Fátima minha

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      Um caso de James Marlowe, Chico Nelo para os inimigos.

O meu nome é James Marlowe, embora toda a gente me chame Chico Nelo, porque fui baptizado Francisco Manuel. As pessoas não percebem que isso me pode retirar credibilidade como detective privado, mas velhos hábitos são difíceis de matar.

Aquele era um dia igual aos outros, talvez um bocado mais quente. O sol estava abrasador e, apesar do meu esforço por passar despercebido, as pessoas riam-se, quando passavam por mim, e algumas chegavam a inventar piadas sobre o facto de caminhar pela rua de gabardina apertada, como se fosse possível ser-se um verdadeiro detective privado de t-shirt e calções.

Quando cheguei ao prédio onde ficava o meu escritório, acendi mais um cigarro, a fim de estar preparado para subir quatro andares pelas escadas. Antes de entrar, olhei para o edifício onde era obrigado a conviver com a pior escumalha à face da terra: havia ali vários escritórios de advogados e duas sedes de partidos políticos. Iniciei a subida, sempre preparado para o pior, sentindo, ainda, um calafrio na espinha, ao lembrar-me de que me tinha cruzado com dois ministros na semana anterior, o que me fez ficar dois dias com vontade de fazer promessas e quebrá-las, porque apanho doenças com muita facilidade. [Read more…]