Propor soluções fáceis para problemas difíceis: não é assim que funciona

Não, não é. A castração química não resolve um problema: não resolve a pedofilia. Porquê? Porque nem todos os pedófilos consumam o acto sexual em si, até porque quem pratica a pedofilia tem um problema do foro psicológico que se apresenta como um desvio sexual. Sem querer entrar em pormenores desnecessários, um pedófilo não usa, necessariamente, a penetração como forma de violar alguma criança, pois a pedofilia é mais do que o acto sexual consumado. A castração não retirará o impulso ao pedófilo, que sendo um doente mental, continuará a sê-lo mesmo que castrado. Ou seja: castrar pedófilos não impede pedófilos de o serem, nem tampouco acaba com a pedofilia.

Exemplo: nos países onde existe castração química de pedófilos, continuam a haver crimes de pedofilia.

A solução? Haver mais e melhores redes de captação destas práticas, aposta na prevenção, ensino da sexualidade para que tantos meninos e meninas se saibam defender quando expostas a este nojo, aposta na reabilitação através da aposta na saúde mental. Demora mais, custa mais dinheiro, mas tenho a certeza que será mais eficaz do que propostas avulsas vindas de populistas que, pasmem-se, passam a vida penetrados nas Igrejas (no pun intended).

Propor a castração química de pedófilos como solução mágica para acabar com a pedofilia, seria o mesmo que propor o corte de mãos a quem rouba (o que já foi, aliás, sugerido pelo líder da extrema-direita) ou a lobotomia a quem assassina. Tal como tudo o que rodeia a Igreja, a extrema-direita ainda vive na Idade Média.

Tenho outra ideia: castrar políticos que têm ideias estúpidas.

Para combater o populismo, usemos factos: “Pedofilia: estudos confirmam reincidência baixa”

Comments

  1. Antonio Martinho Marques says:

    São montras para exibir a marca “Ventura, Unipessoal ~ Política e seus derivados”,
    Aliás, este meu comentário já é, de certo e comedido reflexo, resultado da inquinação de tal marca…

    • João L Maio says:

      Eu percebo o argumento e a hesitação perante o “dar palco”.

      Mas, na minha visão, se os deixarmos a falar sozinhos sem haver um contraditório, eles também ganham. No fundo, vistas bem as coisas e perante o panorama actual, eles ganham de qualquer maneira, infelizmente.

      E a culpa também é nossa, dos democratas, que deixamos a política entrar no lodo que é a praia desta gente.

  2. José says:

    Por esse luminoso critério, drogar loucos furiosos é como cortar mãos por ladroagem.

    Esta gentinha não tem noção da decência e do racional!

    • João L Maio says:

      Ó Menos, não precisas de assinar com o teu pseudónimo!

    • Paulo Marques says:

      E, no entanto, nem é uma questão de serem loucos furiosos, nem o pastorinho ou o seu lambe-botas disseram que o queriam obrigatório para o sacerdócio.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading