Interveio vs. Interviu – A um Presidente de Câmara

interviu

O desejo de escrever esta intervenção surgiu na sequência de uma outra publicada por um Presidente de Câmara Municipal, pessoa que respeito e por quem nutro algum afecto.

Todos nós – à excepção dos linguistas da casa e que todos conhecem – damos alguns «pontapés na gramática». Da mesma forma que eu gosto (ou melhor, não gosto, mas agradeço) de ser corrigida quando pontapeio a língua mater, que às vezes fica dolorosa, venho tentar aqui fazer um bocadinho de serviço público.

Vamos lá aos esclarecimentos:

Interviu não existe, uma vez que o verbo no infinitivo é Intervir. Como termina em «vir», aplica-se a conjugação daquele verbo (eu intervenho (Presente do Indicativo), ele interveio (Pretérito Perfeito), etc).

Tanto quanto sei, existe por vezes alguma confusão entre o verbo Intervir e o verbo Entrever. Neste último, sim, há a conjugação  terminada em «viu» no Pretérito Perfeito, já que se trata de um verbo formado com «ver» (eu entrevejo (Presente do Indicativo), ele entreviu (Pretérito Perfeito), etc).

E por aqui me fico, já que há quem fale – e escreva – em muito melhor Português. Se me alongar, corro o risco de cometer erros e ser, eu também, chamada à atenção.

 

Dêmos ou demos? Porto Editora aconselha a grafia de 1945

Volto a deambular, indeciso entre o choro e a gargalhada, pela página que a Porto Editora criou para responder a dúvidas frequentes sobre o alegado acordo ortográfico (AO90).

Desta vez, houve duas entradas que me chamaram a atenção: 18. Já não é obrigatório colocar acento em formas do passado como ganhámos? e 21. A forma verbal dêmos do conjuntivo deixa de ter acento?

Em ambas as respostas, os autores remetem para o texto do AO90, o que está de acordo com os objectivos da página, aparentando coerência. Na verdade, o acento nas formas referidas era obrigatório e passou a ser opcional. O leitor acentuou? Está certo. Não acentuou? Está igualmente certo.

No que respeita ao cor-de-rosa, a Porto Editora defende que se possa escrever com ou sem hífenes, contrariando o texto oficial do AO90 e socorrendo-se do VOP, ou seja, quando o chamado acordo ortográfico obriga a que se mantenha a grafia de 1945, o VOP estipula uma dupla grafia, sendo que uma delas estaria sempre errada à luz de qualquer um dos dois acordos ortográficos mais recentes.

A mesma Porto Editora, confrontada com a possibilidade de não se  usar acentos nas formas verbais acima mencionadas, recomenda, agora, que sejam acentuadas, mesmo que o AO90 seja preguiçosamente indiferente a isso. [Read more…]

É preciso aprender a escrever

Vítima de lirismo precoce, Vítor Cunha encerra o poema com “É preciso ireis [sic] todos para a podre gruta maternal de onde em má hora fostes paridos.”

Conjugar o dia dos namorados

Eu namoro, tu namoras…