ISDS, terrorismo económico de fato e gravata

Fala-se pouco sobre isto. Tirando a Ana Moreno, que passa a vida a alertar-nos para os perigos do terrorismo económico de fato e gravata. O futuro de democracia está nas mãos deles. À beira deles, os novos fascistas são crianças a brincar no recreio. Com esta gente, todo o cuidado é pouco.

O cheiro a trickle down economics pela manhã

EDP Renováveis, Galp, Jerónimo Martins e vários bancos portugueses, com destaque para BCP e BPI, continuam a anunciar lucros recorde, num ano em que os preços da energia e dos alimentos aumentaram sucessivamente, e em que a banca, que pontualmente resgatamos, e que oferece uma das piores taxas remuneratórias para depósitos a prazo da UE, obteve ganhos fabulosos resultantes do aumento dos juros impostos pelo BCE.

E vocês, também adoram o mercado a funcionar e o cheiro a trickle down economics logo pela manhã?

Teresa Violante explica as consequências do capitalismo selvagem às criancinhas

Na Polónia, a desvalorização do Estado social e dos direitos sociais foi um dos fatores que levou a maioria da população a identificar-se com um projeto assente na corrupção do poder político, no ataque à independência judicial e aos limites ao poder executivo. A degradação do Estado social contribui para a erosão das democracias liberais. Esta é uma lição urgente para a Europa.

O restante artigo está aqui e merece ser lido com atenção. A solução para abater o populismo e os novos autocratas ocidentais e reforçar o Estado Social e combater as desigualdades. Simples assim.

A economia manda, a extrema-direita obedece, os trabalhadores migrantes entram

Vale a pena ler a peça de hoje no Público, que é todo um tratado sobre a hipocrisia da extrema-direita europeia. Ela demonstra, factualmente, que a retórica anti-emigração se está a desmoronar perante a falta de mão-de-obra em sectores estratégicos das economias polaca e húngara.

Sem trabalhadores, com taxas de natalidade baixas e perante o risco de arrefecimento da economia, o discurso xenófobo está agora a moldar-se à realidade e as empresas porta-estandarte dos dois regimes começam a encher-se de asiáticos e africanos de todas as nacionalidades. [Read more…]

Trickle Down Irlandonomics

Lido hoje no site da Euronews: na Irlanda, paraíso neoliberal dos baixos impostos, onde todos vivem felizes e se tropeça na prosperidade tecnológica em cada esquina, 60% dos jovens entre os 18 e os 29 anos pensam emigrar.

Mas… que passou-se?

Passou-se inflação galopante e uma crise no sector imobiliário sem precedentes, que faz com que um país em situação próxima do pleno-emprego tenha cada vez mais pessoas em situação de sem-abrigo.

Que o são porque os seus salários não permitem comer e pagar uma casa.

A situação é tão grave que existem hoje mais pessoas que não conseguem pagar uma casa do que durante a Grande Fome do século XIX. [Read more…]

Salários, produtividade e a voz do dono

BCE: a culpa da subida dos juros é dos aumentos dos salários dos trabalhadores.

CIP: o aumento dos salários deve assentar no aumento da produtividade e não pode ser feito sem essa contrapartida.

Ricardo Reis (economista liberal): os salários acompanham a produtividade. Para os salários subirem, temos que aumentar a produtividade.

 

Palavra da salvação.
Glória a vós, Senhor (do Monopólio)!

O estranho fenómeno da twitterização da vida e do desfasamento das novas gerações

Dizem que são “luxury lovers”, ouvem podcasts sobre economia onde jovens brancos mimados que não entendem um cu de economia debitam alarvidades, nunca abriram um livro nem sabem o que é um “relatório” ou uma “ficha técnica”, rejeitam todo e qualquer meio de comunicação tradicional com a premissa de que é tudo “um lixo”, mas adoram youtubers e tiktokers com discursos vazios de “auto-ajuda” e acham que o MaisLiberdade é o pináculo da “literacia financeira” e da independência (spoiler alert: há gráficos para tudo, consoante o que se quiser mostrar e não, não é independente, é da IL) e que o Ventura até diz as verdades (spoiler alert: um relógio parado está certo duas vezes por dia). Acham que comportamentos racistas, xenófobos ou homofóbicos são mera “liberdade de expressão”, e exercem-na no Twitter ou no Facebook, porque nunca leram a Constituição para perceberem que tais actos são crime, não opinião e que liberdade de expressão é outra coisa.

Admiram o Elon Musk de cada vez que este se peida, acham que o Raul Minh’Alma é o melhor escritor português e o Cristiano Ronaldo é o role-model das suas vidas, consomem Prozis porque vão ficar muito bombados (e assim sempre estão na moda), acham que são os impostos o grande flagelo das sociedades, acreditam piamente que uma taxa plana de 15% num ordenado de 1000€ os vai deixar milionários, são contra taxar as grandes fortunas mas ganham menos de 1000€/mês… e vivem num T1 em Gueifões pelo qual pagam quase um ordenado mínimo, compram na Zara e conduzem um Ford Focus…

Não admira que a Iniciativa Liberal tenha tantos bots que a apoiem, quando vende a política como se de um sonho se tratasse, achando que riqueza é mero sinal exterior de quem “lutou muito para lá chegar”, mas depois quem tem de levar com um barbeiro que cobra 8€ por corte e que paga 600€/mês pelo arrendamento de um espaço comercial, mas que acha que vai ser milionário a trabalhar, na caixa de comentários de um qualquer jornal português sou eu. [Read more…]

Lagarde e a fascinante liberdade dos mercados

Christine Lagarde é uma tecnocrata nascida na política. Foi ministra de Villepin e Fillon, durante as presidências de Chirac e Sarkozy, e daí subiu à primeira, contratada para jogar a CEO no miolo do FMI. Seguiu-se o BCE, onde se encontra hoje a mandar nas finanças dos europeus, sem que 99,9999% dos europeus tivesse uma palavra a dizer sobre isso.

Esta semana esteve em Sintra, poderosa, para nos dizer que os juros são para continuar a subir. Para culpar os trabalhadores e os seus parcos aumentos salariais pelo aumento da inflação. Para avisar os governos que os apoios extraordinários relacionados com a covid e a guerra são para reduzir até desaparecer. Para nos dizer a todos, sem excepção, que temos que empobrecer. E tê-lo feito em Portugal tem um simbolismo que dispensa explicações. [Read more…]

O mérito dos CEO

Pedro Soares dos Santos, CEO da Jerónimo Martins. Fotografia retirada do Jornal Económico.

Noticia o jornal Expresso:

“(…) presidentes executivos já ganham 36 vezes mais do que os trabalhadores.” 

Só se pode concluir uma coisa: continuam as campanhas anti-patrões e, agora, até o jornal Expresso já faz parte da entente socialista-comunista-vuvuzela-Cuba-do-Alentejo.

Faltará pouco para que vejamos Pinto Balsemão de boina e colete numa qualquer Festa do Avante, se este ódio aos grandes patrões continuar.

Mas alguém, no seu perfeito juízo, nos vem dizer que os CEOs das grandes empresas não trabalham trinta e seis vezes mais do que os plebeus que estão sentados nas caixas do hiper-mercado ou dos que lá fazem reposições? Balelas! Vão-me dizer que é mais fácil estar sentado no escritório 4h/dia a ver papéis e a beber um whiskey com gelo e, no resto do dia, frequentar os rooftops enquanto se fazem business e se criam networks de gin na mão a ver o sunset?! Seus invejosos!

Notícias como esta são um ataque directo ao direito que estes desgraçados têm de viver com dignidade nos seus palacetes de milhões. A verdade é que toda a gente tem inveja do sucesso inquestionável destes nunca pobres, mas coitados homens de bem.

Ps. Noutra notícia, na mesma senda: Pedro Soares dos Santos, da Jerónimo Martins, ganha cento e oitenta e seis (186!!!) vezes mais do que os trabalhadores do grupo. Em dez anos a remuneração dos gestores das grandes empresas subiu 47%, enquanto os salários dos seus trabalhadores caiu 0,7%. Já dizia o “outro”: não há almoços grátis.

Rui Nabeiro, um homem extraordinário

Duvido que exista um português tão consensualmente respeitado, reconhecido, admirado e amado como Rui Nabeiro.

E é fácil de perceber porquê.

Rui Nabeiro foi extraordinário pelo império que ergueu, apesar das origens humildes e das dificuldades acrescidas de o construir no interior. Mostrou ao país, de forma irrefutável, que é possível investir com sucesso nos antípodas do litoral.

Mas a singularidade do seu percurso não se esgota nos negócios bem-sucedidos. Empresários bem-sucedidos existem muitos, mas poucos os que o foram e são com a humanidade que Rui Nabeiro sempre demonstrou. Muito poucos. E nenhum lhe chegou aos calcanhares. [Read more…]

Um problema de liquidez

Basta surgir uma brisa mais forte e a banca abana com um “problema de liquidez”. E logo aparece o Estado-papá, para deitar a mão ao menino com os mealheiros dos outros meninos.

Quais meninos?

Vocês sabem: os meninos que vivem acima das suas possibilidades, que têm a ousadia de jantar fora à Sexta e com isso obrigam os banqueiros a fazer negócios ruinosos tipo BPN e BES. [Read more…]

Silicon Valley Bank: mais um desastre capitalista

Na Sexta-feira, dia em que o banco faliu, a agência de notação financeira Moody’s ainda atribuía rating A ao Silicon Valley Bank.

Sim, o banco dos unicórnios, que faliu na semana passada e levou consigo o Signature Bank, conhecido pela ligação ao metaverso das criptomoedas. Outra bomba-relógio que ainda nos vai dar muitas dores de cabeça.

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Ganância, o motor da inflação

Ficou claro que a expansão do lucro tem desempenhado um papel maior na história da inflação europeia nos últimos seis meses.

A frase é de Paul Donovan, CEO da UBS Global Wealth Management.

E deixa igualmente claro aquilo que já todos sabíamos: o principal motor da inflação é o aumento do lucro de certas empresas, que compensam as suas perdas explorando os consumidores.

Os senhores feudais do BCE, reunidos em retiro numa pequena povoação finlandesa, parecem ter chegado à mesma conclusão. Dizem as más línguas que, entre uma sessão de meditação e o chá das cinco, alguém terá apresentado um PowerPoint que revelava um aumento dos lucros de algumas empresas, de certos sectores, quando o expectável seria uma diminuição. [Read more…]

O plano de Xi, presidente do conselho de administração do capitalismo

Xi Jinping, presidente da China e do conselho de administração do capitalismo, apresentou há dias o seu plano para a paz na Ucrânia, em 12 pontos.

Um plano bonito, repleto paz, diálogo, desanuviamento, diplomacia, trocas comerciais, reconstrução e mais uns quantos amanhãs que cantam.

O capítulo sobre a soberania, contudo esconde uma ambiguidade gritante, que pode ser encarada a partir de duas perspectivas: a óbvia, que é a cedência aos interesses russos, e a da realpolitik, que assenta na constatação de que será muito difícil, para não dizer impossível, a Federação Russa abandonar as zonas ocupadas. Como de resto não abandonou a Crimeia, desde 2014, situação com a qual o Ocidente sempre viveu bem. [Read more…]

Supermercados, os novos vampiros do Zeca

Há um aumento exagerado de preços e situações de margem de lucro bruta acima dos 50%.

A frase é atribuída pelo Expresso a um inspector-geral da ASAE que ontem participou numa acção de fiscalização em 38 supermercados do país.

Escusado será dizer de que supermercados falamos. São os vampiros de que nos falava o Zeca. Que comem tudo e não deixam nada. Que inflacionam os preços de forma artificial, aproveitando, com a ganância canalha que os caracteriza, a tempestade internacional. Obrigando não só os pobres, mas também a classe média a passar dificuldades para que os lucros de meia dúzia não sejam beliscados. [Read more…]

Paguem e não bufem


“Portugal devia baixar o IVA como em Espanha!”
, dizem-te os chico-espertos liberais.

Está bem, Ruizinho e Luisinho, está bem. Perante a espiral inflacionista, os liberais, nas suas demais derivações mais ou menos “sociais”, propõem sempre o mesmo. Infelizmente para eles, a realidade desmente-os sempre.

Baixar o IVA pode ter resultado… durante 15 dias. Controlar e tabelar preços dos bens essenciais, taxar lucros abusivos à nossa custa? Não, isso é coisa de extrema-esquerda. Está bem, Ruizinho e Luisinho. Agora paguem e não bufem. Por favor, tirem o “socialista” do nome, tal como a solução da baixa do IVA, isso é publicidade enganosa.

Não esquecemos:

O quarteto que é força de bloqueio e capataz do grande capital.

Ps. É assustador ver como as medidas que a Iniciativa Liberal propõe para Portugal vão falhando, uma a uma, noutros países: em Espanha, no Reino Unido, em El Salvador, nos Estados Unidos da América, na Estónia ou na Lituânia; mas que estes, em Portugal, continuam a crescer nas sondagens.

Ucrânia: calculismo, hipocrisia e um povo que sofre sem solução à vista

Um ano depois, ainda há países europeus a importar produtos russos, contribuindo para o esforço de guerra das tropas invasoras. A indústria dos diamantes sediada em Antuérpia segue intocável. Algumas empresas ocidentais continuam em solo russo, sem que se exija, do lado de cá, qualquer tipo de boicote. E nos paraísos fiscais, a maioria controlada ou parte integrante do território de países como o UK, o business segue as usual. And the list goes on and on.

Um ano depois, não conseguimos bloquear a economia russa. O sofrimento do povo ucraniano, e de tantos outros povos, continua uns degraus abaixo dos interesses económicos da elite global. Na guerra como na paz, o capitalismo é quem mais ordena. Muito dano foi causado, é certo, mas pouco teria acontecido sem pressão popular. A democracia, com todos os seus defeitos, continua a ser o melhor sistema. Não admira que os ucranianos também o queiram. [Read more…]

De Espanha chega o aviso….

O jornalista António Moura, na sua página de facebook, abordou quatro artigos do El Pais deste fim de semana, citando-o:

“Quatro artigos do El País de hoje (título+introdução) sobre os tremendos problemas com que estamos confrontados. Não, não é so em Portugal! E, estes sim, são problemas graves. Pode ser que a minha geração escape ao tsunami que aí vem… Mas as gerações que vêm atrás vão-se lixar, e muito, a menos que se mude o paradigma económico. Lê-se no primeiro artigo que “a crise orçamental dos Estados” é uma das causas. Mas a mim parece-me que o problema de fundo reside na própria natureza do sistema capitalista, crescentemente iníquo. Há um problema grave com a distribuição da riqueza.

1 — Estado de bienestar: historia y crisis de una idea revolucionaria: La idea de proteger al ciudadano desde la cuna hasta la tumba está en apuros. Una de las causas es la crisis presupuestaria de los Estados, con una población envejecida sostenida por menos trabajadores en peores condiciones.

2– La sufrida clase media-baja es cada día menos media y más baja
La tenaza económica aprieta a las familias modestas: los Ruiz-Medel aguantan recortando gastos gracias a la estabilidad laboral. Los Pardal-Pérez acabaron ahogados en deudas y pidiendo comida.
3– La masiva manifestación por la sanidad en Madrid se revuelve contra Ayuso
Los manifestantes, 250.000 según la Delegación del Gobierno, protestan contra el “empeño” del Gobierno regional en “desmantelar” la atención primaria y en apoyo a la huelga de médicos de familia y pediatras.
4 — Europa discute cómo se jubilan sus ciudadanos
El envejecimiento empuja a los países del continente a aumentar la edad de retiro. Los sistemas de pensiones son muy diferentes, pero todos comparten el reto mayúsculo de acertar en los cambios para ser sostenibles- Europa discute cómo se jubilan sus ciudadanos.

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Putin e o mercado livre

O documentário que passou ontem na CNN, Putin: o Caminho da Guerra, não é apenas claro sobre a natureza totalitária e monstruosa de Vladimir Putin. É todo um tratado sobre a hipocrisia do Ocidente, que sempre soube quem ela era e quais eram os seus métodos, mas preferiu assobiar para o lado.

E porquê?

Para evitar a fuga dos rublos e, sobretudo, para garantir que a economia russa se mantinha perfeitamente integrada nessa ilusão predatória a que chamam “mercado livre”. Porque os interesses das grandes multinacionais europeias e americanas não poderiam ser afectados por temas menores, como os direitos humanos. [Read more…]

Livre circulação de capital

Há uma crise que se agiganta, sem paralelo na história recente, porque afecta todo o planeta, não apenas uma região, e porque vai para lá de dívidas e bolhas, atingindo também a capacidade dos povos mais prósperos de se alimentar e aquecer no Inverno que começa a chegar. Para não falar na fome e na miséria que alastrarão com maior intensidade nas zonas mais pobres do globo, provocadas pela escassez que resulta – também mas não só – do bloqueio que impede a saída de cereais e fertilizantes dos portos ucranianos.

Entretanto, numa realidade paralela, tipo aldeia gaulesa que resiste não às investidas romanas, mas às da crise internacional, o capital flui livremente, ainda que em circuito fechado, para os bolsos dos mesmos de sempre. Wall Street é o seu nome e Outubro foi o seu melhor mês desde… 1976.

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Ainda bem que o Ocidente não se mistura com o totalitarismo chinês

Alguém me sabe dizer se o Hu Jintao já caiu inesperadamente de um 27° andar?


Ainda bem que o Ocidente e o modelo económico capitalista não estão totalmente reféns do capital, da mão-de-obra escrava, das matérias-primas, dos baixos custos de produção e do consumo chinês, sobretudo no turismo e nos sectores de luxo. Se estivessem, poderíamos ter um grande problema para resolver no futuro, à beira do qual a situação actual pareceria uma brincadeira de crianças.

Sorte a nossa, os ocidentais e os capitalistas do bem não se misturam com o totalitarismo comunista chinês. Façam o favor de respirar todos de alívio.

Credit Suisse e Deutsche Bank à beira do colapso porque a maralha voltou a viver acima das suas possibilidades

Crescem as suspeitas de que o Credit Suisse e o Deutsche Bank estarão à beira do colapso. E que o eventual colapso, apoiado na queda abrupta do valor das acções (as do Credit Suisse caíram cerca de 75%, desde Fevereiro de 2021) e na subida à pique dos credit default swaps, para valores superiores aos registados durante a crise de 2008, poderá ter consequências mais desastrosas que a queda do Lehman Brothers.

Lembram-se da queda do Lehman Brothers?

Foi aquele banco americano, ícone maior da superioridade do extremo-capitalismo neoliberal, que se desmoronou e levou com ele a economia mundial. Ou, traduzido para conservador-liberal, o Sócrates a governar e o povinho a comer bifes à maluco. A tradução para facho é parecida, basta acrescentar o termo “vergonha” em qualquer ponto da frase.

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Elon Musk fala putinês

Mas a direita não o tenta cancelar. Porque o fascínio por quem tem muito dinheiro e negócios altamente lucrativos, ainda que financiados com milhões de dólares do Tesouro americano, se sobrepõe SEMPRE a “questões menores”. O mesmo motivo que a faz berrar contra o comunismo para de seguida se transformar num fofinho cachorrinho bebé, quando lhe perguntamos se devemos fechar a porta daa democracias liberais a mão de obra escrava – mas extremamente rentável – que Pequim vende aos seus heróis e financiadores. Talvez a solução seja o PCP convidar Musk para actuar no Avante 2023.

Extrema-capitalista

Liz Truss, antiga avençada da Shell e defensora acérrima do capitalismo na sua forma mais desregulada e predadora, definiu como prioridade máxima, imediatamente após chegar ao n°10 de Downing Street, um enorme corte nos impostos, que tinha como principais destinatários os mais ricos entre os mais ricos. No entender da sucessora de Boris Johnson, tal decisão alavancaria a economia para o benefício de todos. Trickle down economics bullshit all over again.

Notem antes de mais, senhoras e senhores, que cortar impostos a direito, beneficiando as elites e reduzindo as receitas fiscais que permitem ajudar os mais desfavorecidos, é, segundo a narrativa dominante, sinónimo de moderação. Todos sabemos que exigir justiça fiscal é radicalismo a fugir para o extremismo, ali no mesmo patamar que o racismo, a xenofobia, a censura e a perseguição de minorias. A mesmíssima coisa. Tem feito um excelente trabalho pela democracia e pela generalidade das pessoas, esta moderação.

Adiante.

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Contra todas as formas de extremismo

A coragem saiu à rua, em Moscovo e Teerão. Numa e noutra capital, milhares de manifestantes ocuparam as cidades para enfrentar o totalitarismo e foram violentamente reprimidos, presos e torturados. Muitos acabaram mortos. Mais morrerão.

A estes protestos juntam-se outros, um pouco por toda a Europa, dos lesados do capitalismo de guerra, que começa a atirar os do costume para novos patamares de pobreza, que em breve se poderá traduzir em racionamento severos e filas para o pão, enquanto a super-elite, coadjuvada por políticos “moderados”, vê as suas fortunas aumentar para níveis sem precedentes e inimagináveis para o comum dos mortais.

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Ainda bem que não somos os EUA

Luís é um professor português que decidiu visitar Nova Iorque. Tragicamente, sofreu um aneurisma durante a estadia, foi internado e operado nos EUA e adquiriu imediatamente uma divida de 150 mil euros, porque o seguro só cobre até 30 mil.

Não sei quanto a vós, mas democracia americana, com a maior economia do mundo e o pior sistema de saúde público do mundo desenvolvido é, em bom rigor, uma democracia de merda. E o exemplo acabado daquilo que nos acontecerá se nos deixarmos levar pelo conto do vigário neoliberal, que tudo quer privado.

E sim, até o nosso SNS é melhor que aquela porcaria que eles lá têm. Mesmo de rastos, mal gerido e descapitalizado como está agora. Mil vezes melhor.

Mil.

Inflação, direita radical e extrema-capitalista

Tax the rich. Now.

Iniciativa Liberal critica medidas do Partido Social-Liberal

Nunca percebo quando alguém que defende políticas capitalistas, sendo que é o capitalismo que gera as crises, se vem queixar das políticas capitalistas.

Não confundir Mikhail Gorbachev com Mahatma Gandhi

Gorbachev foi uma personalidade marcante, central na definição da nova ordem mundial que resultou do fim da Guerra Fria, e uma das mais importantes na história das relações internacionais do século passado. Não foi, contudo, uma figura consensual, ao contrário daquilo que parece ser a imposição da narrativa, nestes dias em que nos despedimos do último líder da URSS.

Aqueles que celebram o triunfo do capitalismo e da supremacia hegemónica dos EUA, no aftermath da Guerra Fria, destacam o seu contributo para o novo status quo que colocou um ponto final no equilíbrio do terror.

Aqueles que choram a queda do grande bastião comunista e a dissolução do Pacto de Varsóvia relembram a capitulação perante o Ocidente e as atrocidades cometidas no processo de desmantelamento da URSS.

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Taiwan, um peão por sua conta

O resultado prático da visita de Nancy Pelosi a Taiwan foi este: um bloqueio naval e um país sitiado, refém de exercícios militares que, do ponto de vista de Pequim, podem passar de temporários a permanentes, na medida em que Taiwan é território chinês e Pequim dispõe do seu território como bem entende. Do ponto de vista chinês e do ponto de vista da comunidade internacional, que NÃO reconhece Taiwan como um estado soberano. E este é um dos raros casos em que a expressão “comunidade internacional” pode ser usada com substância, sendo que apenas 13 Estados reconhecem a soberania da Formosa. E o único europeu é a Santa Sé, so do your math.

Há quem defenda que Pequim teria já preparado estes exercícios militares há meses, porque estas coisas não se preparam de um dia para o outro. Como não sou especialista em assuntos militares, aceito sem levantar ondas que este desfecho seria igual com ou sem a visita de Pelosi. Mas sem Pelosi, seguramente, não haveria margem para desculpas esfarrapadas. E a speaker do congresso ofereceu uma perfeita a Xi Jinping.

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