Duvido que exista um português tão consensualmente respeitado, reconhecido, admirado e amado como Rui Nabeiro.
E é fácil de perceber porquê.
Rui Nabeiro foi extraordinário pelo império que ergueu, apesar das origens humildes e das dificuldades acrescidas de o construir no interior. Mostrou ao país, de forma irrefutável, que é possível investir com sucesso nos antípodas do litoral.
Mas a singularidade do seu percurso não se esgota nos negócios bem-sucedidos. Empresários bem-sucedidos existem muitos, mas poucos os que o foram e são com a humanidade que Rui Nabeiro sempre demonstrou. Muito poucos. E nenhum lhe chegou aos calcanhares.
Rui Nabeiro transformou a pequena Torrefação Camelo na gigante Delta sem sair de Campo Maior. A empresa cresceu, fez nascer outras empresas, dos consumíveis às máquinas de café, e deu emprego a milhares de pessoas e famílias, directa e indirectamente.
Teria ganho mais com o negócio sediado no Porto ou em Lisboa?
Seguramente.
Mas aí seria só mais um. E os homens extraordinários nunca são “só mais um”.
Rui Nabeiro era um homem bom.
Um dos melhores que este país viu nascer.
E era a prova viva de que é possível ser um empresário de sucesso, riquíssimo – em 2022, a Exame apontava-o como 15º mais rico do país, com uma fortuna avaliada em 454,2 milhões – sem abdicar da decência, do respeito pelos outros, da generosidade e da humanidade.
Sem egoísmo ou ganância desmedida.
Sem defender um modelo económico predador.
E sempre pronto para dar de si aos outros.
Rui Nabeiro era uma dor de cabeça para o capitalismo selvagem.
E o exemplo acabado de que o sucesso que poucos alcançam é compatível com uma visão do mundo em que as pessoas estão acima do lucro fácil.
Rui Nabeiro é, a par dos capitães de Abril e de Aristides de Sousa Mendes, a personalidade nacional que mais me marcou. Por tudo o que já referi, pelas pessoas e causas que apoiou, pelo seu imenso coração e por ter-me feito perceber que o capitalismo não é necessariamente um jogo de predadores sem escrúpulos.
Só posso desejar que descanse em paz.
E agradecer-lhe o raro exemplo que nos deixou a todos.
Obrigado, “sô Rui”.
Há que reconhecer que o Rui Nabeiro arranjou a fortuna no Interior do País pois se fosse no Litoral poderia nunca chegar onde chegou.
A fortuna começou com o contra bando de café para Espanha e se estivesse no Litoral isso era quase impossível.
È e será respeitado como qualquer pessoa que com o dinheiro vai comprando a sua própria fortuna.
O Rui Nabeiro, não fez fortuna com as jogados mafiosas dos protegidos da Mumia de Boliqueime e do Banco do PPD.
Trabalhou !
“A fortuna começou com o contra bando de café para Espanha ”
Qual o bando é que ele era contra
Ai não sabia?
Era um perigoso bando (atualmente “gang”, já que foi comprado por uma multinacional) conhecido por “Los Zurraperos”.
Os da Delta apanhavam os gajos, moíam-nos bem moidinhos, misturavam-lhes cacauetes e devolviam à procedência.
….morre o homem.
Fica a obra…!
Um exemplo como Homem e Empresário.
O facto de se ter estabelecido em Campomaior mostra que é possível viver fora das Metrópoles. Bem Portugal precisava.
Que os descendentes não o desiludam.
Por essa razão, por ser um homem “respeitado, reconhecido, admirado e amado” é que a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra lhe atribuiu o doutoramento Honoris Causa. Carpe diem Rui Nabeiro.
Teria ganho mais com o negócio sediado no Porto ou em Lisboa?
Seguramente.
Não creio. Em Lisboa ou no Porto os custos da mão de obra seriam bem mais elevados, a dificuldade em obter autorizações para construir fábricas também.
Nada há de excecional em haver empresas em vilas do interior. O que há de excecional, é havê-las em vilas alentejanas.
Claro. O emprego floresce fora de Lisboa e Porto. As grandes empresas correm para se estabelecerem em Pinhel, Loulé e Vila Real
Quero deixar aqui e agora os meus sinceros pêsames a toda a família, operários e de mais trabalhadores, digo tudo isto, porque conheci pessoalmente o Senhor Rui Nabeiro, e sei, que todos os operários e de mais trabalhadores, sempre tiveram uma enorme afeição por este homem!
Como sabemos a grande maioria dos empresários, nunca se preocupam com os trabalhadores -, mas sim, com os lucros da sua exploração -, a única coisa que têem para vender é a sua força de trabalho!
Aqui fica a minha sentida homenagem…