As críticas às greves ou a distracção dos democratas

Entre os professores, há um ou vários cismas que não nasceram ontem e que se vão prolongando na paz podre em que aceitam viver há vários anos, acatando tudo aquilo que, desde 2005, é atirado para cima das escolas.

O episódio mais recente correspondeu à greve às avaliações, em que pudemos verificar a existência de, no mínimo, três trincheiras. Numa, esteve (e está) um governo irredutível que rejeita repor o tempo de serviço a que os professores têm direito. Numa outra, estiveram a maioria dos sindicatos e muitos professores que, reivindicando a dita reposição, acabaram por, conscientemente ou não, terminar uma luta que decorria serenamente, inventando várias desculpas esfarrapadas. Finalmente, um sindicato jovem e uma quantidade apreciável de professores que estiveram dispostos a prosseguir uma luta que, ainda assim, continua aquém do fundamental. Pelo meio, a oposição fingiu estar ao lado dos professores.

Acrescente-se que a greve às avaliações foi feita rotativamente, através da criação de fundos de greve, porque – deixemo-nos de lirismos – não é possível um profissional por conta de outrem fazer uma greve prolongada de outra maneira.

Fiz parte do último grupo, sem heroísmos nem arroubos épicos, apenas porque sou incapaz de ambos e porque, de qualquer maneira, as palavras de ordem me parecem, cada vez mais, ruído vazio. [Read more…]