PSD: Montenegro ainda não percebeu?

Ao longo das nossas vidas fomos conhecendo pessoas. Na nossa rua, na escola, na universidade, no trabalho, etc. Umas parecidas connosco. Algumas muito diferentes de nós. E foram diversos os laços criados. Aliás, seja na rua, na escola ou no trabalho as diferenças existem. Criam-se grupos, existem lados e fazem-se escolhas. É a vida em sociedade.

Quem nunca teve um amigo mais bronco? Daqueles que sabíamos que tanto nos podia deixar perdidos de riso como cobertos de vergonha? Quem nunca? Aliás, quem teve “grupos” de amigos sabe que existia sempre um que era como aquele tio que nos deixa desconfortáveis nas festas de família. Porém, com o tempo, e sobretudo com a seriedade das coisas e dos momentos, a nossa complacência para com o amigo bronco vai desaparecendo. Em princípio pela vergonha perante as suas atitudes e depois pelo nosso sentimento de incapacidade. Não fomos capazes de lhe explicar que a cor da pele, o credo, a ideologia, a orientação sexual não faz das pessoas nem melhores nem piores. Fomos incapazes de lhe incutir os chamados “mínimos de civilização”. E com o agravar dos sintomas a amizade perdeu-se na medida em que a esperança se foi. E essa foge-nos entre os dedos com o passar dos anos. Porque “burro velho não aprende línguas” e nós não podemos estar sempre nem a justificar o injustificável nem em permanente explicação. Não. Primeiro deixa de ser um amigo, depois deixa de ser um conhecido e finalmente transforma-se num activo tóxico.

Esta é a realidade do PSD em pleno 2023. Nem dilema pode ser.

E seja claro, não há linhas vermelhas nem azuis nem amarelas, o que existe é um só caminho: Não se dá a mão a grunhos. Não há espaço para saudosistas de ditaduras, para racistas, para homofóbicos, para machistas ou marialvas de pacotilha. E não, a frase do enganador do Ventura está errada, a frase do PSD deveria ser esta: “Não há governos de direita em Portugal com o Chega!”

Ao longo da sua vida o PSD procurou ser uma espécie de “grande casa do centro direita e direita” em Portugal. O albergue espanhol daqueles que eram conservadores ou liberais ou democratas cristãos ou de qualquer outro grupo de centro direita e direita. E sabia que existiam uns tipos meios raros, os tais aparentados daquele nosso amigo grunho. Nos vários conclaves, melhor dito, nos grandes eventos do partido não era assim tão estranho no meio de toda aquela gente existir uma (ou duas ou três) ave rara que, num corredor ou no bar, entre uns finos, tivesse uma qualquer tirado sobre as maravilhas do tempo da outra senhora ou que arrotasse umas coisas desagradáveis sobre africanos ou ciganos ou sobre o lugar das mulheres. Com o passar dos anos, tal como nos nossos grupos de amigos, o grunho foi-se sentindo rejeitado. As piadas já não resultavam em risadas e o desconforto era notório. Era um activo tóxico. E ele percebeu que estava na hora de se juntar aos seus e partiu.

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