Entretanto, aqui ao lado, o Povo Saauri

Para surpresa de muitos (os argelinos ainda estão em fúria) o governo espanhol recuou e decidiu reconhecer que o Saara Ocidental como parte integrante de Marrocos (como uma região autónoma). Uma machadada ao Povo Saauri que sempre teve Espanha como aliada. Marrocos controla mais de dois terços do território e propôs um plano de autonomia sob sua soberania. O povo Saauri, por sua vez, quer um referendo de autodeterminação organizado pela ONU. Não querem pertencer a Marrocos.

O governo espanhol do PSOE e do Podemos recuou e aceitou as exigências de Marrocos, depois de meses e meses em que as relações entre os dois países estiveram tensas porque Espanha, em 2021, recebeu o líder da Frente Polisário, Brahim Ghali, para ser hospitalizado. O Saara Ocidental é uma antiga colónia espanhola que foi abandonada à sua sorte e que Marrocos procurou sempre tomar como sua contra a vontade da maioria da população local.

Atenção ao que se vai passar nos próximos tempos com a Argélia (o fornecedor de gás de Espanha e Portugal) e vamos ver se ainda não vai sobrar para Portugal. Uma coisa é certa, a autodeterminação do Povo Saauri sofreu, injustamente, mais um revés. E ainda nem percebi o que vai fazer o Podemos (o Bloco de Esquerda espanhol) perante esta decisão do seu próprio governo…

O Irmão Mais Novo de Timor Leste

Estou completamente de acordo com este poste do J. Mário Teixeira e saúdo-o por aqui recordar a efeméride.

Isto das causas tem tanto que se lhe diga que, com um Timor-Leste aqui à porta -o Saara Ocidental- todos fecham os olhos e negoceiam alegremente com a “Indonésia” do caso. Porquê? Porque há demasiados interesses comuns e muito investimento em casa de um ocupante que também é um vizinho importante.

E porque é que eu, ao ler estas declarações, me lembro do mestre a ganhar tempo, a emperrar negociações e empurrar peças de xadrez com a barriga que era Ali Alatas? E, ao lembrar-me, comparo a Europa que (tardiamente) se solidarizou com Timor com esta Europa que acena e diz que sim, que compreende inteiramente a posição do MNE marroquino, que é preciso dar tempo ao tempo, que a boa-vontade é grande e etc. & tal & rebéu, béu, atirando para as calendas o reconhecimento dos direitos sarauís.

As causas funcionam, claro, mas longe nossa casa, se possível do outro lado do mundo. Ou não somos todos a favor de maior justiça social entre os chineses?