Pedido de esclarecimento a Assunção Cristas

Leio a notícia sobre a missa em honra de Amaro da Costa e de Sá Carneiro, mortos por estes dias de Dezembro em 1980. Assunção Cristas, a líder do CDS, esteve presente e, diante dos microfones, entre outras coisas, declarou que os dois políticos “deram a vida, literalmente, pelo seu país”.

No facebook, a nossa Carla Romualdo faz a pergunta que qualquer jornalista poderia ter feito: «Como assim, “deram a vida pelo país”? Eles sabiam para o que iam?»

Inspirado por estas questões, resolvi enviar a seguinte mensagem de correio electrónico ao CDS:

Sou um dos autores do blogue Aventar e gostaria de pedir que fossem esclarecidas as declarações da senhora doutora Assunção Cristas acerca da morte de Amaro da Costa e de Sá Carneiro, Segundo o que li, a Senhora Presidente do CDS declarou que ambos “deram a vida, literalmente, pelo seu país”.
Assim, tendo em conta que a expressão “dar a vida” implica ter uma noção de que se iria correr um risco, estaria a senhora doutora Assunção Cristas a afirmar que Amaro da Costa e Sá Carneiro sabiam que havia, no mínimo, grandes probabilidades de o avião se despenhar, como, infelizmente, veio a acontecer? Se sim, poderá, ainda, considerar-se que as outras cinco pessoas que morreram no mesmo acidente também “deram, literalmente, a vida pelo seu país”?
Esta pergunta será publicada no Blogue Aventar. A resposta que V. Exas. queiram enviar será, também, integralmente publicada.
Muito obrigado
António Fernando Nabais
Aguardemos, pois.

Sá Carneiro morreu há 30 anos – brevíssima biografia

Francisco Manuel Lumbrales Sá Carneiro nasceu em 1934 no Porto, morreu em 4 de Dezembro de 1980 em Camarate, concelho de Loures.
Licenciado em Direito, exerceu advocacia na comarca do Porto. Entre 1969 e 1973, integrou a Assembleia Nacional, como Deputado independente da Ala Liberal. Foi um dos fundadores do PPD, em 1974, e o seu primeiro Presidente.
No I Governo Provisório, foi Ministro Adjunto sem Pasta. Tentou desde cedo «clarificar» a situação política, vincando, em Novembro de 1975, que era possível e mesmo necessário governar sem o PCP. Esteve na Assembleia Constituinte e foi eleito Deputado nas 2 primeiras Legislaturas da Assembleia da República.
Em 1979, criou a AD, juntamente com o CDS e o PPM. Nas eleições legislativas de 1980, vence com maioria absoluta e torna-se o Primeiro-Ministro. O seu Governo, o VI, ficou marcado pelas difíceis relações com o Presidente da República, Ramalho Eanes.

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