A incompetência e a desumanidade do Júri Nacional de Exames

De acordo com esta notícia do Público, uma aluna disléxica não pôde concluir o exame de Língua Portuguesa de 9º ano, porque perdeu o direito à leitura do enunciado por um professor, como recomendado “pela sua escola, pela terapeuta que a acompanha”, o que merecera “um despacho favorável da Direcção Regional de Educação do Alentejo.”

A entidade que decidiu contrariar recomendações e despachos foi o Júri Nacional de Exames (JNE). Argumento? Segundo o JNE, algumas escolas “generalizaram certas condições especiais de realização das provas de uma forma pouco criteriosa, em particular a medida ‘leitura de enunciado por um professor’”.

Este argumento faz tanto sentido como começar a prender cidadãos inocentes porque há outros que cometem crimes.

Infelizmente, esta é uma atitude recorrente nos incompetentes que gerem a Educação em Portugal: quando não sabem o que fazer, inventam uma generalização idiota e não se preocupam em analisar cada caso. Se o fizessem, correriam o risco de permitir que a humanidade presidisse a decisões fundamentais e que afectam a vida das pessoas.

Uma tempestade por uma garrafa de água, sff

Acabam de contar-me uma daquelas histórias que a gente vê a léguas que só podem ser mentira. Contaram-me, imaginem, que este ano os alunos não vão poder beber água durante os exames nacionais. Não pode ser, dizem vocês. Pois, foi o que eu respondi.

Se tivessem acrescentado que isto irá passar-se- num desses países em que o Estado se borrifa para a saúde dos seus catraios, eu era capaz de acreditar. Mas, em Portugal, onde fumar está a um passo de ser criminalizado (tá bem, é exagero mas não será por muito tempo), e onde a Direcção Geral de Saúde até quer ir inspeccionar as casas para saber se há garrafas de lixívia à mão de semear dos pequenos, vê-se logo que é peta.

Ora se há exames (parece que são dois) que chegam a durar 3 horas, e a maioria dos outros 2h30, e se há escolas que não têm ar condicionado, porque o Parque Escolar não chegou para todas, e a muitas a que chegou nem há verba para ligá-lo, proibir os alunos de beber água não andaria longe da tortura, não é?

Também é verdade que isso de as garrafas de águas estarem proibidas não está escrito em lado nenhum, e parece que apenas foi dito pelo presidente do Júri Nacional de Exames, prescrição suficiente para algumas escolas cumprirem.

Mas não, claro, isto é o país dos boatos, inventa-se cada história. Deixar os miúdos fechados numa sala, a fazer um exame de 2h30, sem ar condicionado, em Junho, e sem água? No mínimo, era caso para a Comissão de Protecção de Menores.