Os professores e os jogadores da selecção nacional de futebol têm algumas coisas em comum, começando, de uma maneira geral, pela nacionalidade e por outros pormenores como membros inferiores e superiores acompanhados por órgãos e vísceras.
Professores e jogadores estão ao serviço do país, esperando-se que todos sejam sérios e exigentes quando desempenham os respectivos papéis. Há uma diferença: os professores não ganham internacionalizações de cada vez que dão uma aula.
A uni-los existe, ainda, o trabalho invisível – uns treinam, outros preparam aulas ou corrigem testes. Há uma diferença: algumas pessoas acreditam que os professores só trabalham o número de horas que passam na escola a dar aulas. De resto, todos sabem que um futebolista passa a semana a preparar-se para os jogos, até porque seria um disparate trabalhar apenas noventa minutos por semana. Curiosamente, até os suplentes que não chegam a sair do banco estão a trabalhar.
Professores e futebolistas viajam a fim de cumprir compromissos profissionais. Fazem-no também em nome da pátria: os atletas, quando representam a selecção, os professores, sempre que se deslocam para as escolas. Há, no entanto, uma diferença: os jogadores da selecção estão livres de despesas, enquanto os professores pagam do seu bolso as deslocações, a alimentação ou o alojamento.
De um lado, temos, então, milionários que não gastam um tostão no cumprimento do seu dever; do outro, temos profissionais fundamentais para o funcionamento de uma nação que pagam para cumprir as suas obrigações.
Não defendo que os atletas que representam o país, seja em que modalidade for, devam pagar as despesas inerentes a esse facto, mas o avião de luxo de Ronaldo e companhia fez-me pensar nas camionetas, nos autocarros nos comboios e nos carros (particulares, claro) que transportam a selecção nacional que ensina os filhos de todos. Parecendo que não, dá que pensar.
Seu grandessíssimo comunista! Deus Nosso Senhor te dê juizinho.
Os professores como funcionários públicos tem imensas vantagens (privilégios em relação ao demais) só pelo facto de serem isso mesmo : funcionários públicos.
Aqui o Nabais não escreve um post a lamentar que um operário fabril para além de um contribuinte líquido fiscal(a contrario do fp), tem direito à reforma mais tarde, a reforma é inferior , não pode faltar ao trabalho por n motivos ( colocar aqui a miríade de motivos que um fp pode faltar ou é dispensado como por exemplo o primeiro dia de escola dos filhos), tem salários mínimo superior, horário de 35 horas , direito a saúde privada (a saúde publica é para os trabalhadores da privada) etc, etc.
No entanto o Nabais toca aqui num assunto que está mal desde a origem.
Nem educação nem o desporto são serviços que devam de ser providos pelo Estado.
Vejamos pois o exemplo dos EUA.
A representação desportiva internacional está a cargo de uma empresa PRIVADA (Team USA) que por esse facto obtém os melhores resultados e não dá origem ao “calimerismo” de privilegiados como se pode ver neste post.
Se os professores estão descontentes do patrão Estado, porque não se mudam para o “privado” ? Ou por problemas cognitivos ou porque estão bem melhor à sombra do Estado protector e pouco exigente no que diz respeito a resultados …
Joana Quelhas
A Joaninha, simplória profissional, deixa aqui um comentário que é um repositório de tretas habituais:
1 – quando alguém aborda um assunto, deveria ter abordado outro. Se há pessoas que ainda estão piores do que os professores, não faz sentido falar dos problemas dos professores. Conclusão: o único assunto legítimo deverá ser o das crianças que passam fome.
2 – o facto de haver quem tenha menos direitos (para os simplório, direitos são privilégios) deve levar à retirada dos que tiverem mais.
3 – a Joaninha tem a crença simplória de que a solução está em privatizar tudo, porque só o Estado é que tem defeitos.
4 – finalmente, o simplório neoliberaloide vem sempre com a treta de que quem critica o patrão ou o sistema deve mudar de emprego. A Joaninha, como tem problemas cognitivos, não sabe é não quer saber que os professores no privado (o paraíso dos neoliberaloides) são explorados até ao tutano.
És muito básica, querida, e, por isso, vês o mundo de modo maniqueísta, como é próprio dos burros ou dos “trolls”.
E é que não é só ela. Aqui o fascista simplório acha que, se o transporte não for pago com dinheiros públicos, mas sim, indirectamente, pelos milhões de amantes do futebol, isso não é da conta do autor, nem minha.
O transporte da selecção nacional não é pago com dinheiros públicos? Essa é nova!
É? Quais são ao certo as fontes de rendimento da fpf?
Os descontos fiscais surgem do éter.
“2 – o facto de haver quem tenha menos direitos (para os simplório, direitos são privilégios) deve levar à retirada dos que tiverem mais.”
Salvo se os que têm mais pertencerem ao 1%. Esses, como sagazmente observou John Kenneth Galbraith, precisam de ganhar mais para trabalharem e criarem riqueza, ao contrário de nós, os outros, que mandriamos por ganharmos demasiado.
Pois diz a Qwelllhhasss…(*)
“Se os professores estão descontentes do patrão Estado, porque não se mudam para o “privado” ? Ou por problemas cognitivos ou porque estão bem melhor à sombra do Estado protector e pouco exigente no que diz respeito a resultados …”
Pois é! Estão descontentes do patrão, descontentes da habitação, descontentes da gasolina, descontentes dos transportes, descontentes de coisas e de loisas…
Num aspeto Vosselência tem razão. O Estado é pouco exigente no que diz respeito a resultados: basta ler as prosas de Vosselência…
(*) Sigo a máxima do Alencar (seja ele quem for…), aqui doutamente trazida por Vosselência: “não mencionar o…Vosselência”.
Por aqui se aquilata a falta que fez à Joanha Quelhas um professor… pois, lá na favela quem é pobre não pode continuar a estudar, faz o curso pelos grupo do ZapZap!
tadinha!
Ui, que paraíso, onde é que assino com esses condições?
Quanto à independência do desporto na américalândia, lá por não precisar de bombardear alguém nesse sector, não faltam apoios directos e indirectos, como em todo o lado.
Não há professores no privado 🤣?! A sério?!
Conhecem alguém que não sendo ou não vivendo com um professor reconheça o trabalho desenvolvido em casa?
Querem saber o maior desgaste emocional, psicológico, … que há na vida de um professor? A campainha toca na última aula do dia e o professor continua a pensar no trabalho, vai tratar das responsabilidades familiares a pensar no que ainda tem que fazer depois do jantar, deita-se a pensar que não conseguiu fazer tudo … e sabem quantos dias no ano isto acontece? Muitos. Muitos. Muitos.
Ser professor… ser professor… ser professor … o tempo não para
Ainda bem que isso só se passa com a classe profissional dos professores. Felizmente nunca passei por isso, sou um privilegiado.
Tem razão – dizer que houve professores que tiveram varicela é o mesmo que dizer que a varicela não afectou pessoas das outras profissões. Obrigado por ter lembrado.
Do longo choro da Maria Ferreira é o que se retira.
“A campainha toca na última aula do dia e o professor continua a pensar no trabalho, vai tratar das responsabilidades familiares a pensar no que ainda tem que fazer depois do jantar, deita-se a pensar que não conseguiu fazer tudo … e sabem quantos dias no ano isto acontece? Muitos. Muitos. Muitos.”
Realmente, só tenho de fazer vénias, eu e todos os outros que picam o ponto e desligam. Vida santa.
(Se quisesse ser demagogo diria que há professores que nem antes da campainha se importam, quanto mais depois. Desgraçados e farsantez há em todas as profissões)
Claro que se passa com mais carreiras, mas continua fazer-se de conta que há 35h de trabalho na fp quando nem isso está em boa parte dos contracto, quanto mais o real.
E, normalmente, é inveja da ainda não derrotada solidariedade de classe.
Se cada um se cingir apenas a valorizar a sua classe profissional, pondo-a no píncaro das atenções, não vamos a lado nenhum. Nem um pedreiro arrisca pôr uma gravata para poder dar aulas, porque não tem competência para tal, nem o professor arrisca sequer vestir um fato de macaco para poder pegar numa talocha e assentar tijolo, pela mesma razão de que lhe falta competência para tal. Posto isto, poderá avaliar-se quem deve ser mais bem remunerado? Há países que valorizam mais os primeiros do que os segundos. Mas em Portugal, como é um país de doutores, dizem que a unidade faz a força.
Realmente, é um disparate os professores falarem das suas condições de trabalho. Os professores deveriam falar apenas das funções que não desempenham e que, de preferência, ignorem. Há países que valorizam mais os pedreiros do que os professores? O Júlio, como é um homem sério, vai voltar a esta caixa de comentários e deixar aqui uma lista. Júlio, dou-lhe os parabéns: os seus comentários continuam a revelar as mesmas qualidades de sempre – é coerência.
COERÊNCIA ATÉ AO FIM, obviamente.
Por mim, todas as profissões devem ser valorizadas, mesmo a dos professores. Mas, se cada um quiser puxar a brasa á sua sardinha, menosprezando os outos, então vamos ter cada vez maiores desigualdades entre as classes profissionais.
Mesmo os professores devem ser desvalorizados? Quanta bondade!
As desigualdades entre as classes profissionais resultam de cada um puxar a brasa à sua sardinha? Aí está um nexo de causa-efeito extraordinário!
É verdadeiramente extraordinário o dislate de pensar que o facto de um profissional falar da sua profissão significa que despreza as outras!
O termo “desvalorizar”, relativo aos professores, é seu e não meu. Sim, há classes que não são valorizadas porque não gritam e, por isso, não são ouvidas, sendo ultrapassadas pelas classes que mais disponibilidade teem para se manifestarem. É só isso.
Tem razão: o “desvalorizar” foi um erro meu. O resto é de rir:
1 – uma classe não deve protestar se souber que outras não têm voz. Ou fala tudo ou não fala ninguém.
2 – os professores têm obtido imensos ganhos, efectivamente.
Cada um só pode protestar por si, não pelos outros. Agora que podia haver solidariedade, podia, até porque depois há quem crie “sindicatos” só para si e para os amigos.
Mas se fosse assim ainda fazíamos como os países de bem, e andávamos a proibir greves e manifestações públicas. Mesmo assim, já faltou mais.