Durante décadas falou-se em construir um novo aeroporto porque era preciso aumentar a capacidade e porque era perigoso ter um aeroporto ao lado da cidade. Consequentemente, o aeroporto de Lisboa seria encerrado.
Por isso, talvez tenha passado despercebido que a actual proposta recorrendo ao Montijo pressupõe que o actual aeroporto de Lisboa continue em operação. Mais, até se planeia a sua expansão. Está tudo explicado no comunicado da Vinci e ainda melhor ilustrado num vídeo produzido pela própria Vinci. Só faltou explicar porque é que o anterior perigo de ter um aeroporto no centro de Lisboa deixou de ser um problema.
Foi publicado na Nature, no passado dia 29 de Outubro, um artigo sobre a subida dos níveis da água do mar e o impacto nas zonas costeiras. A imagem seguinte é a projecção para 2030, portanto para daqui a 10 anos.

Subida do nível das águas – projecção para 2030 (fonte)
Imagens produzidas pela Vinci para ilustrar a localização do aeroporto do Montijo:
Com a imagem seguinte consegue-se vislumbrar perfeitamente o impacto que o aeroporto do Montijo terá no estuário do Tejo. É de sublinhar que é muito diferente ter um aeroporto militar, com alguns voos diários, de um aeroporto comercial com dezenas de voos por hora.
A questão principal é óbvia. Porquê plantar uma obra destas no meio de um estuário, com enormes riscos ambientais e de segurança? Ao que consta, o investimento que a Vinci terá que fazer é muito menor, dada a reutilização das infraestruturas existentes. Este será, por ventura, o ponto central da decisão. Apesar de caber ao Estado a palavra final, o interesse público não parece ser o principal critério de decisão.
- Artigo científico que serviu de base ao mapa: New elevation data triple estimates of global vulnerability to sea-level rise and coastal flooding
- Mapa interactivo
- Vídeo da Vinci ilustrativo do que se planeia para o aeroporto do Montijo
- Comunicado de imprensa da Vinci sobre o acordo assinado com o Governo
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