O chamado acordo ortográfico (AO90) assentou em três ilusões: o “critério fonético” (traduzido na expressão “escrever como se fala”), a “simplificação” da ortografia para facilitar a aprendizagem e a uniformização ortográfica do mundo lusófono como meio de criar textos ortograficamente iguaizinhos.
Não foi necessário perder muito tempo a pensar para se chegar, rapidamente, à conclusão de que o “critério fonético” acabaria por impedir a criação de uma ortografia única, cuja inexistência, aliás, já estava patente no texto do AO90, em que se admite que ponto máximo a atingir será o da “aproximação ortográfica”, o que correspondeu a destapar de um lado e tapar do outro. Nada disto, no entanto, tem servido de impedimento para que pessoas investidas de autoridade continuem a mentir, anunciando um futuro em que deixará de haver versões diferentes do mesmo texto ou edições diversas do mesmo livro.
Defender a simplificação de qualquer conteúdo a fim de facilitar a aprendizagem é um logro que serve para desvalorizar a importância do esforço e faz parte de um programa facilitista que está na base, por sua vez, de um processo de desinvestimento na Educação. Ainda por cima, um sistema ortográfico mal concebido e, portanto, incoerente, é fonte de confusão e nunca será fácil de aprender. [Read more…]
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