Quo vadis Grécia? – II

Com posições extremadas dificilmente seria possível alcançar um acordo sem que alguém perdesse a face. A Grécia está como qualquer devedor obrigada a respeitar os compromissos assumidos ou entrará em incumprimento, com tudo o que isso acarreta para o futuro. A única janela possível para um entendimento futuro será uma vitória do SIM em referendo, que as primeiras sondagens parecem projectar, o que permitiria mesmo que falhem o pagamento ao FMI na próxima terça-feira, solicitar o retorno à mesa das negociações. Mas caso esse hipotético cenário se verifique, terá a Grécia governo no dia 6? É que um SIM implica aceitar austeridade, o que deita por terra o programa do Syriza, obrigando Tsipras, Varoufakis e seus pares a governarem com um programa diferente do que apresentaram ao eleitorado e com o qual não concordam. Uma eventual vitória do NÃO significa a saída da moeda única, mas agora legitimada pelos gregos. O que agradará a boa parte do Syriza. A convocação de referendo foi uma forma de resolver em definitivo o impasse, mas também uma jogada arriscada por parte de Tsipras que decide a sua carreira política e talvez até a sobrevivência do próprio Syriza.

Quo vadis Grécia?

Aqui chegados concordo em absoluto com a convocação de referendo na Grécia. Ainda que não subscreva o J.J.C. na verdade o jogo já cansa, caro Jorge, ninguém joga sozinho e haveria que colocar um ponto final em toda esta novela. O programa do Syriza apresentado aos eleitores significava o fim da austeridade. Essa promessa, Tsipras não poderá cumprir qualquer que seja o resultado do referendo. A formulação da pergunta não será indiferente, mas se os gregos optarem pelo sim ao acordo com os credores estarão a desautorizar os negociadores e passar um cartão, veremos se amarelo ou vermelho ao governo. Se votarem não, terão que assumir as consequências, saindo do Euro. Isto caso a consulta aos gregos anunciada para dia 5 venha mesmo a realizar-se, o que não é líquido ainda, mas um acordo de última hora que possa ser considerado aceitável por todas as partes parece agora estar fora de hipótese, apesar dos políticos europeus já terem por diversas vezes mostrado possuir coluna vertebral parecida com uma enguia, principalmente em questões europeias…