O tesão da inércia: uma caixa de Pandora

Não é a primeira vez. Não há-de ser a última.

Vieram a público, à boleia do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), notícias do envolvimento de diversas figuras de Estado – de primeiros-ministros e ex-primeiros-ministros a ministros e ex-ministros, de ministros a secretários, de secretários a empresários, de empresários a monarcas, de monarcas a presidentes da República – e outros famosos, em crimes de evasão fiscal e branqueamento de capitais.

Tal como aconteceu antes, em escândalos como os Panamá Papers, por exemplo, volta a comprovar-se que os mais ricos e poderosos, quando podem (e porque podem) assentam a sua riqueza e o seu poder sob uma camada de criminalidade económica. Não é novidade, não há-de ser novidade no futuro.

Grassa na política mundial (e Portugal não está imune) a teoria de que será na baixa de impostos que estará o crescimento de certos países. Mas vejamos… porque pagamos tantos impostos? Parece-me óbvio, desde sempre, que a arraia-miúda paga os impostos que os mais abonados nunca pagarão. E como esses, os ricos e poderosos, têm a faca e o queijo na mão (que é como quem diz, todo o dinheiro do mundo), não convém que a carga de impostos seja elevada para estes. Ouço, todos os dias, liberais a exigirem a baixa de impostos… mas nunca os vi a defender o aumento de impostos sobre os multi-milionários. Mas, não sendo elevada a carga de impostos que os milionários e bilionários pagam, os mesmos ainda teimam em não pagar a parte que lhes está atribuída. Funciona assim, o sistema capitalista: “acumula tudo o que conseguires, mesmo que com isso estejas a cometer um ou outro crime económico”; e sejamos sensatos: o sistema neo-liberal vigente permite e incentiva tais comportamentos. [Read more…]