O criminoso papel da igreja católica portuguesa não prescreve

A sociedade portuguesa acordou agora para os crimes de pedofilia no seio da igreja católica portuguesa. Muitos dirão que mais vale tarde que nunca. Outros perguntam qual a surpresa? Quantas histórias deste género fomos ouvindo ao longo dos anos? Como é possível acreditar, depois de tantos e tantos casos conhecidos nos Estados Unidos, na Irlanda, em Espanha e em tantos (todos) outros países onde existe igreja católica, que em Portugal seria diferente? Ou será que a sociedade preferiu fazer de conta? A mesma sociedade que faz de conta (e até acha piada) ao facto de o celibato na igreja ser, notoriamente, virtual.

A questão é complexa? Não, não é uma questão complexa. É uma questão criminal e deve ser tratada como tal com a agravante do papel da igreja na nossa sociedade. E ao ser tratada como tal, não pode ser particularizada no padre A ou no padre B. Não, temos de ir ao núcleo da matéria: a igreja católica e, no nosso caso, a portuguesa. Porque estes casos são uma gota de água da verdadeira realidade. Existe atenuante porque a igreja colaborou com a comissão? Não. A impunidade foi sempre total. Uma instituição que praticou e foi cúmplice com um horror destes, com esta clara desumanidade e o fez de forma reiterada ao longo de dezenas e dezenas de anos (senão mesmo centenas…) não pode usufruir de nenhuma atenuante.

A igreja católica portuguesa teve sempre, ao longo dos anos, um tratamento de favor por parte do Estado. Em tudo. E nem com a democracia e com uma constituição que afirma sermos um Estado laico isso mudou. Que ao menos este caso sirva para a mudança.

A igreja pede para não se fazer uma caça às bruxas e a história mostra-nos que a igreja sabe muito bem o que é uma caça às bruxas. Ninguém exige ou deseja tal. O que se exige é justiça. Porque isto não é um caso isolado mas uma prática reiterada levada a cabo por vários elementos da igreja e que esta nem soube evitar, nem tão pouco afastar e muito menos denunciar às autoridades. A igreja católica portuguesa não soube proteger o seu rebanho e demasiadas vezes foi ela própria o lobo.

O criminoso papel da igreja católica portuguesa não prescreve na memória das vítimas. Que não prescreva o papel do Estado.

Comments

  1. Armindo de Vasconcelos says:

    E que prossiga para outras confissões. O modo como está formatada a formação em ambiente fechado de grande disciplina e proselitismo em todas as religiões potência a tentação para o aproveitamento em ambientes com fragilidades. São conhecidos excessos do budismo, hinduísmo, e quejandos cristianismos dos diversos cismas. Subscrevo o desejo do autor, que o estado e a justiça não se demitam

    • Paulo Marques says:

      Não confunda uma religião com uma instituição que a (supostamente ou não) a practica, por muito que passe bem sem as duas.

  2. JgMenos says:

    O ódio à Igreja vai de par com a normalização da paneleiragem e o questionamento de género promovido nas escolas.

    Tudo isto cheira a podre, e a ignorar-se que sempre a Igreja foi refúgio da homossexualidade execrada pela sociedade.

    Como tudo, neste país de esquerdalhos irracionais, tratar excessos de tolerãncia e de execração por uma mesma medida é a norma.

    • José Peralta says:

      Ó “menos”

      O “ódio” à Igreja toca-te bem fundo ?

      É que a “normalização ” da pedofilia na Igreja católica (ou em outras Igrejas e instituições), É CRIME ! A “paneleiragem” como tu dizes, NÃO É, desde que seja consentida…e entre adultos.

      E não são “excessos de tolerância” o direito à homossexualidade e à igualdade de género, na sociedade moderna, de que tu, não fazes nem nunca fizeste parte, desde o tempo dos Bórgias, da “Santa” inquisição, e do escândalo dos “ballets rose”, onde os “senhores de bem, tementes a Deus, bem casados e papa-hóstias” chafurdavam na lama, enquanto as “senhoras” iam de casaco de peles, fazer abortos ao “estrangeiro”…e depois, iam à missa, de “consciência” limpa, depois da “higiene” aos ovários…

      E todos se safaram ! A condenadas foram “as do negócio”…

      Até o teu amigo ventura, ex-seminarista, oportunista como sempre, vem, “de pantufas”, condenar, não a Igreja, é claro, não a hierarquia cardinalícia que agora faz o acto de contrição, e foi cúmplice e protectora durante dezenas de anos, mas os seus ex-pares, e até advoga para eles, (não faz por menos, o biltre, como é hábito…) a castração química, que sabe que nunca há-de conseguir…mas sabe que “faz efeito”…

      Enquanto lá esteve, não viu nada, não suspeitou de nada, não aconteceu nada…

      Tão “virtuosas” eram aquelas “vocações sacerdotais”, que ele, no dormitório, não deu, nem sentiu, um único apalpão nos tomates !

      Não ! Tu não fazes parte ! És demasiado “velho”, apodrecido no teu ódio insano à Democracia, aos Direitos conquistados a pulso…

      E se alguém aqui “cheira a pôdre”, não são os “esquerdalhos”…

      • JgMenos says:

        Meu ignorante e idiota pseudo_progressista.
        Igualdade de género é a última das calhordices da fauna esquerdalha, inimiga da Ciência e da Humanidade.
        Cretinos da igualdade porque sim, ora fazem de conta que a homosexualidade só aparece na idade adulta ora começam a promover a sua normalidade/ igualdade a crianças em fases de experimentação sexual e até desde antes essa fase; com um condimento suplementar de cómoda diferenciação para a homosexualidade, ninguém engravida.

        A igreja também promoveu a igualdade para todo o género e variante na obtusa negação de sexo; o que a cambada faz em versão que passa da negação à licença.

        Armam-se em mais estúpidos do que o que são, entendendo que o crime de pedofilia define o pedófilo, como se um gesto aloucado definisse um louco.

        Tudo questões de nenhum interesse para os permanentes festejos da cretinice esquerdalha que ocupa o país há quase 49 anos!!!!

        • José Peralta says:

          Ó “menos”

          Pois é ! Comprovas, como se eu não soubesse !És mesmo velho ! És do tempo em que a homossexualidade era crime, os homossexuais eram vítimas de chacota e sevícias por polícias muito “machos, (alguns, em segredo “também abafavam a palhinha”…e a homossexualidade “tinha cura” !

          Onde deves viver bem, é no Islão, onde que condenam à morte homossexuais e delapidam mulheres…

          Pois é ! No tempo em que gostavas de viver, era o do manholas de S.ta Comba, amancebado com a D. Maria, que lhe aplacava os “desejos”. lhe lavava as cuecas, lhe remendava as peúgas e criava galinhas para dar ovos ao sacana…

          Fingiu um “romance” com a francesa, mas foi só para fazer ciúmes à criada, e ao outro biltre, o Cerejeira…com quem vivia “de casa e pucarinho”!

          Era nesta época que gostavas de viver…o teu drama, é que não vives ! E é uma irresistível alegria, ver-te a escoicear, como égua no cio !

          https://ensina.rtp.pt/artigo/o-ideal-feminino-do-estado-novo/

          • JgMenos says:

            Como todo o cretino esquerdalho argumentar significa servir um chorrilho de vómitos do que na cartilha se diz dever ser servido ao inimigo da parvoeira institucionalizada.

        • Paulo Marques says:

          Pois não interessa, o mundo civilizado foi deixando o achismo na idade média, com os seus retrocessos.
          E, depois, indigna-se que lhe devolvam a moeda e achem que é fascista só por transmitir ideias xenófobas, racistas, misógenas mitológicas sem ligar pevide ao conhecimento.
          Umas florzinhas incapazes de lidar que o mundo não gire à volta delas só podiam culpar o mundo inteiro. Metem pena, já nem sequer ameaçam coisa nenhuma, já nem passam de peões facilmente comprados por quem os mantém em baixo.

    • Paulo Marques says:

      Descobrir-se os podres do patriarcado, de facto, cheira a putrefacto. Mas não volta para de baixo do tapete, por muitas teorias da treta que procurem.

  3. Carlos Almeida says:

    O filho do ministro e papista assumido ficou admirado.

    https://sicnoticias.pt/pais/2023-02-14-Abusos-na-Igreja-Marcelo-reconhece-que-a-realidade-e-mais-grave-do-que-pensou-de-inicio-ba6271de

    Quem conhece a Santa Madre Igreja tão bem como ele deveria conhecer, não deveria ficar admirado:

    O panorama actual é:

    Sacerdotes apenas homens e celibatários
    Ausência de sacerdotes mulheres também com família, marido e filhos

    Esta cultura é condição necessária e pelos visto suficiente para o aparecimento de abusos.
    Nas outras Igrejas, na área protestante também haverá de certo casos de pedofilia, mas as condições objectivas para que apareçam são muito menores como prova a diferença do numero de casos entre a igreja Católica e as Igrejas Protestantes.

    Todas estas investigações e castigo dos culpados são importantes, mas enquanto Roma não alterar o celibato dos Padres e deixar igualmente as mulheres entrar para os Seminários e não apenas para os conventos onde vão aprender a ser fieis serviçais dos Senhores Padres, Cónegos e Bispos, nada disto muda.
    Daqui a 50 anos ainda existirão casos de pedofilia.
    Este problema não tem uma solução policial, mas sim uma solução cultural.

    A Igreja de Roma corre o risco de decadência e extinção sem necessidade nenhuma, facilitando o caminho aos Evangélicos tipo IURD e outros, esses sim verdadeiramente perigosos.

    • Paulo Marques says:

      Nem sei se é por aí, se por ser uma sociedade fechada, que só olha para dentro, dogmática, e acima da lei. Até acredito que haja quem, de facto, nem tenha noção do que faz tal a negação da condição humana.

  4. luis barreiro says:

    Grande artigo defensor do Paulinho… pedófilos de esquerda tudo bem, se forem padres tudo mal.

    • Paulo Marques says:

      A fogueira ainda não apagou? Ou era por afogamento, para ser mais moderno?

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading