Advertência – o texto que se segue não é propriamente um texto edificante. Menos ainda escrito em português suave, pelo que mereceria talvez uma bolinha vermelha no canto superior direito da página. Depois, não me venham dizer os leitores que não foram avisados. Vamos lá então.
Francisco José Viegas, ex-secretário de Estado da Cultura deste Governo de fedelhos amaricados que governa Portugal, escreveu que, no exacto momento em que um fiscal mais zeloso lhe perguntasse, enquanto consumidor final, pela facturinha do café acabado de tomar, dir-lhe-ia simplesmente: “Vai tomar no cu”. Como era suposto acontecer, logo se insurgiram contra ele as costumeiras almas púdicas. E até o inócuo catedrático da verborreia lusíada, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou, com aquele ar manhoso de tudólogo sonso, que Viegas acabaria apenas por tornar-se conhecido mercê desta reacção tornada pública. Esqueceram-se todos, como muito perspicazmente refere Ricardo Araújo Pereira, que o cu em que Viegas manda tomar não passa de um cu simbólico, “uma metonímia de vários outros cus” bastante mais poderosos, numa espécie de “hierarquia de cus” até chegar ao “cu-mor, responsável último pela ideia da fiscalização das facturas.” [Read more…]
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