On dit souvent que, depuis Copernic, l’homme souffre de savoir qu’il n’est plus au centre du monde : grande déception cosmologique. La déception biologique et cellulaire est d’un autre ordre : elle nous apprend que le discontinu non seulement nous délimite, mais nous traverse : elle nous apprend que les dés nous gouvernent.
— Michel Foucault “Croître et Multiplier“
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Jonas, jogador brasileiro ao serviço do Benfica e actual melhor marcador do campeonato português de futebol, acaba de dar uma ajuda preciosa, embora involuntária, ao explicar de forma concreta o busílis do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.
Em entrevista concedida ao jornalista brasileiro Tébaro Schmidt, da globoesporte.com (e não globoesportes.com, como se lê na notícia da versão europeia – já lá vamos), o futebolista menciona a maior decepção no Benfica. Efectivamente, a maior decepção.
Os serviços de tradução do jornal A Bola decidiram verter para português europeu esta parte da entrevista e o resultado é o seguinte:
Sem AO90, não é necessário traduzir decepção. Sem AO90, há decepção em Portugal e no Brasil. Com AO90, só há decepção no Brasil. Como o jornal A Bola decidiu aderir ao AO90, dando o seu contributo para a bem conhecida – aqui e alhures – «defesa da unidade essencial da língua portuguesa», eis a necessidade de explicar aos leitores portugueses o significado de decepção, através de uma das muitas aberrações ortográficas (deceção) criadas pelos autores do AO90 (há mais, sim, há mais).
Obrigado, Jonas.
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