O Fado bom e o fado mal fadado

O fado foi reconhecido património imaterial da humanidade pela UNESCO. É bom mas, se fizerem o mesmo em todos os países como por cá fazem os tugas, não adianta grande coisa.

O pessoal embandeira em arco, impa-se, acha-se o centro do universo, orgulha-se de ser um povo admirado pela restante humanidade e ignora que o mundo está cheínho de património imaterial igualmente respeitável (ver lista incompleta e não actualizada), para não referir que a candidatura mais enaltecida pelo comité foi o saber tradicional dos xamãs jaguares do Yuruparí, na Amazónia colombiana (claro que todos sabem isso, está bem de ver, e vão começar a falar respeitosa e elogiosamente, dia sim, dia não, do Yuruparí), que a música mariachi mexicana, a peregrinação ao santuário inca Qoyllurit’i, no Peru, um ritual agrícola de replantio de arroz realizado em Hiroshima, no Japão, uma procissão de cavaleiros realizada na República Checa e um teatro de sombras tradicional chinês entraram na mesma lista de que o fado agora faz parte.

Mas estamos fadados para isto: nos dias de festa ignoramos os outros e achamos que somos os maiores, nos outros dias maldizemos a vidinha, o paísinho que temos e o nosso triste fado.

PS: Outra boa notícia é a reabertura do Hot Club a 21 de Dezembro, com três dias de espectáculos grátis. É aproveitar agora e dar lá um saltinho, que ainda não pagam o novo IVA (aumentado) para a cultura.