Graças ao Paulo Guinote tive o duvidoso prazer de assistir a um vídeo em que a ex-deputada Teresa Damásio explicou que os professores portugueses não têm direito a declararem-se cansados, porque, ao contrário de outros de países pobres, têm electricidade, água, dois telemóveis, dois carros (no agregado familiar) e passarão pelo menos um período de férias fora de Portugal. Segundo a mesma senhora, os professores portugueses têm também muita sorte porque Portugal tem fronteiras estáveis há 11 séculos (o que é estranho, tendo em conta que a conquista definitiva do Algarve só ocorreu em 1249, ou seja, há oito séculos).
Exprime-se, portanto, nas palavras desta iluminada, uma teoria geral do cansaço e/ou uma filosofia da reivindicação típica de qualquer caixa de comentários da blogosfera, das redes sociais e das tabernas físicas do país. Em que consistem essa teoria e essa filosofia? No seguinte: enquanto houver alguém que esteja pior do que nós, não temos direito a queixar-nos.
Tendo em conta os pormenores com a que a senhora nos cumula, podemos, aliás, todos, professores ou não, fazer um teste muito simples que nos permite, de uma penada, afugentar o cansaço. O leitor sente-se cansado? Verifique, por favor, se tem electricidade, água, dois telemóveis, dois automóveis e se as fronteiras do seu país são estáveis há alguns séculos. Se estes factores estão reunidos, o leitor pode estar descansado, que não pode estar cansado, desiludido ou insatisfeito.
Teresa Damásio proferiu todas estas inanidades na sua qualidade de administradora do Grupo Ensinus. De 15 de Outubro de 2009 a 19 de Junho de 2011, foi deputada do PS, durante o segundo governo de José Sócrates. É, desde 2009, primeira secretária Mesa da Assembleia de Freguesia de Benfica, eleita pelo PS. De acordo com a sua página do Linkedin, em Setembro de 2011, passou a ser CEO do Real Colégio de Portugal; em Maio de 2013, inicia funções como CEO do Colégio de Alfragide; em Fevereiro de 2016, integrou a Direcção da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo; em Julho do mesmo ano, chegou a CEO do Grupo Ensinus. Tendo em conta esta fonte, a carreira fulgurante de Teresa Damásio no negócio da Educação começa logo após a sua saída da Assembleia da República. Vale a pena, ainda, consultar a sua página pessoal.
O Grupo Ensinus é detido, desde 2006, pelo Grupo Lusófona. O Presidente deste grupo e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ensinus é Manuel de Almeida Damásio. O nome completo de Teresa Damásio é Teresa do Rosário Carvalho de Almeida Damásio.
Estamos, portanto, na presença de uma mulher com poder e com poder, especificamente, sobre vários profissionais da Educação, tendo em conta as instituições de ensino que gere. Dizer disparates sobre a vida dos professores em público não é preocupante (é, até, habitual), a não ser que se possa tomar decisões como deputada e, logo a seguir, como gestora de escolas privadas. De qualquer modo, quem não tem vergonha todo o mundo é seu. Teresa pode, portanto, ser ministra da Educação ou, no mínimo, secretária de Estado.
Está ligada à Escola Privada?
Esse lugar tenebroso onde os professores não se queixam?
Faz lembrar a Coreia do Norte e o Estado Novo, não é, querido?
Uma futura ministra com tiques Salazarista e Marcelista, (não este Marcelo o seu padrinho) descoberto neste últimos dias ..
Continuo a achar que os professores deviam encetar (ou dar prioridade) à luta contra o “eduquês” que está a minar a destruir o Ensino em Portugal.
Se têm razões para estar cansados. Acho que têm, mais do que a maioria das profissões, porque, de facto, têm sido desautorizados sistematicamente, têm visto a sua autoridade minada, têm visto a sua competência sistematicamente posta em causa, e têm visto a sua profissão ser espartyohada por todo o tipo de “derivas ideológicas”, demagogia e burocratização.
Infelizmente, os professores e as suas estruturas, a começar pelo tenebroso “grande líder” sindical, só se têm preocupado com uma coisa – dinheiro. Tivessem satisfeito as reivindicações sobre a contagem do tempo de serviço, e os professores estariam neste momento “descansados” e “satisfeitos”, e tudo o resto seria levado à conta de “faits-divers”. E é isso que me dói.
Defina “eduquês”. É uma palavra que não existe e cujo significado me escapa.
Se quer dizer que os professores devem renegar todo o conhecimento científico produzido sobre educação, o que está a pedir é que os professores acreditem em quê? Em si?
Não há pachorra para os flat earthers da educação. Têm raiva a quem lê e estuda. Têm raiva a quem sabe.
Quem o lê percebe que percebe pouco de professores e educação. É um facilitista.
Sabes que podes contar comigo para tudo o que é duvidoso nestas matérias dignas de um animalário republicano 😛
Claro que sim, és um autêntico Attennorough da fauna deseducativa. Este exemplar é magnífico.
Será que não era interessante e útil esta senhora auferir do salário de um professor,estagnado no mesmo escalão há 11 anos,sem aumentos, e as despesas sempre a inflacionar! Que salário, regalias e mordomias terá esta cidadã comparativamente com as nossas?
Há gente tanta pobre de espírito e humanamente egoísta!
Ó meu morcão, então estás na igreja e não vês os santos ?
Recomendas e bem, o estudo e leitura, pois eu recomendo-te que deixes de ser “analfabeto funcional” e entendas o que lês.
Para não estar aqui a perder mais tempo contigo e para inicio recomendo-te o livro “Maquiavel Pedagogo de Pascal Bernardin”, que duvido que entendas , pois pareces-me um excelente espécime da nossa escola pública ( porque razão achas que o pessoal da “massa” não coloca os filhos na escola pública ?). Lê o livro quantas vezes forem precisas para perceberes o que é “eduquês”
Ana Rita Meyer
o meu comentário era para José Antonio Fundo
Ana