O PCP tem razão

O PCP tem razão: o modelo de debates é discriminatório e beneficia PS e PSD, cujos líderes são apresentados como candidatos a primeiro-ministro (algo que, formalmente, nem sequer existe), quando, na verdade, são candidatos a deputados, que é precisamente isso que está em jogo em eleições Legislativas. Primeiro-ministro será aquele que a correlação de forças na Assembleia da República conseguir aprovar. Ninguém vota para primeiro-ministro porque não se elegem primeiros-ministros. Acresce a isto que todos os debates de PS e PSD passam nas generalistas. Todos. Aliás, não há um único debate nas generalistas que não inclua PS ou PSD.

Este modelo de debates peca ainda por outra razão: com a curta duração de 25 minutos (suspeito que o debate entre Costa e Rio será mais longo, o que só virá aprofundar ainda mais a discriminação), é impossível aprofundar uma ideia. Se o debate incluir André Ventura, a perda de tempo é total, na medida em que o candidato da extrema-direita subverte e destrói o debate, por vezes com a conivência do moderador de serviço. Com isto contrasta o tempo dedicado pelos mesmos canais à opinião dos comentadores de serviço. Nada contra que o façam, mas custa-me a perceber como é que um debate é feito a correr, sem tempo para explanar ideias, para depois ficarmos uma hora a ouvir as opiniões dos comentadores sobre o debate.

Não faria mais sentido termos debates mais longos, eventualmente cortando algum do tempo de antena dos comentadores?

Faria, mas o dinheiro que paga a indústria do manufacturing consent não cresce nas árvores.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    O importante é mandarem umas ideias para o ar, sem as explicarem e fundamentarem, e depois aparecerem aqueles comentadores da treta enviesando o debate, como se o português fosse burro e não ouvisse bem. Um bom exemplo foi o o que aconteceu ontem na SIC, Ângela Silva e Bernardo Ferrão, deplorável, uma espécie de amanuenses de serviço do PSD. Tudo isto após o debate entre Catarina Martins e Rui Rio, a quem o debate correu francamente mal. O líder laranja se vai com esta dinâmica debater com António Costa, “é capaz de ficar nas cordas”.
    Jerónimo de Sousa esteve bem por diversas vezes, menos bem noutras, nomeadamente quando deixou António Costa irritado com a maioria absoluta, tendo o PM necessidade de recorrer à pandemia, para explicar o inexplicável, nem ele nem o PR imaginavam este cenário, e, ao colocar Catarina Martins numa situação desconfortável, e bem, considerando-a infeliz, quando a líder do BE considerou ser António Costa uma carta fora do baralho numa futura Geringonça. Claro que qualquer néscio já percebeu que só poderá haver nova Geringonça com ACosta, pelo menos nesta legislatura. Caso contrário não ha Geringonça nenhuma. Há Bloco Central ou Rio e a extrema direita.

  2. balio says:

    25 minutos não é curto para um debate. Dá perfeitamente para entender ao que cada um vem.
    Tanto mais que boa parte dos debates (exemplo: entre o BE e a IL) são um pró-forma, não têm qualquer interesse, uma vez que são ente campos totalmente antagónicos.
    E tanto mais que alguns dos debates (exemplo: aqueles em que participa o Chicão) rapidamente são arrastados para lutas na lama, em que os dois contendores só tentam falar mais alto que o outro.

    • Paulo Marques says:

      Bom, eu não entendo nada pelos debates. Entendo que a IL quer pintar um mapa com indicadores, por sinal errados, a azul. O PSD quer mudar mantendo tudo na mesma. O PS quer fazer aquilo que não quis fazer. O BE quer fazer coisas sem dizer como. etc O único que entendo é o Coisinho a querer bater em quem menos se pode defender, e quem discorda é tudo culpado sem direito a julgamento.

  3. JgMenos says:

    Costa a deputado!
    Eis uma boa intenção.
    Dêem-me o PedroNS para esta merda bater no fundo de vez.

    • POIS! says:

      Pois devia…

      Ter pedido muito antes. O Pai Natal já passou. Agora só para o ano.

      Mas se pedir o Venturoso Enviado ainda pode ir a tempo. Já se podem fazer saldos outra vez e, uma vez que há recondicionado, está com um grande desconto.

    • Melga says:

      .I.

  4. Filipe Bastos says:

    Claro que o modelo favorece PS e PSD: tudo nesta partidocracia os favorece. Foram eles que a fizeram, são eles que a controlam.

    Além do formato e da duração dos debates, a maior questão: para que servem? Para esclarecer os eleitores? Esclarecer o quê, se nada vincula os políticos ao que dizem?

    Um político promete X. Faz um vistaço no debate. Uma vez eleito, em vez de X faz W, Y ou Z. Que acontece? Nada. Absolutamente nada. Cada um diz o que quiser. Não há validação ou accountability. Os debates, os programas, os comícios, os cartazes, todo este circo é apenas para as eleições. No instante seguinte é lixo.

    E que debate pode esclarecer todas as questões, seja em meia hora ou vinte horas? Como pode um eleitor delegar todas suas decisões com base numa mera conversa entre candidatos, cada qual a dizer as petas que lhe trarão mais botinhos?

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