Se há falta de políticos, a Standard & Poor’s faz política

A discussão sobre o papel das agências de notação na economia e dos interesses que representam já vai longa. A discussão sobre a influência política destas agências na “política, política” ainda mal começou.

A Standard & Poor’s ameaçou cortar os ratings de 15 países do euro, incluindo a Alemanha e a França. Curiosa é a forma como o aviso foi feito, em forma de comunicado político e com intenções deliberadamente políticas (e económicas, claro), de forma a condicionar a cimeira de líderes europeus:

O alerta – explicado em comunicados separados para cada um dos países – é justificado pela intensificação de situações de stress nas últimas semanas “na zona euro como um todo” e foi deliberadamente lançado antes da cimeira de líderes da zona euro e da União Europeia (UE) de quinta e sexta-feira, assume a agência.

Segundo uma nota com perguntas e respostas sobre esta decisão, a agência diz que a cimeira é “uma oportunidade para os responsáveis europeus quebrarem o padrão” que têm mantido: acordos sobre “medidas defensivas e tomadas aos poucos até agora”.

Também curioso é o facto de instituições e pessoas que preconizam soluções e caminhos diametralmente opostos ( ver declarações de Mário Soares ) convirjam em dois pontos: estes líderes não servem e as suas políticas também não.

Dúvida neoliberal

Ao ler o título do texto do nosso JJC, uma dúvida assaltou o meu espírito: se o povo afirma que “quem dá aos pobres empresta a Deus”, não seria melhor suspender a caridade para não se correr o risco de um dia mais tarde as agências de notação finaceira classificarem as contas de Nosso Senhor como lixo?