Admitam: os imigrantes fazem mais falta que o partido de André Ventura

Raro é o dia em que não lido com indianos, nepaleses, brasileiros e pessoas de outras nacionalidades que chegaram à Trofa nos últimos anos, em busca de uma vida melhor.

Vamos sublinhar já esta parte: em busca de uma vida melhor.

Como aqueles portugueses que começaram a sair daqui quando Portugal era uma ditadura fascista. Fugiam de um regime opressor, fugiam da guerra e da miséria. Os mesmos motivos que levam indianos, nepaleses e brasileiros a fugir.

Ao contrário daquilo que afirma a extrema-direita e a direita radical, coro ao qual se juntou recentemente Pedro Passos Coelho, não se registou qualquer aumento de insegurança, ou mesmo da criminalidade, decorrente da chegada destas pessoas ao nosso país.

É falso e é uma canalhice usar este pretexto para atacar os imigrantes.

E é xenofobia também. [Read more…]

Quem confronta André Ventura com os seus aliados?

Na entrevista que deu à Fox, Trump teceu rasgados elogios a Xi Jinping, que considerou:

Smart, brilliant everything perfect.

Importa estarmos atentos. E questionar os neosalazaristas em ascensão, para lá da instrumentalização da luta dos polícias e da gritaria sobre casas de banho mistas.

A extrema-direita contemporânea, onde se integra o CH, tem um fascínio por líderes autoritários e totalitários. Não admira que Orbán continue a ser o emissário de Putin no Conselho Europeu, de onde regressa directamente para o mesmo bolso onde estão Le Pen, Salvini ou Tino Chrupalla, os amigos de André Ventura. [Read more…]

Putin estende a mão a Trump

Tudo pode ser falsificado. Tal como nos EUA falsificaram as últimas eleições. Através do voto pelo correio.

Vladimir Putin

Ayatollah Trump, o “enviado de Deus”

Evangélicos do Iowa mobilizaram-se para impedir a “crucificação” do “enviado de Deus”. E o ayatollah Trump ganhou as primárias.

A extrema-direita, dos populistas mais básicos e oportunistas aos neofascistas convictos, já avisou ao que vem: não querem fazer nenhuma nação great again. Querem transformar o Ocidente num conjunto de teocracias inspiradas nos regimes totalitários do Médio Oriente.

One step at a time.

Rumo à sharia cristã.

The Handmaid’s Tale da vida real segue dentro de momentos.

Next stop: Republic of Gilead

O novo speaker da câmara dos representantes, Mike “MAGA” Johnson, é um nacionalista cristão. Em 2019 afirmou “Não queremos estar em democracia”. Pragmático.

O muro de Joe Biden

Um dos compromissos eleitorais de Joe Biden, que alegadamente o distinguia de Donald Trump, assentava na total oposição à construção do muro na fronteira sul, para conter a emigração ilegal.

Nem um centímetro de muro, garantia o então candidato democrata.

E o que sucede?

Sucede que, na semana passada, a Casa Branca anunciou a construção de 32km de muro em Starr County, no Texas.

Donald Trump agradece. Vai dar um cartaz muito jeitoso, para campanha que se avizinha.

Trump, Bolsonaro e José Miguel Júdice entram num bar…

No seu espaço de comentário político da passada semana na SIC, José Miguel Júdice fez, com alguma subtileza, um exercício de normalização da extrema-direita, ao colocar, no mesmo patamar, os protestos em França contra o aumento da idade da reforma e os ataques ao Capitólio e à Esplanada dos Ministérios.

O objectivo do comentador, parece-me, não é tanto condenar os protestos em França. É, isso, sim, minimizar duas tentativas de golpe de Estado, nos EUA e no Brasil, despromovendo-os à categoria de protesto inorgânico.

Não perderei muito tempo com a absurda comparação, até porque a considero normal, vinda de um salazarista que integrou uma organização terrorista de extrema-direita. [Read more…]

O calvário de Jesus Trump

Al Capone foi apanhado por evasão fiscal, um crime menor comparado com os restantes.

Donald Trump está prestes a ser apanhado por falsificação de registos comerciais, relacionados com um suborno a uma actriz porno, Stormy Daniels, por serviços sexuais.

E a parte mais engraçada, no meio desta salgalhada, é que este indivíduo, que já deu mostras de ser uma heresia – no sentido cristão do termo – com pernas, é uma espécie de Messias para uma importante fatia dos cristãos americanos e europeus, como é o caso de André Ventura e seus discípulos.

Ou seja, o novo Jesus dos neofascistas é um tipo enterrou a ex-mulher num campo de golfe, que visitava a ilha do Epstein com frequência e usou dinheiro da campanha para fazer a girlfriend experience com uma estrela da indústria pornográfica, com a qual traiu a antiga primeira dama, Melania Trump.

Haverá homem mais cristão que este?

Oremos.

A extrema-direita europeia fala a língua de Putin. Ventura também.

Cito:

Eles mentem constantemente, pervertem factos históricos, levam a cabo ataques constantes à nossa cultura, à Igreja Ortodoxa Russa e a outras organizações religiosas no nosso país.

Vejam o que eles fizeram com os seus próprios povos: a destruição da família, da cultura e da identidade nacional, a perversão, o abuso das crianças e a pedofilia como norma. A norma do seu modo de vida.

Sacerdotes são forçados a abençoar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. E eu quero dizer-lhes: leiam as sagradas escrituras, os livros de todas as outras religiões, está tudo ali. Incluindo que a família é a união de um homem com uma mulher. Mas os textos sagrados são agora questionados. [Read more…]

Joe Biden em visita surpresa a Kiev (c/ video)

Trump rastejou e poliu os sapatos de Putin em Helsínquia, Biden visitou Kiev ao som das sirenes. Goste-se ou não de Biden – e eu não morro de amores por ele – a diferença é inequívoca.

O Partido Republicano convertido em agremiação de extremistas

Joe Walsh é um ex-congressista do Partido Republicano. Que nos alerta para a tomada do partido por extremistas como Trump, DeSantis, Marjorie Taylor Green ou Kari Lake. Que nos alerta para os esquemas desta extrema-direita fundamentalista, que usa o seu poder para dificultar o voto em zonas predominantemente democratas, que vai armada para os locais de voto com o intuito de intimidar os seus adversários, que nunca aceita resultados eleitorais, excepto quando estes ditam a sua vitória e que defendem golpes de Estado e intervenções militares em caso de derrota.

Por algum motivo, para mim incompreensível, é nos exigido que tratemos esta gente como moderada. E ai de quem os trate com eles realmente são: uma extrema-direita fundamentalista, autoritária e anti-democrática. Porque o problema não é a segregação eleitoral, a violência armada, a rejeição da democracia ou o apelo ao golpe militar. O problema são as pessoas LGBT, os pronomes, o wokismo, os impostos e ciência. Não admira que celebrem Putin e rejeitem os valores da democracia liberal.

Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus

Marco Rubio, senador republicano reeleito na Florida, começou o discurso de vitória agradecendo a Deus por lhe permitir estar na América, afirmando, de seguida, que Deus se fez homem através de Jesus, caminhou pela Terra e voltará um dia, e por ele viveremos uma vida eterna.

Não me interessam as convicções religiosas de cada um. Não me dizem respeito. Não me interessa se rezam a Deus, Alá, Buda ou à Mãe Natureza. Interessa-me, isso sim, que a liberdade de culto seja plena. A democracia exige-o

Interessa-me também a laicidade, condição essencial para a existência de um sistema democrático. Ideologias e partidos vão e vêm. Perdem e ganham. Transformam-se e extinguem-se. Já o fundamentalismo religioso não ganha nem perde eleições. Não responde à razão. E, quando toma o poder, entranha-se, corrói e suprime a liberdade. Democracia e teocracia são incompatíveis. Sempre foram, sempre serão.

Segundo a narrativa dominante, Rubio tem um posicionamento ultraconservador. E o ultraconservadorismo tem direito ao seu lugar à mesa da democracia. Quer mais armas na rua, muros nas fronteiras – as mesmas que deixaram entrar a sua família vinda de Cuba – e não gosta de homossexuais. Outros, como é o meu caso, não são apreciam o faroeste, racistas e homófobicos. Não podemos gostar todos do mesmo. Cada um com as suas pancas.

Mas esta instrumentalização da religião, que de resto é prática comum no Brasil e em várias praças europeias, é uma perigosíssima ameaça à sobrevivência e à própria existência das democracias liberais. Com Orbán, Morawiecki e Meloni ainda se vai aguentando. Com a superpotência nuclear nas mãos de gente que professa o nacionalismo cristão e defende o Estado subjugado a religião, é capaz de ser mais complicado de lidar.

Isto, a meu ver, era mesmo como dizia Jesus: a César o que é de César, a Deus o que é de Deus. E a política é dos Césares, não dos sacerdotes. Tal como a democracia, que emana das leis que geram consenso alargado entre os Césares, não da ambiguidade da Bíblia, interpretada de diferentes formas, no tempo e no espaço, à medida das crenças e ambições de cada papa, inquisidor ou falso messias. A Deus o que é de Deus. E de Deus é a fé, a devoção e o culto. Os Césares que se ocupem de assuntos menores, como as leis e a política. Como de resto ensina o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos. De que adianta fazer política com a Bíblia na mão, se depois preferem ler o Bannon?

Ron de Santis, o Trump letrado que vai tirar o sono ao original

Ron De Santis quer ser presidente. O seu discurso de vitória disse-o e a claque presente gritou “two more years”, pese embora o cargo de governador seja para quatro.

Trump terá, finalmente, um adversário de peso: um Trump letrado. Tem o crachá da NRA, debita a narrativa securitária, aprecia a xenofobia e a homofobia, tem populismo para dar e vender e adora meter Deus ao barulho. Seja o grunho ou o educado, os eleitores de extrema-direita ficarão igualmente bem servidos com qualquer um dos Trumps.

Valha-nos o humor, que a política é uma tragédia

Há quase um quarto de hora de publicidade antes do Isto é Gozar com quem Trabalha. Achei importante começar por aqui para enquadrar o impacto do RAP – o gajo que não tem redes sociais – na televisão portuguesa. E a televisão, sublinhe-se, é um bocado como o Facebook: toda a gente diz que está obsoleta, que já ninguém usa aquilo, mas os números dizem o contrário.

Bem sabemos que os humoristas não decidem os destinos do mundo. Nos EUA, antes de ser eleito, John Stewart, Steven Colbert, John Oliver e Conan O’Brien foram implacáveis com Donald Trump. Foi um esforço inglório, mas rendeu quatro anos de boas piadas. Algumas fizeram-se sozinhas.

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Tchau, Bolsonazi

No Brasil, a democracia venceu e o autoritarismo foi derrotado. O autoritarismo, a extrema-direita, o ódio, a milícia, o lobby das armas, os parasitas que querem destruir a Amazónia, os Talibans evangélicos e restantes chalupas. Não sei quanto a vós, mas eu tenho vários motivos para festejar. A menos que a milícia tente um golpe à lá Trump. Fingers crossed.

Os talibans de Varsóvia e o futuro da democracia

O governo polaco quer impor penas de prisão até dois anos para quem for apanhado a blasfemar. Isso mesmo: quem fizer piadas sobre a Igreja Católica vai dentro. Aquela vibe sharia. E a União Europeia, que se apresenta hoje como o último reduto de liberdade e democracia, continua a revelar uma tolerância preocupante com estas manifestações de despotismo e fundamentalismo religioso, sem impor qualquer tipo de consequência à deriva autoritária que é contrária aos seus princípios fundadores. Tal como acontece com Orbán, que há dias fez um discurso tão racista, tão xenófobo que uma colaboradora de longa data se demitiu e acusou o PM húngaro de usar um discurso que não se distingue do nazi.

É mais um teste de resistência às democracias liberais, num momento de profunda fragilidade, de guerra e de provável mudança radical no status quo internacional. Os estragos que o nacionalismo protofascista causou nos últimos anos, e em particular nos últimos meses, da tentativa de golpe de Estado nos EUA à invasão da Ucrânia, poderão facilmente atirar-nos para uma distopia orwelliana, que de resto já se começa a desenhar do outro lado do Atlântico, onde uma guerra cultural e ideológica ameaça o equilíbrio de forças do concerto das nações.

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Fetos abortados usados na produção de energia (e outros sinais de talibanização e demência avançada na América de Trump)

Do que vou lendo por aí, sinto que muita gente não tem noção daquilo que hoje se passa nos EUA. Que acredita que os EUA são o cosmopolitismo de NY ou a vibe hollywoodesca das grandes cidades da costa oeste.

Não é.

Os EUA são hoje uma democracia em profundo declínio, em larga medida fruto da brutal radicalização do Partido Republicano, que sempre teve os seus flirts com extremismos e extremistas.

Podia aqui escrever linhas e mais linhas sobre inúmeros temas, da multiplicação dos tiroteios, sem paralelo à escala mundial, à recente revogação de Roe vs Wade, passando pelo racismo estrutural ou pelo fundamentalismo religioso, que não distingue alguns movimentos americanos da praxis Taliban, mas vou antes pegar num dos grupos que melhor ilustra este estado de alucinação colectiva que parece marcar o início do fim da hegemonia dos EUA: os movimentos “pró-vida”.

Catherine Glenn Foster, uma activista da extrema-direita norte-americana que preside à Americans United for Life, uma dessas organizações radicais travestidas de “pró-vida”, prestou declarações no congresso norte-americano, em Maio deste ano, no âmbito do processo que terminou com a revogação de Roe vs Wade. Sob juramento, Glenn Foster garantiu que as empresas de energia de Washington DC usam fetos abortados para produzir energia:

“Bodies [are] thrown in medical waste bins, and in places like Washington DC, burned to power the lights of the cities’ homes and streets”

E acrescentou:

“Let that image sink in with you for a moment. The next time you turn on the light, think of the incinerators, think of what we’re doing to ourselves so callously and numbly.”

Este discurso absolutamente absurdo, demente e digno do mais radical dos imãs wahhabitas já não é um discurso de franja. É mainstream. É o legado de Trump. E será gravado na campa do Ocidente: aqui jaz a civilização mais avançada de sempre, que decidiu sucumbir à estupidez, à conspiração mais idiota e ao mais arcaico fundamentalismo religioso.

RIP, uncle Sam.

Abortos republicanos

Sarah Huckabee Sanders, outrora porta-voz de Donald Trump, hoje candidata a governadora do Arkansas, quer que as crianças estejam tão seguras no ventre da mãe como nas salas de aula. E diz isto sem se rir.

Liberdade para matar crianças

Esta era a Makeena.

A Makeena tinha 10 anos, andava na quarta classe e foi uma das 19 crianças assassinadas pelo terrorista americano de 18 anos, que há duas semanas fuzilou 21 pessoas na Robb Elementary School, no Texas.

O massacre de Uvalde foi o 30 tiroteio ocorrido em solo americano, ao longo de 2022. Só em escolas do ensino básico e secundário. Se incluirmos universidades, o número sobe para 39 casos. 39 tiroteios em instituições de ensino, em menos de cinco meses. E o massacre de 24 de Maio foi o mais violento e mortal dos últimos 10 anos. Teríamos que regressar a Sandy Hook, 2012, para encontrar um número de vítimas mortais mais elevado.

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Partido Republicano nas mãos da jihad cristã

Um slogan que fala por si.

Na Pensilvânia, a nomeação dos republicanos para governador do Estado recaiu sobre Doug Mastriano, militar na reserva e actual senador estadual.

Apoiado por Donald Trump, Mastriano integra a ala mais radical do partido, sendo conhecida a sua proximidade ao movimento QAnon e outros grupos de extrema-direita.

Recentemente, desempenhou com mestria o papel de caixa de ressonância de Trump para a narrativa da fraude eleitoral, tendo financiado o transporte de centenas de delinquentes envolvidos na tentativa de golpe de Estado a 6 de Janeiro de 2021. Quando a violência tomou conta da ocorrência, porém, Mastriano fez o mesmo que Trump e outros cobardes no local: fugiu.

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Terrorismo supremacista volta a matar nos EUA

Nos EUA, um terrorista de 18 anos entrou no supermercado de um bairro de população maioritariamente negra, matou 10 pessoas, feriu três e transmitiu tudo em directo na Twitch.

Os EUA têm um problema de terrorismo, com origem em organizações e propaganda de extrema-direita, que tomaram o Partido Republicano de assalto desde Trump, onde, de resto, a invasão de Putin colhe inúmeros apoios, do Congresso ao Senado, passando pela Fox News.

Estranhamente, a imprensa do mundo livre insiste em abordar esta realidade como uma sequência de casos isolados, levados a cabo por maluquinhos, como se não fosse possível encontrar um padrão e uma série de responsáveis, com o anterior presidente americano à cabeça, coadjuvado por personagens sinistras como Steve Bannon, Tucker Carlson ou Marjorie Taylor Green.

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Era o mercado a funcionar, estúpido!

Em 2017, a petrolífera Exxon foi multada em 2 milhões de dólares, por violar as sanções impostas por Washington a Moscovo.

O CEO da empresa, à data dos factos, era Rex Tillerson. Acontece que, à data da multa passada pelo Tesouro norte-americano, Tillerson já não dirigia a Exxon. Era o Secretário de Estado dos Estados Unidos. Under Donald Trump.

Os factos remontam a 2014. Dizem respeito a sanções aplicadas pelos EUA à Federação Russa, no contexto da ocupação da Crimeia e da queda do voo da Malasyan Airlines. Sanções que a Exxon violou aquando da joint venture com a Rosneft no mar de Kara.

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Porque é que a comunicação social portuguesa insiste neste frete a André Ventura?

Qual será o motivo que leva ao silêncio de jornalistas, pivots de telejornal e moderadores de debates e os impede de confrontar André Ventura com as suas referências e aliados políticos internacionais?

Porque não o confrontam com os terroristas que há um ano atacaram o Capitólio, directamente incitados por uma das suas grandes referências politicas, quase um líder espiritual, Donald Trump?

Porque não o confrontam com o autoritarismo de Jair Bolsnaro, outras das suas referências, que promove activamente a violência e o ódio contra minorias, jornalistas e opositores políticos, para além de múltiplos envolvimentos do seu clã de carreiristas nos mais variados esquemas de corrupção?

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Encarnação Natalícia

Rui Rio: “Portugal pode voltar a ser grande”

Imagem retirada do Facebook de Alexandre Martins

Rui Rio diz que quer voltar a tornar “Portugal grande”.

Grande? Mas fomos grandes quando? Na altura do tráfico negreiro? Deixe-se de nacionalismos. Sabe bem que não precisa disso para se igualar ao CHEGA, até porque já poucas diferenças existem.

Sr. Rio, Portugal não vai “ser grande outra vez”. Portugal é grande e continuará a sê-lo, e são as pessoas quem o levantam do chão, não é nenhum sentimento de pertença bacoco do tempo da Outra Senhora. E isto, de preferência, sem o senhor por perto.

Ele é tweets populistas sobre a actuação da PJ, ele é opiniões sobre educação depois de já ter dito que “Portugal tem professores a mais”, ele é slogans roubados à extrema-direita norte-americana… E que tal parar de ser demagogo e começar a apresentar o seu programa concreto para o País? Assim não vai lá, Tweety.

A Direita não tem programa? Tem. Mas esconde-o. Porquê? Do que têm medo?

Lock ‘em up!

Jacob Chansley, o chalupa pró-Trump que ficou conhecido por profanar o look old-school do Jay Kay dos Jamiroquai, versão neofascista-conspiracionista, enfrenta uma pena de 51 meses de prisão, que resulta da sua participação na tentativa de golpe de Estado orquestrada por Trump e restante cúpula da extrema-direita norte-americana.

A defesa alega agora que o “xamã QAnon” tem problemas psicológicos, está arrependido e pede a “compaixão do tribunal”. Problemas psicológicos terá, seguramente, ou não faria parte da seita QAnon. O look ainda vá que não vá, que o que não falta nos EUA são tolinhos com looks saídos de um filme do Tim Burton. Já participar numa tentativa de golpe de Estado, ameaçar representantes eleitos (incluindo Mike Pence, então n°2 de Trump) e incentivar a violência é outro campeonato, cujos praticantes, também conhecidos como delinquentes, devem ser encarcerados. Que assim seja. Para ele e para os restantes 660 delinquentes pró-Trump que participaram naquele reality show autocrático do fascista americano.

 

P.S. Por altura da invasão do Capitólio, o cadastrado neo-nazi detido esta semana usou o Twitter para ameaçar o país com a iminência de algo similar em Portugal. Ontem, após ser libertado, Mário Machado concluiu a sua declaração aos jornalistas com a saudação nazi e um “viva a vitória”, versão portuguesa de “seig heil”. É deixá-los andar e continuar a bater na tecla das falsas equivalências. Tem tudo para correr bem.

Abdul Ghani Baradar, o terrorista que Donald Trump normalizou

Abdul Ghani Baradar, actual vice-Emir do Emirado Islâmico do Afeganistão, foi um dos fundadores dos Taliban. Às suas ordens, milhares foram presos, torturados e mortos. Baradar matou, impôs o totalitarismo religioso, oprimiu mulheres e crianças, semeou o terror.

Em 2010, Baradar foi detido na cidade paquistanesa de Karachi. Foi libertado oito anos mais tarde, devido à influência decisiva da administração Trump. O que me leva a afirmar que os EUA estiveram envolvidos na libertação do líder terrorista são as palavras do enviado especial de Washington, Zalmay Khalilzad, que o reiterou. E quem sou eu para duvidar das palavras do enviado de Trump que Biden manteve no cargo.

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O julgamento de Donald Trump, em directo

aqui.

Recessão democrática

No take introdutório do GPS emitido na passada semana na RTP3, Fareed Zakaria apresentou a sua visão sobre aquela que deve ser a prioridade das prioridades da Administração Biden: conter a pandemia. Conter a pandemia, salvar pessoas, vacinar mais e mais rápido, recuperar a economia e mostrar ao mundo que os EUA podem liderar no combate à pandemia e à crise económica, e voltar a ocupar a posição de farol das democracias liberais, reconstruindo alianças estilhaçadas por quatro anos de governação destrutiva, recuperando a credibilidade perdida, redefinindo prioridades diplomáticas, estratégicas e geopolíticas, reafirmando o papel dos EUA no mundo e recolocando o país no centro da política internacional. Uma missão quase-impossível, pelo menos no curto prazo, depois dos estragos causados pelo furacão Trump.

No mesmo programa, David Miliband usou um termo que ouvi pela primeira vez, “democratic recession”, associado não só à governação Trump, mas a toda a onda de populismo oportunista, mais ou menos autoritária, sempre grosseira e arrogante, ideologicamente vazia, no sentido filosófico da palavra, e cuja artilharia pesada consiste na divisão, exacerbada pela construção artificial de um (ou mais) inimigo comum, pela transformação de minorias em bodes expiatórios, para efeitos de distracção, e numa profunda instrumentalização do medo, de feridas mal saradas, do ressentimento e do ódio, como catalisador da violência miliciana.

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Osama Bin Trump e os EUA em Estado de Sítio

Neste momento, o número de tropas dos EUA estacionados no Iraque, Síria, Afeganistão e Somália, todos juntos, não chega a 9 mil efectivos. Em Washington, contudo, o Pentágono prepara-se para colocar 20 mil soldados no terreno, para garantir a segurança da tomada de posse de Joe Biden, num momento em que grupos armados de terroristas de neo-nazis e supremacistas brancos, incentivados e abençoados por Donald Trump, ameaçam dar seguimento ao atentado terrorista da passada semana, contra o Capitólio. Quem diria que a maior ameaça à segurança interna dos EUA, desde o 11 de Setembro, seria protagonizado pelas milícias terroristas pró-Trump?

P.S. Por muito menos, reduzem-se escolas e hospitais a escombros no Médio Oriente.

Trumposfera meltdown: por demências nunca dantes navegadas

Jake Angeli, conhecido no submundo dos chalupas conspiracionistas neofascistas como Q Shaman, é este espécimen que, aparentemente, roubou o chapéu que Jay Kay usava no tempo do Traveling without moving, álbum de excelente memória dos Jamiroquai.

Angeli, que, qual Obélix, parece ter caído no caldeirão do LSD quando era pequenino, apresenta-se como um “ser multidimensional” e afirma ter sido escolhido e enviado pelo seu amigo imaginário Q, uma espécie de profeta da chalupósfera QAnon, para ajudar Donald Trump na luta contra a rede internacional de pedofilia globalista socialista reptiliana do Dr. Belzebu.

Na sequência do atentado terrorista contra o Capitólio, no qual esta espécie rara participou activamente, Jake Angeli foi detido e entrou em greve de fome, por não ter acesso a uma alimentação orgânica. Já tinha ouvido falar de vários tipos de facho, mas um facho que num dia é terrorista e no outro um snowflake é novidade. Pessoalmente, acho que Angeli devia ser mais criativo, como o chapéu que usa: se quer comida orgânica e não encontra na prisão, que cague no pratinho e coma. Sim, eu sei, fui um bocado javardo e demasiadamente gráfico. Não lamento. Se queriam politicamente correcto vieram so estabelecimento errado. [Read more…]