O PCP tem razão: o modelo de debates é discriminatório e beneficia PS e PSD, cujos líderes são apresentados como candidatos a primeiro-ministro (algo que, formalmente, nem sequer existe), quando, na verdade, são candidatos a deputados, que é precisamente isso que está em jogo em eleições Legislativas. Primeiro-ministro será aquele que a correlação de forças na Assembleia da República conseguir aprovar. Ninguém vota para primeiro-ministro porque não se elegem primeiros-ministros. Acresce a isto que todos os debates de PS e PSD passam nas generalistas. Todos. Aliás, não há um único debate nas generalistas que não inclua PS ou PSD.
Este modelo de debates peca ainda por outra razão: com a curta duração de 25 minutos (suspeito que o debate entre Costa e Rio será mais longo, o que só virá aprofundar ainda mais a discriminação), é impossível aprofundar uma ideia. Se o debate incluir André Ventura, a perda de tempo é total, na medida em que o candidato da extrema-direita subverte e destrói o debate, por vezes com a conivência do moderador de serviço. Com isto contrasta o tempo dedicado pelos mesmos canais à opinião dos comentadores de serviço. Nada contra que o façam, mas custa-me a perceber como é que um debate é feito a correr, sem tempo para explanar ideias, para depois ficarmos uma hora a ouvir as opiniões dos comentadores sobre o debate.
Não faria mais sentido termos debates mais longos, eventualmente cortando algum do tempo de antena dos comentadores?
Faria, mas o dinheiro que paga a indústria do manufacturing consent não cresce nas árvores.
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