O manicómio

Santana Castilho *

O grotesco do caos em que o início do ano lectivo se transformou vai do cómico ao dramático. Sob a tónica da insensatez do desvairado que o dirige, o Ministério da Educação e Ciência assemelha-se a um manicómio gerido pelos doentes. A última paciente, a directora-geral da Administração Escolar, decidiu sambar na cara de milhares de alunos, pais e professores: com a coragem própria dos cobardes, mandou os directores despedirem os professores anteriormente contratados. Sim, esses mesmos em que o leitor está a pensar. Aqueles a quem o ministro Crato (entretanto desaparecido atrás da palavra que não tem) garantiu, na casa da democracia, que não teriam qualquer espécie de prejuízo quando ele, ministro incompetente, corrigisse o enorme disparate para que acabava de pedir a desculpa da nação.

Leio que são 150 nestas condições. Contratos antes assinados, agora rasgados. Como o daquela colega de Bragança, colocada em Constância a 12 de Setembro e reenviada para Vila Real de Santo António a 3 de Outubro. Casa alugada com caução perdida. Filha a mudar de escola outra vez. Confiança no Estado caída na lama, a reclamar, pelo menos em nome da decência mínima e última, que algo aconteça. Porque não se trata da consciência que o ministro não tem. Trata-se da obrigação republicana de quem o nomeou. [Read more…]

Grau zero de um governo

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O que se passa na educação é o último patamar do que se pode esperar descendo a escadaria da qualidade governativa. Erros não assumidos, mitigação da realidade, ausência de responsabilização e tratar 150 pessoas como danos residuais. Acresce alunos sem aulas e professores que estavam ali e vão para acolá.

Para que serve o ministério da educação, com as suas diversas delegações regionais e direcções gerais? Potes para nomeação política. Entrave ao acto de educar. Fonte de infindável burocracia usurpadora de tempo que deveria ser lectivo.

O caos poderá ter interesse para um matemático, como Crato, ou não houvesse até uma teoria para este. Mas nada traz à educação. Feche-se então o ministério da educação, com ganhos para todos. Menos para os tadinhos do pote. Tadinhos.

Um concurso de professores que eterniza a injustiça, divide e corrompe

Santana Castilho *

Pouco a pouco, a Educação nacional vai-se transformando num instrumento da tendência totalitária do Governo, cujo objectivo é produzir cidadãos submissos, que cumpram o desiderato da “ausência de alternativa”. Para isso, a política que emana do Ministério da Educação e Ciência tem sido sistematicamente urdida de modo a conduzir a comunidade académica para um reduto de proletários, que apenas lutem pela sobrevivência. Tratando os professores como menores mentais, que gostaria de confinar a um enorme campo de reeducação, Nuno Crato tem-se esforçado por remover a cidadania da Escola e por vestir a todos o colete-de-forças da burocracia burlesca e do centralismo castrante. Para o homem que odeia as ciências da Educação e lhes chama “ciências ocultas” (que de facto o são por referência à ignorância que sobre elas exibe), tudo o que é anterior ao seu iluminismo é lixo não científico, que trata com a angústia persecutória própria de um teocrata que venera a econometria. [Read more…]

O concurso de professores e seu rabo de fora

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O concurso de mobilidade interna, quadrienal, para professores do básico e secundário trouxe este ano mais uma novidade: há, mas não há, existe mas é um zero.

Tentando explicar a quem está de fora: não se trata de um concurso para “entrar na profissão”, ou que de qualquer forma contemple poupanças ao estado nessa disforme gordura chamada escola pública.  Nada disso: normalmente existiriam milhares de vagas mas que seriam apenas acedidas a quem já está na profissão, e que assim se aproximaria de casa, já que numa tentativa de acabar com o nomadismo da vida docente sucessivos governos deixaram essa hipótese remetida para um de 4 em 4 anos, e vais com sorte. Absolutamente mais nada, a menos que as vagas superassem as 12000 (número que corresponde vagamente ao de professores sem horário na sua escola, mas que não coincide de forma alguma com ausência de horários, ous seja de trabalho), e eis que surgem 600.

Quer isto dizer?  Qual é a ideia, não havendo poupança alguma? Chatear umas dezenas de milhares de pessoas?  Penso que visa duas patifarias conjuntas. [Read more…]

O concurso de professores e os erros informáticos do costume

Não é novidade nenhuma que os concursos para professores sofram do eufemismo designado por erro informático (que tenta despachar para as máquinas as asneiras dos humanos).

Ontem os resultados forma publicados às 10h, mas 10 minutos depois retirados. Valeu que dois blogues (o Professores Lusos e o Blog DeAr Lindo) foram publicando os pdf’s que alguns tinham conseguido descarregar, prestando um serviço meritório e solidário.

Estamos a falar de umas 50 000 pessoas ansiosas por saberem onde vão trabalhar, e sobretudo se vão trabalhar. Mas como na maior parte dos casos são descartáveis o Ministério que só à tarde voltou a colocar as listas online nem uma explicação deu.

Como já foi por aí sugerido, subscrevo a ideia de que para o ano o Ministério enviei as listas directamente para os blogues, que a malta trata do assunto. E não estou a brincar: 50 000 a acederem a um servidor é realmente complicado, e trata-se apenas de seguir o exemplo dos resultados eleitorais, há muitos anos distribuídos por vários órgãos de comunicação social resolvendo-se assim os entupimentos de outros tempos.

Entretanto o dia amanheceu com mais uns 30 e tal mil desempregados. Nada de novo na frente liberal do oeste.