Neste caso, Lisboa. A paranoia de andar sempre a tropeçar com o absurdo da injustiça normalizada.
Dois exemplos:
- SUV dominam a cidade, como se estivéssemos no deserto e não houvesse amanhã. O espaço que ocupam, a brutalidade que impõem, a desigualdade que cimentam, os recursos que consomem, a poluição que provocam e o pouco que pagam por tudo isso, à custa dos outros. Porquê?? Enquanto isso, autocarros cheios, sardinhas em lata. Nem um vestígio de discernimento sobre o que seria justo: pagar às pessoas que andam de autocarro, compensá-las por fazerem aquilo que é necessário.
- Frente a uma repartição da AT: uma fila até à rua; só atendem com marcação; Porquê?? Uma funcionária à entrada atende por alto; duas no balcão de trás fazem qualquer coisa nos computadores. Todas respondem como se não fossem pagas por nós e como se não quisessem dar seguimento aos assuntos de quem vem pagar os seus impostos. Um cartaz na parede: Atendimento preferencial: Advogados, solicitadores, agentes de execução, contabilistas certificados. Porquê?? Diz-se que por estarem estas pessoas a agir em representação dos interesses dos seus clientes; E daí? É o seu trabalho, são remuneradas por isso. Já as outras pessoas, os cidadãos “normais” em muitos casos têm de faltar ao seu trabalho para ir às Finanças; pois ainda são penalizadas e subalternizadas. Com que legitimidade se dá um tratamento preferencial a este grupo? Só porque exerceu o seu lobby para se sobrepor ao cidadão “normal”??
A injustiça está entranhada neste sistema, todo ele montado para beneficiar os mais abonados e os turistas. Privilegiar os mais ricos é considerado o normal. A arraia-miúda que se lixe. Como naquela anedota de mau gosto, em que a filha sem pernas pede à mãe que lhe dê uma bolacha da caixa que está em cima da mesa e a mãe lhe diz que vá ela buscar, ao que a filha responde: ó mãe, mas eu não tenho pernas e ao que a mãe contesta: pois se não há pernas, não há bolachas. Pois se és remediado, aguenta.
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