A escolha pró-Kremlin de André Ventura
Narrativa: a ruína
Hoje, duas notícias de relevo:
1 – os imigrantes contribuíram com mais de 1600 milhões de euros para a Segurança Social (“os estrangeiros em Portugal trabalham mais horas por semana do que os portugueses”, diz-nos a RTP);
• Era bom mostrar estes números (e o facto de, mesmo atingindo tais números, os imigrantes estarem mais desprotegidos no trabalho) a quem acha que são os imigrantes quem “rouba” alguma coisa a “alguém”. Aqueles que se revêem e dão mais atenção a discursos populistas do que aos factos que os números trazem, saibam: das duas, uma – ou vocês são, de facto, uns racistas e xenófobos de trazer por casa, ou então estão a cair que nem patinhos no sussurrar da cobra.
2 – Portugal está abaixo da média europeia no que diz respeito à carga fiscal (“o argumento utilizado por “vários partidos” de que os impostos em Portugal são os mais altos na Europa é uma “ideia aliciante, mas falsa”), mas esta penaliza mais os trabalhadores e outros grupos de menores rendimentos;
• Portugal não tem a “mais elevada” carga fiscal da União Europeia, mas os impostos penalizam quem trabalha. Era bom ver (e ouvir) a direita (está visto e ouvido) defender uma redistribuição justa (“de cada qual de acordo com as suas possibilidades, para cada um de acordo com as suas necessidades”); mas não, o discurso da velha direita (alguma mascarada de moderna “práfrentex”) é o mesmo de sempre: o que é preciso é descer os impostos a quem mais ganha e não a quem menos ganha, impedindo, assim, uma redistribuição justa em Serviços Públicos e por quem menos tem (e privatizando, ainda mais, o país). [Read more…]
Slava Ukraini, mas só às vezes
“União Europeia já não depende dos combustíveis russos, garante Bruxelas”, leio num rodapé na SIC Notícias.
Ora aqui está um pedaço de notícia interessante e pouco esmiuçado. Aparentemente, não vale mais do que uma nota de rodapé.
É bom que Bruxelas não dependa dos produtos petrolíferos de Moscovo, mas…será que já não consome?
Luciano Barbosa, o já falecido e saudoso vocalista dos Repórter Estrábico diria “consome, consome”. E teria razão. [Read more…]
Polónia, o autoritarismo e o futuro
“O Mundo a seus pés” é um podcast do Expresso que merece ser ouvido. O último episódio foi sobre a “iliberal” Polónia.
Tax the Poor
Guerra, inflação, especulação imobiliária e aumento generalizado do custo de vida.
O que fazer?
Não posso taxar as grandes fortunas, ou os lucros astronómicos dos grandes poluidores, que isso do clima resolve-se com bicicletas e palhinhas. Os lucros da banca também não, principalmente em Portugal, que ainda há para lá uns certificados de aforro a 2,5% e os bancos já não aguentam a concorrência, quanto mais outro imposto. Tecnológicas? Porra! Ainda nos substituem por AI.
Mas então, o que fazer?
Já sei: vou aumentar novamente a taxa de juro de referência. A malta já anda há muito a viver acima das suas possibilidades. Que gastem menos dinheiro em vinho verde e coisas.
Lavar mais Blanco
Este gajo não se cansa de passar vergonhas.
Os impostos não servem para financiar esses serviços. Antes servissem! Servem, fundamentalmente, para abater na dívida pública. Se os impostos servissem para financiar os serviços públicos, os mesmos não estariam na situação dramática em que se encontram.
“Portugal é um dos apenas três países da Zona Euro que promete cumprir a regra da dívida até 2026” já diz tudo sobre para onde vai o dinheiro que os portugueses pagam em impostos.
Já agora, convém esclarecer o porquê da classe média pagar tantos impostos: a economia nacional foi quase toda privatizada desde a década de 80 até hoje. Ora, com a privatização da grande maioria das empresas-chave de sectores estratégicos, a única opção para encher os cofres ao Estado é sobrecarregando a população, neste caso a classe média, com impostos. Impostos esses que que quem controla os sectores estratégicos da economia, por norma, não paga (levando esse dinheiro para offshores, paraísos fiscais e fundos de investimento de origem duvidosa).
Liberais, parem de tentar iludir e enganar as pessoas. Infelizmente, o deputado Bernardo Blanco bloqueou-me nas várias plataformas e não lhe posso ensinar estas coisas directamente.
Amigos, a solução não é mais liberalismo, é exactamente o contrário, pois foi a liberalização da economia que nos trouxe a este Estado lastimável. A solução da Iniciativa Liberal, que quando fala em baixos salários nunca propõe subir os mesmos, mas sim diminuir a carga fiscal (aos que já têm salários acima da média), passa pela privatização destes serviços para os entregar a quem querem aliviar a carga fiscal, ou seja, aos donos disto tudo.
Chama-se a isto “lavar mais Blanco”. Mantenham-se alerta: um olho no facho, outro no liberal. Por fim, deixo-vos com gente séria:
Líder do Grupo Wagner goza com a cara dos europeus
Um dos mais fortes candidatos à sucessão de Vladimir Putin, Yevgeny Prigojin, entende que as sanções impostas pelo Ocidente contra si e contra o grupo terrorista que dirige são razoáveis. Que é o mesmo que dizer que se está nas tintas para elas. Poderá ser bluff. Ou então mais uma prova de que os principais atingidos pelas sanções são os europeus. Sobretudo as classes média e baixa, que as elites estão a adorar a inflação. Principalmente a artificial. E os lucros extraordinários cujo nome não devemos pronunciar.
Eva Kaili e o estranho caso das ditaduras que adquirem serviços de altos cargos da UE
Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu e membro do PASOK, foi detida em Bruxelas, por ser suspeita de integrar um esquema de corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais patrocinado pelo Qatar, com o intuito de favorecer o execrável regime em tomadas de decisão comunitárias.
Não sei se se relacionará com isto, até porque a Comissão Europeia é liderada pelos conservadores do PPE, e este caso, segundo a comunicação social, envolve sobretudo membros dos S&D, mas as importações de gás liquefeito qatari aumentaram substancialmente no último ano, dada a necessidade de substituir Putin por um ditador com aspecto mais lavado. E aquelas dishdashas brancas a imaculadas sempre são mais frescas que o cinzento escuro do K(remlin)GB.
Valores europeus
A União Europeia, depois de décadas a apertar a mão a Vladimir Putin porque lhe servia os interesses, decidiu agora apertar a mão a um Putin de marca branca e com bigode.
O que nos vale é que este Putin está do lado do Ocidente e só invade países irrelevantes como a Arménia.
Os tão aclamados “valores europeus” de alguns, são a machadada na soberania de outros.
O cheiro a Venezuela logo pela manhã
Andaram décadas a embargar a economia venezuelana, pediram aos “parceiros” europeus que fizessem o mesmo (e Portugal acedeu a tudo, se bem se lembram, era Augusto Santos Silva – hoje presidente da Assembleia da República – Ministro dos Negócios Estrangeiros), condenaram um povo à miséria e à fome, com a conivência da comandita de Maduro, que com isso aumentava a sua política de opressão das massas, tentaram, mais do que uma vez, um Golpe de Estado à lá Operação Condor. E tudo isto sem que a Venezuela tivesse invadido alguém.
Em Portugal, andaram José Sócrates, Pedro Passos Coelho ou Paulo Portas a apertar a mão aos sanguinários políticos venezuelanos, na Venezuela, quando os interesses falavam mais alto; mas, quando voltavam a Portugal, lá vinham os da ‘team’ mocassim e os da ‘team’ ‘portas giratórias’ (dos Mesquitas Nunes aos Chernes) dizer cobras e lagartos do “socialismo” venezuelano… e depois lá iam, outra vez, à Venezuela fechar um qualquer acordo com aqueles sobre quem, em Portugal, diziam “nunca mais!”.
Agora, como virgens arrependidas e inocentes pedintes de mão estendida, querem o petróleo da Venezuela, porque o aliado Putin se virou contra eles, e querem-no a qualquer preço, tanto que, para esses patetas, é um escândalo que seja a Venezuela a impor as suas regras na venda do seu petróleo.
Para quem se acha dono do mundo, dos Putins europeus aos norte-americanos desde sempre putinistas, deve ser um forte revés no ego construído ao longo do último século, ter de implorar de joelhos ao regime venezuelano pela subsistência dos povos norte-americano e europeu. E, confesso, dentro da tragédia, até tem a sua piada. É o inferno de Dante para essa gente.
É bem feita!
Adesão à UE: a mentira que estamos a vender à Ucrânia
Andamos a vender uma mentira aos ucranianos. A mentira de um sonho europeu que está a anos, décadas de distância, isto se algum dia a Ucrânia reunir as condições necessárias para conseguir a adesão. A menos que a União decida ignorar as regras, o que não é bem o seu estilo. Isto se não considerarmos os resgates da economia italiana, que não se chamam bem resgates. Resgates é para PIGS como Portugal ou Grécia. Para cães grandes do G8 usa-se um eufemismo qualquer que agora não me ocorre.
O processo de adesão, que é longo, tem várias etapas e exige uma série de garantias, não será acelerado, por dramática que seja a situação na Ucrânia. Não será nem pode ser. Porque é contrário às regras europeias, porque abre um precedente perigoso e porque a Ucrânia não está perto de cumprir os necessários requisitos. E ao contrário daquilo que alguns defendem, creio que não teria qualquer impacto prático na invasão em curso. Quanto muito aumentaria a probabilidade de alargar as fronteiras da invasão e transformá-la numa guerra a sério. E aí é que iríamos ver o que é inflação.
Grato aos russos, aos ucranianos e a todos os soviéticos
Neste Dia da Europa, 9 de Maio, lembro sempre, gratamente, quem deu a vida para nos livrar do nazismo de Hitler, em particular os mais 22 milhões de soviéticos que pereceram, entre os quais os ucranianos. Se hoje vivemos sem o terror nacional-socialista em toda a Europa, não é aos europeus que o devemos, mas sim a quem nos veio resgatar: os soviéticos, em primeiro lugar, e os norte-americanos que, após Pearl Harbor, em boa hora decidiram tomar como deles as nossas dores.
Desde então a Europa tem sido o reflexo do poder dos vitoriosos, divididos entre pró-americanos e pró-russos, sem rumo certo, aos tropeções dos ventos políticos que foram soprando de ambos os lados, embora do lado do regime por nós fundado e erguido – a Democracia.
A Europa feneceu após a era colonial “gloriosa”, de seiscentos até ao dealbar do sec. XX, enquanto os novos imperialismos medraram, mas [Read more…]
China pressionada por Biden – Invasão da Ucrânia
Há uns dias atrás, após o logro da 3ª ronda de negociações entre Ucrânia e Rússia, onde esta ousou endurecer as suas posições em vez de as desanuviar, ao declarar que nem a independência da Ucrânia aceitaria, sugeria que uma pressão sobre a China talvez ajudasse a travar aquela horrenda tormenta que se abateu sobre o povo ucraniano.
É que, vejamos, por muito que as sanções económicas estejam a afectar a Rússia, podemos já constatar não são suficientes para demover Putin. De facto, o que está a acontecer é que as suas transacções financeiras, arredadas do sistema “Swift”, estão a ser canalizadas para o sistema “Cips”, controlado pela China, aproximando os dois países rivais desde há séculos.
Daí, ter sugerido que, sendo os europeus um dos melhores clientes de produtos chineses, uma pressão no sentido de afastar a China de um limbo de nem sim, nem não ao massacre da Ucrânia, empurrando-a para pressionar Putin e assim o encurralar, poderia [Read more…]
De uma Negociação de Paz a uma Declaração de Guerra
Sob os auspícios da Turquia decorreu ontem um encontro entre os ministros dos Negócios estrangeiros da Ucrânia e da Rússia para, supostamente, negociar caminhos conducentes a um acordo de fim de guerra. Depois de no dia anterior o Kremlin ter dados sinais de algumas cedências nas suas pretensões, a declaração final de Lavrov intensifica-as, a ponto de tornar inviável não apenas um acordo, mas também o prosseguimento de qualquer ronda negocial.
De permitir a continuidade da independência da Ucrânia, na véspera, passa a exigir que a Ucrânia não se aproxime do Ocidente (adesão à União Europeia), e que a sua riqueza não seja explorada por capitais ocidentais.
Isto é absolutamente inaceitável para ucranianos, mas também para nós ocidentais. A independência de um país não se negoceia, nem se deve sentar à mesa com quem a não pretende reconhecer.
No início desta invasão, o Kremlin começou por dizer que se tratava de uma “operação militar”, ficando agora à vista que ontem, mais não fez do que a DECLARAÇÃO de GUERRA que tinha recusado fazer, cujo objectivo é [Read more…]
Incentivo suicida do Ocidente aos ucranianos
Importa e muito conhecer a História, particularmente a mais recente, para compreender a invasão russa da Ucrânia, mas a interpretação dos factos divide-nos, por fazermos, naturalmente, leituras diferentes.
O que nos deveria exclusivamente interessar neste momento, é como tratar o problema real actual de modo a pararmos a destruição, a morte e a fuga do horror provocados por Putin. Sobre a condenação desta invasão só pessoas muito mal-formadas não o fizeram, mas isso não demove o monstro. Numa guerra não há moral, não há ética, não há humanidade que resista à motivação bélica de quem a pratica. Não se deixem enganar nem iludir: Putin não quer saber de quantos são os que o condenam, de quão forte será a Rússia atingida por sanções económicas. Putin só persegue um objectivo – ganhar esta invasão e sequente ocupação. Nada o desviará desse propósito a não ser que o matem!
Neste contexto, temos uma Ucrânia a que permitimos que sonhasse vir a pertencer à União Europeia e à OTAN e aos ucranianos uma vida democrática e próspera como a que se vive no Ocidente. Acontece que esse sonho que alimentámos aos ucranianos esbarrou com a monstruosidade de Putin escudado no seu imenso arsenal bélico.
Qual é a situação neste momento? Estados Unidos e [Read more…]
Caros senhores da guerra,
Não há imperialismo bom e imperialismo mau.
Existe Rússia, China, EUA, UE e NATO. As ententes da guerra. Espero que se fodam todos bem fodidos.
Só o povo salva o povo.
A paixão assolapada do Governo português pelos investidores estrangeiros
A paixão assolapada do governo português pelo investimento estrangeiro, a qualquer custo, é bem conhecida; seja a negociata dos vistos Gold, seja a Zona Franca da Madeira, seja a entrega de terras para agricultura intensiva ao agronegócio estrangeiro, seja o apego canino à justiça paralela privada para investidores estrangeiros do ISDS (Investor-State Dispute Settlement) – os tribunais VIP exclusivos para investidores processarem os estados.
O governo português tudo faz para abrir as portas ao dinheirinho, mesmo que no fim sejam os contribuintes e o ambiente a pagar a conta.
Aqui fica mais uma notícia que tão bem encaixa nessa tradição servil:
“A Comissão Europeia iniciou acções por infracção contra sete estados-membros da UE por não terem denunciado os tratados bilaterais de investimento intra-UE.
A Comissão Europeia ameaçou remeter a Áustria, Suécia, Bélgica, Luxemburgo, Portugal, Roménia, e Itália para o Tribunal de Justiça Europeu, a menos que suspendam os seus tratados bilaterais de investimento intra-UE (TBI).
Todos os TBI deviam ter sido extintos em 2020, uma vez que foram considerados incompatíveis com a legislação da UE. [Read more…]
Brexit, in theatres
Isto não tem paralelo. Pelo menos na história recente de um reino que é uma potência cultural, económica, militar e, não menos importante, democrática. Não tem. O Brexit foi há dois dias, e os efeitos já se fazem sentir, muito antes do que era expectável, pelo menos para mim. E para muitos outros. E surpreende-me, com toda a sinceridade, a quantidade de negacionistas deste desastre em curso. A quantidade de pessoas que acredita, verdadeiramente, que a escassez de combustíveis e as filas para os postos de abastecimento são uma encenação. Que as prateleiras vazias em inúmeros supermercados são montagem. Que a falta de mão de obra em vários sectores é fake. Que os militares nas ruas a substituir camionistas é algo que nunca aconteceu. O Reino Unido não se vai dissolver, apesar das ameaças dos descendentes de William Wallace, nem se vai transformar num Estado falhado. O UK é too big to fail. Mas que isto é muito grave, e inimaginável há poucos anos, e um dos maiores embaraços da história deste país, é.
Chegou-se a este ponto. Ao ponto de ser necessário abater 120 mil porcos saudáveis, todos os 120 mil impróprios para consumo, porque faltam trabalhadores. Porque os imigrantes que foram demonizados durante a campanha negra do Brexit já não entram ou foram embora. E não há, entre os súbditos de sua majestade, quem queira ocupar as vagas abertas. Na volta anda tudo agarrado ao RSI lá do sítio. Deve ser isso.
Deixem os funcionários públicos em paz
Não compreendo aquela malta que às Segundas, Quartas e Sextas quer mais polícias nas ruas, médicos e enfermeiros nos hospitais e técnicos nos vários sectores da administração pública, e às Terças, Quintas e Sábados rasga às vestes porque existem funcionários públicos a mais. Já é tempo de alguém lhes explicar que não é possível querer tudo e o seu contrário. Os países europeus que ocupam o topo de todos os rankings que interessam têm mais funcionários públicos que Portugal. Muitos mais. Aliás, a esmagadora maioria dos Estados-membros da UE têm mais funcionários públicos que Portugal. O problema não são os funcionários públicos. O problema é critério que privilegia as clientelas partidárias de quem manda, a quem os caciques pagam lealdade e favores com tachos.
A salada de intervenções e a linearidade simplista – em Moçambique
No passado dia 12 de Julho, o Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia aprovou uma missão de treino militar e apoio logístico e financeiro do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para Moçambique – tudo isto com fraca legitimidade democrática, nomeadamente à margem de qualquer debate no Parlamento Europeu.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, veio ufanamente anunciar que a Presidência Portuguesa se “empenhou muito” no “lançamento” da missão de formação militar da União Europeia (UE) em Moçambique (…)”.
Maior o contentamento porque a missão militar será chefiada por um brigadeiro-general do Exército português (Nuno Lemos Pires).
Outra coisa não era de esperar de uma diplomacia que põe as relações entre os chefes acima dos direitos e aspirações dos povos. Numerosas análises já demonstraram que o que se passa em Cabo Delgado tem causas que vão muito além de violência “jihadista” do Estado Islâmico.
Forças do Ruanda, SADC e UE irão agora formar uma “salada de intervenções militares” – como lhe chama a ONG moçambicana CDD (Centro para a Democracia e Desenvolvimento) – e há fundados receios de „que o conflito se agrave e arraste durante anos, à custa da população civil.“
Quantas voltas mais se quer dar a um tratado anacrónico antes de o atirar pela borda fora? Ou: defendam o Planeta, acima do negócio
É a sexta ronda de negociações sobre a modernização do Tratado da Carta da Energia que está a decorrer de 6 a 9 de Julho.
Há mais de um ano que a UE anda, supostamente, a tentar compatibilizar este tratado da última década do século passado, que protege os combustíveis fósseis, com o acordo de Paris. Em vão. São 55 membros e alterações substanciais exigem unanimidade. Informações “vazadas” sobre a anterior ronda de negociações realizada de 1 a 4 de Junho passado, mostram que não há “avanços substanciais“ quanto à eliminação da protecção aos combustíveis fósseis. Países cuja economia depende em grande medida dos mesmos, como o Cazaquistão, rejeitam liminarmente passos para a eliminação da protecção especial (ISDS) a esses combustíveis, largamente responsáveis por emissões com efeito de estufa.
Perante este impasse, a Comissão Europeia parece estar com vontade de “flexibilizar” a sua posição para procurar “possíveis compromissos”, agarrando-se a um tratado obsoleto, que está a bloquear a tomada de medidas dos governos para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, através de tribunais privados exclusivos nos quais as multinacionais exigem indemnizações milionárias, a pagar pelos cidadãos (ISDS). Foi o caso dos Países Baixos, que estão a enfrentar processos de milhares de milhões por terem decidido eliminar progressivamente o carvão para a produção de energia até 2030. [Read more…]
Orbán agradece a “neutralidade” do Estado português
A presidência portuguesa do Conselho da União Europeia termina dentro de poucos dias. Uma semana, para ser mais preciso. Ainda assim, essa curta semana serviu de argumento para que o governo português se recusasse a assinar uma carta subscrita por 12 estados-membros (Espanha, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Estónia, Letónia e Lituânia), que apela as instituições europeias para “utilizar todos os instrumentos à sua disposição para garantir o pleno respeito pelo direito europeu” face à legislação homofóbica aprovada recentemente pelo parlamento húngaro, que vem reforçar o segregacionismo da comunidade LGBT. O governo português, que alegou “dever de neutralidade”, por ainda ocupar a presidência do Conselho da UE, coloca-se, deste modo, do lado do opressor. Porque não existe verdadeira neutralidade quando perante um tabuleiro tão desequilibrado. Existe a coragem ou a rendição. E o governo português, sempre tão alegadamente progressista, escolheu vergar-se ao homofóbico neofascista Orban. Escolheu ceder quando não podem haver contemplações, como o primeiro-ministro holandês deixou hoje claro. E sim, isto deve preocupar-nos. Começam a ser sinais a mais de défice democrático.
A continuar assim, qualquer dia acordamos mesmo em Gilead
No mesmo dia em que a Hungria recebeu Portugal para o jogo inaugural do Grupo F do Euro 2020, o governo de Viktor Orban fez aprovar legislação que proíbe a “promoção” da homossexualidade junto de menores de 18 anos, e a “representação” da homossexualidade e da transexualidade em espaços públicos, no âmbito de um conjunto mais alargado de medidas, alegadamente orientadas para a protecção de menores e para o combate à pedofilia. Entre as medidas, filmes como o Diário de Bridget Jones e a saga Harry Potter serão proibidos a menores de 18 anos, por conterem menções à homossexualidade. O Harry Potter, então, é todo um tratado de ideologia de género. Wingardium LGBT.
Não é preciso ser um rocket scientist para perceber o que está aqui em causa. E o que está em causa é um novo ataque do governo húngaro aos direitos, liberdades e garantias de determinados cidadãos, em função da sua orientação sexual, para assim oprimir e segregar ainda mais estas pessoas, sob o falso pretexto da protecção de menores, demonizando a comunidade através da associação à pedofilia, sem qualquer tipo de fundamento, e tudo isto perante o silêncio cobarde/cúmplice (escolher uma, ou ambas) de uma União Europeia incapaz de fazer cumprir a sua Carta dos Direitos Fundamentais, que proíbe qualquer discriminação com base na orientação sexual. Sempre muito poderoso lobby, o LGBT!
Bielorrússia, Israel e as virgens ofendidas que na verdade são putas
Não foi preciso esperar muito tempo até que aparecesse um representante do PCP, partido que se recusa a condenar o regime totalitário bielorrusso, a dizer que o sequestro do voo da Ryanair é condenável “mas…”. E este “mas”, segundo Lúcia Gomes, dirigente comunista, prende-se com as ligações à direita neo-nazi, nomeadamente ao Batalhão Azov, organização paramilitar e supremacista ucraniana, conhecida pela violência e pela determinação em transformar a Ucrânia numa ditadura de extrema-direita. Protasevich colaborou directamente com o Batalhão Azov e, inclusivé, integrou as fileiras da sua “jota”.
[Read more…]Dia Internacional Contra a Homofobia
Assinala-se hoje, dia 17 de Maio, o dia Internacional Contra a Homofobia.
Em 1990, por iniciativa da Organização Mundial de Saúde, a homossexualidade foi retirada da lista de “doenças e problemas relacionados com a saúde”.
Trinta anos volvidos, as pessoas homossexuais continuam a ser violentadas todos os dias, pelo mundo fora; na própria casa, com a família, na rua, por desconhecidos, na escola por colegas, no trabalho, etc. Em setenta países ainda é “ilegal” ser homossexual e seis países aplicam a pena de morte a quem obstruir a “lei”. [Read more…]
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