Turismo premium por low-cost…

 

Lisboa é por estes dias uma cidade cosmopolita, pressionada por elevada procura de turistas que nos visitam e contribuem fortemente para o PIB. São argumentos que todos já ouvimos até à exaustão. Agosto é por excelência o mês de época alta do turismo em Portugal, com os preços mais elevados do ano. O centro histórico de Lisboa, onde se incluem o Marquês de Pombal, Av. da Liberdade e Baixa pombalina, é obviamente incontornável para esta actividade económica. [Read more…]

Portugal em mau estado

FMV, 31 de Julho de 2023
(algures, na N385)

Assim, sim:

Feijóo quer reunir-se com Sánchez para que viabilize o seu Governo em Espanha“. Assim, não: “Durão Barroso vai casar em jJulho“.

Dia de Sobrecarga da Terra e terrorismo

„2 de agosto é o Dia de Sobrecarga da Terra deste ano, isto é, o dia no qual se esgotam os recursos naturais que o planeta consegue renovar numa volta ao Sol. Para chegar ao final do ano, havemos de gastar os recursos equivalentes a 1,7 Terras. Todos os anos desde que a estatística é calculada pela organização Global Footprint Network, a data vai-se antecipando a um ritmo lento — em 1971, o Dia de Sobrecarga foi a 25 de dezembro.

Todos os anos abusamos mais do Planeta até ao colapso. Abusamos? Quem é que abusa? Os ricos em primeiro lugar. O 1%, os 10%, os abastados de cada país. Os pobres poderiam gastar mais alguns recursos sem abusarem do Planeta. Especialmente os países do Sul global.

É inadmissível e imoral andarem ricaços em SUVs, topos de gama, iates, resorts e toda essa espécie de supostas luxuosidades a açambarcarem recursos e a produzir CO2 acima do que lhes cabe. E um exército de neoliberais a proclamar que o direito ao luxo é um direito humano. E governos cobardes e vendidos a dar aos ricos direitos e isenções especiais à custa do bem comum e a tudo submeterem a um mercado dominado pelo sector financeiro.

Extinction Rebellion é o nível mínimo de ataque adequado aos terroristas do Planeta e da Vida.

P.S. “Um estudo da Oxfam conclui: um bilionário é tão prejudicial para o clima como um milhão de pessoas” #TaxtheRich

Lagarde: uma opção muito cara

Madame Inflação
Lagarde de Luxo empobrece poupadores e pensionistas

Eu não faço a mínima ideia qual é o salário de Lagarde e da sua equipa, mas não deve andar longe do meu salário de sonho. E sendo assim, não posso deixar de considerar esse custo como um autêntico desperdício porque tendo em conta o “elevadíssimo” nível de sofisticação técnica que desde sempre demonstrou (demonstraram), saía muito mais barato substituí-la por um simples aparelho. E nem precisava de ser algo como um super-computador ou qualquer coisa com inteligência artificial. Bastava um “spectrum” (para quem não sabe o que é: “googlem”).

Normalmente considera-se a crise de 1980 como a primeira crise inflacionista com semelhanças com aquela que agora vivemos. E qual foi a principal resposta dos supervisores financeiros? A subida das taxas de juro. Isto é, em quase 50 anos, a eficiência e a competência do sistema financeiro, evoluíram zero. O que Lagarde faz, está escrito há muito. Não implica qualquer genialidade ou qualquer brilhantismo particular que a distinga. Então se falarmos de inovação ou de rasgo científico, a única forma de os medir é na proporção inversa da subida das taxas de juro.

O que ela faz, podia ser feito por um pequenito computador onde se introduziram os dados da inflação e em micro-segundos, “pimba”, aparecia no ecrã em letras garrafais e a “bold”: subir as taxas de juro em X pontos percentuais! Podia ou não ser acompanhado do som de uma sirene. Saía muito mais barato e até a irritação que a sirene nos poderia causar era menor que a repugnância que se sente ao ouvir aquele exasperante tom de sobranceria e de condescendência que define a voz de Lagarde.

Pior, esta incompetência, esta pequenez de perspectiva, esta total falta de empatia humana que a definem, não são de agora. Este “robot” caríssimo (mais pela miséria que provoca que, propriamente, pela folha salarial) sempre foi assim. Na altura em que liderava o FMI era exactamente o que é agora. E com o mesmo grau de “erudição”. Crise orçamental, austeridade. Estão a ver o famoso “computadorzito” a trabalhar em vez dela, não estão? Introduzia-se o valor do défice orçamental e, “pimba”, lá aparecia o aviso: austeridade. “Prontos”, tiramos a sirene porque para o caso é algo de supérfluo. E superfluidades são coisas que não condizem com a filosofia de frugalidade que Lagarde apregoa, mas que, curiosamente, não cumpre pessoalmente.

Se o grau de evolução científica que os “sábios” da economia (como Lagarde) demonstram, fosse aplicado a outras áreas, enfim, imaginem. Basta regressar aos anos 80. E talvez consigam perceber o nível de anacronismo que este BCE revela.

Obviamente que a isto, é completamente alheio o “jeitaço” que a inflação dá ao sistema bancário. Porque se em tempos maus, não têm qualquer pejo nem vergonha em nos pedir ajuda, ainda por cima, sob a camuflada ameaça do eventual colapso do sistema, nos tempos de “vacas gordas”, é vê-los a baixar o “spread” para aconchegar os seus Clientes, é vê-los a prescindir da autêntica “ladroagem” que as taxas e taxinhas que criaram, representam ou a subir exponencialmente a remuneração dos depósitos. Não? Não me digam que os bancos não estão a fazer isto? Não pode ser. Isso transformava-os automaticamente em instituições sem qualquer credibilidade, dignidade ou sequer idoneidade. Isso colocava-os imediatamente ao nível de um qualquer “agiota de esquina” que, infelizmente, nestes tempos, pululam por aí. A diferença é que os “bancários” têm “estaminés” mais elaborados, usam gravata e falam sempre de modo (ultra) afectado.

E não. Isto não se resolve com proibições. Como qualquer esquerdista de “bem” que leia estas linhas, irá infalível e raivosamente sugerir. Isto resolve-se com liberdade. Mais liberdade. O mercado reage inevitavelmente. E se a oferta não serve a procura, forçosamente surgirão novas propostas que se adequem às necessidades dos consumidores. Não podem é serem impedidas de existir pelo monopólio do cartel bancário

Serviço público: a lição de demagogia de Miguel Pinto Luz

No rescaldo das eleições espanholas, que tem como desfecho mais provável a repetição do sufrágio, uma boa parte da direita portuguesa viajou no tempo, até 2015, e perdeu-se na boa velha ignorância sobre o funcionamento da democracia representativa. Ou então, influenciada pelos seus novos potenciais parceiros, deixou-se levar pelo populismo mais básico e infantil.

E porque chora essa direita?

Chora porque os seus amigos do PP venceram as eleições, mas não têm uma maioria para governar. Apesar do contributo dos neofranquistas do Vox.

É uma daquelas coisas chatas da democracia representativa: não governa quem fica à frente. Governa quem tem maioria no Parlamento. Porque são deputados que se elegem em Legislativas, não governos.

Aliás, não existe eleição alguma, em Espanha ou Portugal, para eleger um governo. Os governos, cá como lá, são uma emanação da arquitectura parlamentar. Governa quem consegue apoio maioritário para ser investido, no hemiciclo ou nas cortes.

E de pouco interessa, caras pessoas, se existem “pessoas que acham que votam em governos”. Também existem pessoas que acham que podem estacionar em cima do passeio, que o fazem impunemente, mas isso não as livra de levar uma multa. Mesmo que seja a primeira vez. [Read more…]

O dia em que Sinead O’Connor enfrentou os pedófilos da Igreja Católica

O ano é 1995 e eu estou a ver a final do Chuva de Estrelas. Entre músicas mais ou menos conhecidas para um miúdo de 10, 11 anos, aquela Nothing Compares 2 U bateu-me por ter uma sonoridade totalmente diferente daquilo que a rádio e os 4 canais de TV tinham para oferecer a um jovem com acesso limitado à imensidão do mundo da música. Foi o dia em que Inês Santos me deu a conhecer Sinead O’Connor.

Não sou o maior fã da sua música, devo confessar, mas aquela actuação e aquela música nunca mais me saíram da cabeça. Essa e a Wuthering Heights, de Kate Bush, interpretada por Jessi Leal, que venceria o concurso dois anos mais tarde. E pelos mesmos motivos.

Mais do que a sua música, marcou-me um episódio de 1992, que só conheci muitos anos mais tarde. Em directo no Saturday Night Live, Sinead O’Connor rasgou uma foto de João Paulo II, em protesto contra os abusos sexuais na Igreja Católica, que a instituição ainda negava. Pagou cara a ousadia, mas conseguiu atenção global para o escândalo, num tempo em que não se viralizavam causas na internet. Não se ia lá com dancinhas da moda. [Read more…]

The devil, himself

Mick Jagger, 80 anos, hoje.

 

O gato que ri

Para quem quer andar informado, aguentar a deplorável qualidade da informação televisiva em Portugal é um desafio permanente. Notícias sem enquadramento, sem aprofundamento, enviesadas, uso e abuso de comentadores mal preparados (e a maioria das vezes com uma postura pretensiosa difícil de aguentar), moderadores focados na superficialidade, a exclusão sistemática das problemáticas ambiental e climática, enfim, é mau, mau, mau. E o afogamento a que uma pessoa se sujeita em mares de publicidade de supostos produtos “must” – como SUVs para andar em cidades engarrafadas e poluídas – torna a coisa intolerável.

Só mesmo isto me faz ter uma ligeira compreensão para o facto de a grande maioria dos portugueses (e não estou a falar dos que vivem na pobreza) ignorarem até ao grau patológico uma coisa a que se chama “alterações climáticas” e que está aceleradamente a destruir o planeta.

Entre governantes PIB-dependentes (como se o PIB dissesse alguma coisa sobre o nível de vida das pessoas!) que, para assegurarem tudo o que é negócios chorudos para alguns, legislam contra o ambiente (Simplex Ambiental) e vendem o país ao desbarato, sempre omitindo as externalidades, até a uma população à qual nem passa pela cabeça diminuir o consumo de carne, vive-se em esquizofrenia total neste jardim à beira-mar plantado. [Read more…]

Em Israel, a autocracia consolida-se

uma política externa digna de um regime totalitário não é suficiente. Netanyahu e os seus extermistas querem acabar com a separação dos poderes. E estão a consegui-lo.

Ser menos mau? Podia, mas vindo do Câmara Corporativa……

Sobre o actual Ministro da Cultura, já aqui , aqui e aqui tinha escrito.  Muito mais haveria a dizer, nomeadamente quando fala (mente) sobre a área do Património Cultural.

Transcrevo David Ferreira no programa “David Ferreira …..a contar consigo” de dia 22, na Antena 1.

O Pedro Adão e Silva até poderia ser um Ministro menos mau, dificilmente ele seria bom, porque vem de outras áreas, da sociologia e do comentário político, e portanto não traz consigo a solidez do pensamento estruturado e reflectido da cultura, mas poderia ser menos mau, e depois da Graça Fonseca já ficávamos a ganhar e muito. Ele parece interessar-se genuinamente pela cultura, e tem uma capacidade de trabalho que não tinham outras pessoas que passaram pelo Ministério da Cultura e pela vereação da Cultura na Câmara de Lisboa, por exemplo. O problema dele, e neste caso vê-se, está na superficialidade e nas ganas de ir a todas, rebaixando-se  a moço de fretes do 1º. Ministro, repetindo as ideias do chefe, quer no desprezo pelo Parlamento, quer no espantoso elogio da maioria silenciosa, imagine-se, o tabu do povo português, que não partilha das preocupações dos malandros dos jornalistas. E é pena. Pena porque por este andar ainda não é desta que vamos ter um Ministro da Cultura.”

Está tudo dito.

Iniciativa Liberal, partido de protesto

Quando Lula veio a Portugal, o lado mais juvenil da Iniciativa Liberal veio à tona e deixou clara a sua natureza de partido de protesto. Não há nada de depreciativo nesta avaliação. Ser um partido de protesto é tão legítimo como ser um partido de poder. E tende até a causar menos dano à nação.

No entanto, esta semana, os liberais portugueses regressaram ao jardim de infância, a propósito da vinda do presidente cubano a Portugal. Mostraram, sem rodeios, que as suas motivações ideológicas se sobrepõem à diplomacia. Uma vez mais, nada contra. A IL existe num país livre e democrático e tem todo o direito de se exprimir e agir como bem entender. [Read more…]

Alberto Nuñez Feijoó: no iate com o narcotraficante Marcial Dorado

São coisas que acontecem quando há eleições estão à porta. Casos, casinhos e casões que visam destruir a credibilidade dos candidatos. E percebe-se a urgência da oposição à esquerda em tentar destruir Alberto Nuñez Feijoó. Basta olhar para as sondagens e para a viragem à direita que se adivinha no país vizinho.

Mas a verdade é que, para quem se apregoa conservador, dos bons costumes e das pessoas de bem, ter uma relação de proximidade com um traficante de droga acusado de branqueamento de capitais é capaz de não ser lá muito abonatório para o líder do PP. A foto tem 30 anos, mas até podia ter 100. Porque Feijoó já exercia cargos públicos e toda a Galiza sabia quem era Dorado.

Ocorreu-me logo outro político, do mesmo segmento ideológico, outrora unha e carne com um banqueiro, mais ou menos equiparado a narcotraficante, que o levava ao Estoril Open e a passear de iate, como resto Marcial Dorado levou Feijoó na década de 90. Coincidências.

Dia mau no Reino Totalitário e Unipessoal de André Ventura

CH obrigado a reintegrar José Dias, militante e fundador do partido, expulso por invocar o santo nome do Bolsonaro da Wish em vão.

Entretanto, no Kremlin de Telavive

O plano para suprimir a separação de poderes e submeter a justiça à vontade de Netanyahu e dos extremistas religiosos e neofascistas que integram o seu governo segue imparável. Já não lhes chega ser uma autocracia no plano externo. A democracia é para abater. Estão cada vez mais parecidos com os seus vizinhos (e agora amigos) sauditas.

Morto.

Fotografia: José Coelho/Agência Lusa

O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP) nem sempre foi Presidente da Câmara. Isto é, não nasceu para ser presidente, o que contraria a faixa mais tocada no cd dos neo-liberais: a do mérito. Na verdade, ainda ninguém percebeu bem qual o principal talento de Rui Moreira: estudou nos melhores colégios privados do Porto, estudou em Londres na Universidade de Greenwich e, sabe-se, depois disso nunca teve de enviar um CV na vida.

Rui Moreira foi, durante anos, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP). Antes, foi um reputado empresário do sector imobiliário. O que, tendo em conta essa reputação, tornava lógica a sua presidência na ACP (e haveria de tornar lógico, mais à frente, o seu reinado enquanto presidente da Câmara Municipal, mas já lá vamos). Fora isto, poucos o conheciam.

Mas haveriam de vir a conhecer. Este filho e neto de Condes e Viscondes, haveria de se notabilizar por conta do comentário desportivo (olha quem!). Durante anos, foi o comentador afecto ao FC Porto no programa da RTP3 “Trio d’Ataque”, onde fazia a defesa acérrima daqueles que, há décadas, andam a usurpar o clube (aqueles que, sabia e sabe Moreira, lhe davam e continuariam a dar, também, a credibilidade que ele nunca teve). Aqui entra o FC Porto: o projecto mais apetecível para o empresário Rui. O comentador Rui Moreira, que abandonou o programa “Trio d’Ataque” em directo por, simplesmente, ter recebido uma opinião contraditória àquela que era a narrativa que este tentava fazer passar, foi subindo degraus e passou a ser “o cavaleiro-mor na defesa dos corruptos da direcção”, ao invés d’”o choninhas que comenta umas coisas sobre penáltis no canal público”. Estava dado o mote: Moreira haveria de ser, um dia, tudo aquilo que ambicionou. E o FC Porto há-de ser, daqui a uns anos, o último degrau. 

Rui Moreira no programa “Trio d’Ataque”.

Trocou o blazer de bombazina gasto à lá “tio liberal fixe da Foz” pelo fato completo à lá “tecnocrata dos gabinetes” e fez-se à vida. Empoleirado nos conhecimentos que fez enquanto presidente da ACP e nos amigos que tem no FC Porto, candidatou-se como independente à CMP com o apoio do CDS-PP e… venceu… três vezes. Ao CDS-PP juntaram-se outros projectistas do Porto como bem comercial, como a IL. O antigo mero comentador de um programa de comentário desportivo estava, agora, no lugar mais alto que ambicionou até então: era, agora, o Rei-mor do Porto. E restaurou o Porto à sua imagem, levando consigo os primeiros anos deste seu percurso. [Read more…]

Rui Rio: o banho de ética segue dentro de momentos

Continuo a suspeitar que Rui Rio foi alvo de buscas por motivos algo nebulosos. E subscrevo a sua insistência na urgência de reformar a justiça, combater a violação do segredo de justiça e acabar com o terceiro-mundismo das televisões que chegam a locais de buscas antes mesmo das autoridades. Sob pena de ser entendida mais uma passadeira vermelha à extrema-direita.

Nada disso mudou.

Acontece que o Observador, o OCS mais insuspeito de fazer fretes à esquerda, sobretudo ao PS, noticiou hoje que, afinal, Rio demorou 3 horas a abrir as portas aos inspectores. E que, afinal, as televisões só aparentemente chegaram lá antes das autoridades. O que aconteceu, alega o Observador, foi que o próprio Rui Rio só abriu a porta quando a TVI lá chegou. [Read more…]

Pedro Abrunhosa, sobre o encerramento do STOP

O STOP e a cidade que queremos construir“, artigo aberto, no Público.

O comunismo e o capitalismo entram num bar, de mãos dadas

e o nome do bar é Altice.

Fascistas odeiam livros

Em Espanha, as primeiras medidas adoptadas pelos novos executivos locais e regionais PP/Vox consistiram na censura de várias formas de expressão artística, da obra Orlando, de Virginia Woolf, ao filme de animação Lightyear. E é natural que assim tenho sido. Quando a direita moderada fica refém da extrema, o resultado não pode ser outro. Os fascistas, para prosperar, precisam de um povo tendencialmente estúpido. Não surpreende que os livros sejam seus inimigos.

Trickle Down Irlandonomics

Lido hoje no site da Euronews: na Irlanda, paraíso neoliberal dos baixos impostos, onde todos vivem felizes e se tropeça na prosperidade tecnológica em cada esquina, 60% dos jovens entre os 18 e os 29 anos pensam emigrar.

Mas… que passou-se?

Passou-se inflação galopante e uma crise no sector imobiliário sem precedentes, que faz com que um país em situação próxima do pleno-emprego tenha cada vez mais pessoas em situação de sem-abrigo.

Que o são porque os seus salários não permitem comer e pagar uma casa.

A situação é tão grave que existem hoje mais pessoas que não conseguem pagar uma casa do que durante a Grande Fome do século XIX. [Read more…]

A inocência até prova em contrário? Não, a inocência conforme nos convém

Cartoon de Vasco Gargalo.

A casa de Rui Rio foi alvo de buscas. A sede do PSD também.

Não há arguidos. Ainda. Ou seja, ainda ninguém é acusado e, tampouco, culpado de nada. Todo o cidadão tem direito à sua defesa e até que um Tribunal consiga provar por 1+1 que os visados são culpados do que a eles se assaca, então estes são inocentes. É um direito constitucional.

Se isto é verdade, também não deixa de ser verdade que esta máxima só é aplicada quando nos toca a nós, aos nossos mais próximos ou àqueles com quem simpatizamos.

Confesso que é enternecedor ver e ouvir os Sebastiões Bugalhos desta aldeia a queixarem-se de que as buscas à casa de Rui Rio e às sedes do PSD são “manobras de diversão”, depois de terem passado os últimos sete anos a comentar afincadamente “casos e casinhos” que afectassem o Governo e que mantivessem a opinião de tais informados na ribalta. O mal não foi terem surfado a onda dos “casos e casinhos” afectos ao PS; o mal é agora mostrarem-se muito revoltados porque, desta vez, calhou a fava à direita. [Read more…]

Os dias do fim do PSD: o caso do cartoon

Há dias, quando estourou a polémica em torno do cartaz em que António Costa era representado com feições de porco e lápis espetados nos olhos, os partidos de direita desvalorizaram o sucedido.

O maior partido da oposição, porém, não se limitou a desvalorizar. Pela voz do deputado António Cunha, o PSD fez um exercício de whataboutism e relembrou que, no passado, também Passos Coelho foi alvo de representações pouco simpáticas, como aquela em que era retratado como um coelho enforcado. E rematou: “não é justo que se tome a parte pelo todo”, aludindo à minoria de professores que carregou tais cartazes. [Read more…]

“MAI ligou à administração da RTP por “desagrado” com cartoon sobre polícias”…

noticia o Jornal de Notícias.

Ministério da Administração Interna, PSD, Chega e CDS, todos juntos na tentativa de pôr açaimes à independência do canal público de televisão, sem perceberem (ou ignorando convenientemente) o essencial: o-cartoon-não-é-sobre-a-PSP.

E mesmo que fosse, desde quando é que, sucessivamente, a PSP se acha imune a críticas e a ironias, quando há até relatórios – e reportagens – que provam que há infiltração de forças de extrema-direita nas forças de segurança portuguesas? Segue-se o quê? A criação do “Secretariado Nacional de Informação”?

Que o Chega queira censurar tudo aquilo que não lhe convém, percebe-se, sabendo nós quem eles são. Que o CDS se junte à palhaçada, uma vez que para ressuscitar necessita dos eleitores do Chega, também se entende. Que o PSD, suposto garante democrático da direita liberal, lhe siga os passos, é bastante sintomático. E que o MAI, chefiado por um político da social-democracia europeia, se queira juntar à chicana, é ainda mais revelador e atesta o perigo em que estes supostos donos do pedaço estão a colocar a democracia em Portugal.

Cristina Sampaio @spamcartoon

Salários, produtividade e a voz do dono

BCE: a culpa da subida dos juros é dos aumentos dos salários dos trabalhadores.

CIP: o aumento dos salários deve assentar no aumento da produtividade e não pode ser feito sem essa contrapartida.

Ricardo Reis (economista liberal): os salários acompanham a produtividade. Para os salários subirem, temos que aumentar a produtividade.

 

Palavra da salvação.
Glória a vós, Senhor (do Monopólio)!

Dois actualíssimos retratos de Portugal

We elicited four pairs of words for each of the two contrasts embedded in 16 response sentences in L2-Spanish (/e/-/ei̯/: maceta-aceite, pena-peina, reno-reino, vente-veinte; and /d/-/ɾ/: cada-cara, moda-moras, oda-oras, todos-toros) and the same in L2-English (/i/-/ɪ/: cheap-chips, feet-fit, seat-sit, sheep-ship; and /ʃ/-/ʧ/: shake-cheque, sheep-cheap, shows-chose, shops-chops). The task took 5–7 min to complete.
— Mora & Darcy (2023)

***

Hoje, além deste testemunho n’O Jogo

É bom falar nesse assunto, porque na altura retratei-me lá [em Portugal], foi uma coisa totalmente inesperada. Só me retratei no momento, nunca falei sobre isso. Estávamos a comemorar o título lá nos Aliados, estávamos muito empolgados, a praça estava lotada e, ao chegar lá e ver aquilo… Era boné para cima, faixas, bandeiras… Antes do cachecol, eu já tinha aberto umas trinta. O meu erro foi abrir à frente da Imprensa. Não vi, não pensei. Até me lembro do rosto da pessoa que me atirou. Apanhei aquilo, levantei dois ou três segundos. Sou um rapaz que respeita as instituições, mas depois, como não estava com o telemóvel, vi que a Internet estava a bombar três horas depois. Recebi ameaças e tive de me retratar. Sou uma pessoa que gosta da rivalidade dentro de campo, faz parte do futebol, mas do outro lado também há profissionais, amigos. Senti-me mal com esse momento, não faz parte da minha pessoa. Não preciso de desrespeitar um clube para ser amado no meu. Não sei se em Portugal houve outro atleta a retratar-se com um clube rival, não sei se já aconteceu, mas eu fiz isso porque achei que era necessário.

temos este pitoresco episódio político [Read more…]

O estranho fenómeno da twitterização da vida e do desfasamento das novas gerações

Dizem que são “luxury lovers”, ouvem podcasts sobre economia onde jovens brancos mimados que não entendem um cu de economia debitam alarvidades, nunca abriram um livro nem sabem o que é um “relatório” ou uma “ficha técnica”, rejeitam todo e qualquer meio de comunicação tradicional com a premissa de que é tudo “um lixo”, mas adoram youtubers e tiktokers com discursos vazios de “auto-ajuda” e acham que o MaisLiberdade é o pináculo da “literacia financeira” e da independência (spoiler alert: há gráficos para tudo, consoante o que se quiser mostrar e não, não é independente, é da IL) e que o Ventura até diz as verdades (spoiler alert: um relógio parado está certo duas vezes por dia). Acham que comportamentos racistas, xenófobos ou homofóbicos são mera “liberdade de expressão”, e exercem-na no Twitter ou no Facebook, porque nunca leram a Constituição para perceberem que tais actos são crime, não opinião e que liberdade de expressão é outra coisa.

Admiram o Elon Musk de cada vez que este se peida, acham que o Raul Minh’Alma é o melhor escritor português e o Cristiano Ronaldo é o role-model das suas vidas, consomem Prozis porque vão ficar muito bombados (e assim sempre estão na moda), acham que são os impostos o grande flagelo das sociedades, acreditam piamente que uma taxa plana de 15% num ordenado de 1000€ os vai deixar milionários, são contra taxar as grandes fortunas mas ganham menos de 1000€/mês… e vivem num T1 em Gueifões pelo qual pagam quase um ordenado mínimo, compram na Zara e conduzem um Ford Focus…

Não admira que a Iniciativa Liberal tenha tantos bots que a apoiem, quando vende a política como se de um sonho se tratasse, achando que riqueza é mero sinal exterior de quem “lutou muito para lá chegar”, mas depois quem tem de levar com um barbeiro que cobra 8€ por corte e que paga 600€/mês pelo arrendamento de um espaço comercial, mas que acha que vai ser milionário a trabalhar, na caixa de comentários de um qualquer jornal português sou eu. [Read more…]

Email enviado a Ana Bernardo

Enviei hoje a Ana Paula Bernardo através da plataforma “parlamento.pt”, o seguinte email:

Ex.ma Senhora,

Não fico particularmente surpreendido com o resultado da função que exerce de relatora da comissão identificada em assunto (Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP). Num País onde a “verdade” não depende da factualidade ou da realidade, mas tão só da decisão de maiorias e numa AR cujo “estatuto dos deputados” (6 capítulos, 37 artigos, incontáveis números e alíneas mais 1 anexo) tem como única (uma só) exigência ética para os eleitos, o respeito pela dignidade (conceito vaguíssimo e materialmente indeterminável) da AR e dos deputados (cfr. al.e) do nº1 do art.14º da Lei n.º 7/93, de 1 de Março), nada daquilo que produziu e redigiu consegue ter a capacidade para surpreender.
Não. O que realmente me surpreende é a presunção que faço e que não deve estar muito longe da verdade (daquela verdade “à séria” e não da vossa) que V Exa consegue dormir à noite. Sem que pormenores como a consciência, os escrúpulos ou a probidade lhe atrapalhem o sono. O que realmente me surpreende é outra presunção que faço nas mesmas condições que V.Exa consegue encarar Filhos (desconheço se os tem ou não), Familiares ou Amigos sem que a vergonha a tolha.
Tem noção que num País que não fosse uma “choldra” como aquela em que o seu partido asquerosamente transformou Portugal, o que teve o, infelizmente corriqueiro, despudor de produzir acarretar-lhe-ia responsabilidade criminal, não tem?
O vosso salário devia ser pago em moedas de prata. Mais concretamente, 30 moedas de prata.
Ansiosamente à espera de uma queixa-crime que me permitirá “a posteriori” e em instâncias supra-nacionais, provar “retintamente” o que acima lhe digo,

Carlos Garcez Osório

“Post Scriptum” : esta missiva será divulgada.

Cristiano Ronaldo, embaixador informal do totalitarismo saudita

vem a Portugal com o Al-Nassr inaugurar um centro de alto rendimento. Triste.

RTP poderia melhor informar sobre riscos de Zaporijjia

Ontem, na rubrica “360”, a RTP 3  convidou o Prof. Pedro Sampaio Nunes (PSN) para comentar os potenciais riscos em caso de acidente em Zaporijjia. Os comentários deixam muito a desejar. Vejamos porquê:

1- Ao contrário do que foi dito por PSN, os riscos de acidente em Zaporijjia podem ser bem mais graves do que Fukushima e estão bem identificados, quantificados e publicados em revistas científicas da especialidade. Apesar de 5 reatores estarem parados e um no processo final de paragem, são as piscinas (não protegidas) onde está a arrefecer durante uma década o combustível usado nos reatores que constituem o maior perigo. Por exemplo, o trabalho científico da imagem abaixo mostra a extensão dos potenciais níveis de contaminação em caso de acidente em Zaporijjia tendo em conta a contribuição da fusão dos reatores (topo), de um incêndio na piscina de arrefecimento (meio) e reatores+piscina (baixo). Como se pode ver na imagem, o incêndio numa piscina de arrefecimento (que perde água ou é destruída) e libertação de uma nuvem de fumo contaminada com grandes concentrações de Cs137 é um cenário mais perigoso do que o cenário simples de fusão do reator e é dominante no caso de acontecer fusão de reator + incêndio numa piscina.

E o que é curioso é que em Fukushima esteve muito perto de acontecer uma catástrofe deste tipo [Read more…]