Eu percebo que o primeiro-ministro não goste de se ver representado como um suíno de lápis enfiados noj’olhos. Eu também não gostaria de me ver assim representado, se bem que me pareço mais com um rato.
Puxar a cartada do racismo, por um lado, desvaloriza todos os reais actos de racismo (que é estrutural, diga-se) e, por outro, atropela todo e qualquer pressuposto da liberdade de expressão (e artística).
Somos todos Charlie Hebdo, mas não caricaturem o primeiro-ministro de Portugal porque isso é racismo. E uma caricatura que representa Hitler com a estrela de Davi, para chamar a atenção para o genocídio do povo palestiniano, é anti-semitismo. E um actor cis-género a interpretar uma personagem transexual é transfobia. E uma escultura em forma de falo pode chocar os senhores padres pedófilos. E isto serve, (também e) sobretudo, para a wokice que, em certas camadas, invadiu os espaços à esquerda.
Relembro o desenho abaixo representado, que indignou muita gente beata, porque Talibans das liberdades há-os um pouco por toda a parte, sejam mais progressistas ou mais conservadores.
Ide.

Imagem retirada do site esquerda.net
É só idiotas no aventar
O Salgueiros está no Aventar… gosto sempre das auto-críticas.
Mas eu não faço parte do restrito clube de amigos donos do Aventar. Não escrevo em italico como os donos disso
O Aventar não tem donos. Ninguém paga ou é pago para escrever aqui. E cá comenta também é “o Aventar”.
Não gosta do texto? Óptimo. Cumpriu o seu propósito.
Peço aqui os Sr. Salgueiros e a outros afins (os giríssimos reaccionários de “esquerda”) que explicitem, de uma vez por todas, qual é o estereótipo sul-asiático que o desenho tem, que é para os ignaros como eu perceberem. Lápis nos olhos? Por parecerem olhos em bico? O homem é goês, não é macaense. Nariz de porco? Caricaturar um indiano como porco é racismo? (se fosse de vaca brahman, ainda tinha alguma lógica, agora um porco, só se fosse muçulmano). Mas então porque é que caricaturar um branco como porco, boi, galinha, gato, cão não é racismo – pelo menos nunca vi ninguém afirmar tal coisa (e bem me lembro do Cid desenhar o Álvaro Culhal de touro). E um africano, esse não pode ser caricaturado de todo, é isso? Porque se eu vou caricaturar um black, vou ter de meter a pele escura, os lábios grossos e o nariz largo, e, isso, já se sabe, é racismo. Em suma: dado que representar pessoas de raças não-brancas de forma caricatural consititui, necessariamente, racismo, e dado que toda a gente está de acordo em que, numa democracia, os políticos são para caricaturar, a única maneira de não haver “racismo” nas caricaturas de políticos é só ter políticos brancos. É isto?
Eu tenderia a concordar consigo… se você não tivesse escrito “Mas então porque é que caricaturar um branco como porco, boi, galinha, gato, cão não é racismo (…)”.
Não existe racismo reverso. A concepção de “raça” como forma de dividir os povos foi criada durante o colonialismo… branco. O racismo em si é um sistema montado por brancos para ostracizar pessoas negras. E é uma estrutura que vem de há séculos para cá.
Discriminação pode haver das duas partes. Mas racismo é só de brancos para negros.
João,
A ideia que a divisão por raças é uma coisa de branco é muito infantil. Há impérios com escravatura ou dominação de umas etnias por outras muito antes da expansão europeia, não foi uma invenção branca. Povos (ou etnias) terem os seus territórios demarcados por fronteiras, que defendem, com guerras de conquista e com os perdedores serem a serem escravizados também é mais antigo que a Sé de Braga e não é uma invenção branca ou europeia. O você escreve não é factualmente correcto: https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_slavery#:~:text=Evidence%20of%20slavery%20predates%20written,that%20made%20mass%20slavery%20viable.
Esta frase: “Mas racismo é só de brancos para negros.” é profundamente apalermada. Não pode haver racismo de brancos para ciganos?
A definição de racismo no priberam é
ra·cis·mo
nome masculino
1. Teoria que defende a superioridade de um grupo sobre outros, baseada num conceito de raça, preconizando, particularmente, a separação destes dentro de um país ou região (segregação racial) ou mesmo visando o extermínio de uma minoria.
2. Atitude ou comportamento sistematicamente hostil, discriminatório ou opressivo em relação a uma pessoa ou a um grupo de pessoas com base na sua origem étnica ou racial, em particular quando pertencem a uma minoria ou a uma comunidade marginalizada.
De onde se pode concluir que sim, o racismo é uma estrada de duas vias e pode ( e há) racismo em todas as etnias. O facto dos antepassados de alguém terem sido maltratados não é salvo conduto para descriminar na atualidade.
Não é infantil, é história básica, as raças são uma invenção do pré-modernismo começadas pelo argumento religioso da bula papal, mas depois alimentadas e muito, muito pioradas pelo liberalismo civilizador a dar-lhe um ar científico que ainda anda no ar, desde sentirem menos dôr a trocarem o QI pela velocidade.
Não quer dizer que não haviam Outros, mas eram estrangeiros ou da casta dos pobres, e sem qualquer equivalência com o tráfico transatlântico de propriedade desumanizada.
E também havia religiosa, claro.
Só mesmo a ignorância ou a cartilha marxista mais básica explica a frase, “não há racismo reverso” – e a afirmação de que “a concepção de “raça” como forma de dividir os povos foi criada durante o colonialismo… branco”, apenas evidencia que não se leu Ibn Battuta, bem como toda a literatura de viagens da antiguidade. Em Zanzibar, em 64, no Uganda, em 72, no Quénia em 84 (entre várias outras datas), no Ruanda, em 94 (entre várias outras datas), no Mali, o ano passado (entre várias outras datas), houve o quê? E noto que um nenhum destes casos houve brancos à mistura (nem guerras civis associadas). PS: continuo à espera que alguém concretize qual o elemento, em concreto, do cartaz, que permite qualificá-lo de “racista”.
“alguém concretize qual o elemento, em concreto, do cartaz, que permite qualificá-lo de “racista”.
O estimado Salazarento JgMenos, foi bem claro na sua experiente analise
“O corretês como instrumento de esquerdalhos e cretinos.
Tadinho, que sendo quase preto o representam cor-de-rosa!
Racistas! ”
Mais claro como o ex seminarista neo nazi por oportunismo diz que não é racismo, a esclarecida cambada vai atrás
Entre opiniões de velhos nazis ou novos nazis, escolho a opinião dos velhos
Raça é uma invenção moderna pseudo-científica, não é uma simples discriminação. Nunca antes ou depois foi usado a noção de que uma singela gota de sangue era motivo para a desumanização.
Dito isso: esta caricatura não é racista. O porco nem sequer é preto.
O que vale é que tem outras, para tirar a dúvida…
https://twitter.com/carmoafonso/status/1668695109485862920
É muito simples, coloque-se na pele dos outros e empatize. Não se explica o miasma estrutural.
Não é pelo Costa, e nem sequer é grave.
“os giríssimos reaccionários de “esquerda”
Interessante expressão. Os liberocas consideram-se uns progressistas de direita
Ate o Alexandre Herculano anda às voltas na sua tumba
Vigaristas. Antes o JgMenos ou a ex-seminarista neo nazi. Ao menos dizem ao que vêem
O nosso Salazarista de estimação percebeu bem a raiz da questão.
Aqui reproduzo a sua claríssima mensagem
“O corretês como instrumento de esquerdalhos e cretinos.
Tadinho, que sendo quase preto o representam cor-de-rosa!
Racistas”
O Menos percebeu, os outros, como por exemplo o ex seminarista neo nazi, dizem que não há racismo
Percebo perfeitamente
Foi mais uma encenação dos liberais/maçonaria (PS, CDS, BE, CH, L, IL, PCP, PSD, PAN).
Querem descredibilizar as instituições? Oupa, metam tudo no mesmo saco como o Figueiredo.
Ninguém consegue parar o que está a acontecer, o vosso corrupto, criminoso, e anti-democrático, regime liberal/maçónico imposto pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974, está a desfazer-se e irá implodir.
“imposto pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974,”
Olha que o exagero na fentanil pode matar
Cuidado. Bebe uns tintos se gostas de andar a fantasiar
Têm uma certa tendência para confundir Novembro por Abril… não foi esse que a NATO apoiou, ainda perdiam a base a saldo no Atlântico.
E os actos reais(?!?) de racismo foram normalizados como?
Racismo é só de brancos sobre negros, desenhos não incitam a nada, sempre se vai aprendendo. Ou como opiniões sao factos e vice-versa.
O Costa devia aceitar o elogio, porcos famosos são o Staline o Trotski, agora faz parte da galeria suína.
Realmente, duvido que compará-lo a um porco seja o pior qud tenha ouvido ou visto.
Traços racistas num boneco… bem, isso pode ser aplicado a grande parte das caricaturas, que puxam muita vez pelo estereótipo étnico. É acsbar também com isso.
Ó, não; também há descriminação aos donos do Alojamento Local, aos banqueiros, e aos grandes empresários.
É pá, é sempre o mesmo, descriminação sem relações de poder, quanto mais embebidas na estrutura da sociedade, não é bem a mesma coisa que um simples insulto. Não é problema Costa ser um alvo, é problema a continuada aceitação do que lhe está associado e que é usado contra quem não tem poder.
os prof’s de loja de conveniência só espelharam a tromba que tem devido ao cornanço com que o Costa os presenteado. vão passar a ser representados por um hieróglifo 🦌
Oi ?
Pois o quê, ó harrisson?
Representados por…Vosselência depois do desastre sentimental que lhe ocorreu?
Não creio! E olhe que a “loja de conveniência” sempre é melhor que a de Vosselência: a do boi!
Diz a RTP
A verdade é que o mesmo cartaz já foi usado em manifestações organizadas pelo STOP e em vez da palavra “Demissão”
A interpretação do cartaz tem de ser contextualizada. Não faz grande sentido discutir se, em abstracto, representar o primeiro-ministro daquela maneira é grave ou não, racista ou não. Eu diria que o contexto actual não favorece representação daquele tipo, bastos exemplos recentes o corrobam, a começar no futebol.
Mas uma coisa é certa. A fixação mediática nestes “happenings” resulta em se perder o essencial, que consiste em saber que política educativa queremos para o nosso país. Talvez a indignação ostensivamente exibida pelas partes sirva para ocultar a escassez de reflexão séria.
What ?
Indeed.
É evidente, para quem passa mais de 2 minutos a olhar para o assunto. Precisa do contexto da momento, do contexto estrutural da sociedade, e do contexto da intencionalidade do autor, para, no fim, poder não chegar a uma resposta com suficiente grau de certeza sobre a situação individual, mas com melhor conhecimento da situação global.
Mas isso não só dá trabalho, também não deixa ignorar a estrutura e concluir o que nos apetecer.