, caso não houvesse outras, para não passar das primeiras linhas. Não aguento ver assim tratada a única pátria que conheço, compreendes?

No verso do teu envelope, lá estava aquela frase a afirmar na sua importância maiúscula que «PORTUGAL PRECISA DE SI.» Quando, depois das viagens formadoras da juventude, voltei para Portugal, fi-lo a achar isso mesmo: que Portugal, onde estava tudo por fazer, precisava de mim, mesmo se na justa medida em que também eu precisava de Portugal, pelas razões de superlativo mistério que fizeram com que uma imigrante (ou estrangeirada, chama-lhe o que quiseres António) se ligasse a este lugar mental ainda tão novinha, e desafiando as mais avisadas advertências que me exortavam a abraçar outra pátria.

Volto à tua carta: abri-a, lá te descobri na imagem de cabeçalho junto a uma réplica dessa frase: «PORTUGAL PRECISA DE SI». Pronto, afinal sempre era verdade. [Read more…]

Abriu a caça ao voto de emergência nacional:

eu já me inscrevi aqui. E tu? por que esperas?

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