Pedro Nuno Santos começou a sua comunicação ao país, com cerca de 30 minutos de atraso.
Ainda o Montijo
Num artigo que tresanda a spin para justificar a opção do governo, fica logo claro porque é que Montijo foi escolhido.
Mesmo descontando perdas motivadas pelos anos a mais que demorará a obra, o custo extra de uma infraestrutura construída de raiz, no caso, em Alcochete, ascende a 6 mil milhões de euros. É o quíntuplo do valor que a ANA Aeroportos se comprometeu a investir até 2028 na reconversão da infraestrutura do Montijo e melhoramento e expansão da Portela. O custo de Alcochete ascenderia a 7,6 mil milhões – cujo custo iria necessariamente recair, ao menos em parte, sobre os contribuintes -, em vez dos 1,5 mil milhões no Montijo, assegurado pela ANA e financiado pelas taxas aeroportuárias. [DN]
“que a ANA Aeroportos se comprometeu a investir até 2028”
Esta é a chave para a decisão.
O negócio de Montijo
“Governo já tem proposta para substituir lei que bloqueou aeroporto no Montijo”
Essencialmente, o que António Costa e o seu PS, apoiado pelo PSD de Rui Rio, se prepara para fazer é deixar claro que estamos num Estado onde a lei não é o alicerce da governação mas sim um instrumento para se atingir um fim. Não é propriamente uma novidade mas é de registar que a inversão de valores não é alheia a este executivo. Também mostra bem de que lado está o Governo e não é do lado dos cidadãos.
Sobre o negócio de ocasião para a ANA e a Vinci, pouco há a acrescentar ao que anteriormente se disse. Excepto que é de se sublinhar que os dois submarinos ainda vão dar jeito ali.
Sobre o futuro anexo ao aeroporto de Lisboa, conhecido como aeroporto do Montijo
Durante décadas falou-se em construir um novo aeroporto porque era preciso aumentar a capacidade e porque era perigoso ter um aeroporto ao lado da cidade. Consequentemente, o aeroporto de Lisboa seria encerrado.
Por isso, talvez tenha passado despercebido que a actual proposta recorrendo ao Montijo pressupõe que o actual aeroporto de Lisboa continue em operação. Mais, até se planeia a sua expansão. Está tudo explicado no comunicado da Vinci e ainda melhor ilustrado num vídeo produzido pela própria Vinci. Só faltou explicar porque é que o anterior perigo de ter um aeroporto no centro de Lisboa deixou de ser um problema.
Foi publicado na Nature, no passado dia 29 de Outubro, um artigo sobre a subida dos níveis da água do mar e o impacto nas zonas costeiras. A imagem seguinte é a projecção para 2030, portanto para daqui a 10 anos.
Onde colocar um aeroporto perante a subida do nível das águas do mar?
O degelo dos glaciares, com a consequente subida do nível das águas do mar, está longe de ser um mito – que o digam, por exemplo, os noruegueses.
Sendo um aeroporto uma obra para funcionar durante décadas, onde é que se deve construir um nova infraestrutura destas?
Junto ao nível do mar, obviamente.
Pergunta para bingo
O que é que se há-de fazer com um pedaço de paraíso?
Um aeroporto, obviamente. Stairway to heaven.
Excelência da gestão privada (2)
Depois dos CTT, o aeroporto de Lisboa. Em 132, conseguiu ser o pior.
Novamente, em causa está o argumento que se usou para justificar a privatização (o privado faz melhor) e não se a gestão é pública ou privada. Os maus exemplos não escolhem lados.
[imagem]
Sobre futuro aeroporto do Montijo
Rede para o Decrescimento
No momento em que se anuncia a assinatura de um acordo sobre o modelo de financiamento de um novo aeroporto civil no Montijo entre o Governo Português e a empresa VINCI AIRPORTS, proprietária da ANA , a Rede para o Decrescimento reforça a sua oposição a este ou a qualquer outro projeto de aumento da capacidade aeroportuária no território português. A Rede para o Decrescimento junta-se a uma frente com dimensão internacional (vide rede global ‘Stay Grounded’) de resistência ao incremento da circulação aérea e à prossecução de uma política em tudo contrária à mais urgente necessidade da Humanidade: parar as emissões de CO2 que estão a destruir o nosso ecossistema, visando particularmente aquelas que ficaram de fora do Acordo de Paris, como as provenientes do tráfego aéreo e marítimo, uma exclusão imoral e desastrosa para todos. Os interesses imediatos das multinacionais do sector e as vantagens imediatistas de um tipo de economia sem futuro são os únicos ganhadores anunciados neste processo. [Read more…]
ANA e José Luís Arnaut: a arte da privatização e a gestão privada de excelência
Fotografia via Diário de Notícias
Dezembro de 2012. Em pleno Inverno Austero de Pedro Passos Coelho, o herói contemporâneo da direita que exilou a social-democracia numa gaveta, a agenda neoliberal em funções avançava, triunfante, e dava início a uma das maiores épocas de saldos de sempre, ou, nas palavras do próprio, ao processo de “alienar participações como quem vende os anéis para ir buscar dinheiro“. E enquanto os portugueses enchiam o bucho de bacalhau e bolo-rei, já com os olhos postos na festança do final do ano, o ministro Marques Guedes anunciava a venda da ANA – Aeroportos de Portugal aos franceses da Vinci. [Read more…]
ANA
A dos aeroportos: subidas de preços, falhas na manutenção de sistemas fundamentais, erros de gestão, desorganização. Então eram estas as prometidas maravilhas da gestão privada?
O aeroporto de Lisboa está às portas da cidade e isso é uma mais valia.
Quem chega à Portela é confrontado recorrentemente com tempos inaceitáveis para recolher a bagagem. Foi o que hoje me aconteceu, onde passou uma hora desde que o avião aterrou até que a mala tenha chegado.
É um problema velho, umas vezes mau, outras muito mau. A introdução de duas empresas de handling não melhorou a situação. É endémico. Por oposição, e só para se perceber que é possível fazer diferente, no voo de ida, quando cheguei à recolha de bagagens em Gatwick já a minha mala lá estava.
Outro velho imbróglio é apanhar um táxi. Uma fila enorme, onde se antecipava perto de meia hora de espera. Mas ainda bem que o aeroporto está às portas da cidade, porque isso basta para ser competitivo. Aliás, uma rede de transportes públicos devidamente organizada, à semelhança da existente na generalidade das grandes cidades europeias, seria, como se constata, perfeitamente supérflua.
Ainda bem que este tempo perdido não conta para a produtividade do país. Porque, como se sabe, o problema da produtividade reside em os portugueses trabalharem pouco. Organizar e planear, responsabilidade partilhada pelos políticos que aumentam a carga de trabalho, nada tem a ver. Livrem-nos de termos um horário de 36 horas semanais como têm os moinantes dos ingleses. Ou de gozarmos 30 dias úteis de férias como os preguiçosos dos alemães. Basta ter um aeroporto à mão de semear.
A canção de Ana
Parece-me não conhecer homem nenhum que não tenha uma fada madrinha. Fada madrinha milagreira, que toma conta de nós nos piores minutos da nossa vida, trata de nós e tem a forma de uma fada, apesar de não encantar porque sim, mas por excelentes motivos.
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