Para quem quer andar informado, aguentar a deplorável qualidade da informação televisiva em Portugal é um desafio permanente. Notícias sem enquadramento, sem aprofundamento, enviesadas, uso e abuso de comentadores mal preparados (e a maioria das vezes com uma postura pretensiosa difícil de aguentar), moderadores focados na superficialidade, a exclusão sistemática das problemáticas ambiental e climática, enfim, é mau, mau, mau. E o afogamento a que uma pessoa se sujeita em mares de publicidade de supostos produtos “must” – como SUVs para andar em cidades engarrafadas e poluídas – torna a coisa intolerável.
Só mesmo isto me faz ter uma ligeira compreensão para o facto de a grande maioria dos portugueses (e não estou a falar dos que vivem na pobreza) ignorarem até ao grau patológico uma coisa a que se chama “alterações climáticas” e que está aceleradamente a destruir o planeta.
Entre governantes PIB-dependentes (como se o PIB dissesse alguma coisa sobre o nível de vida das pessoas!) que, para assegurarem tudo o que é negócios chorudos para alguns, legislam contra o ambiente (Simplex Ambiental) e vendem o país ao desbarato, sempre omitindo as externalidades, até a uma população à qual nem passa pela cabeça diminuir o consumo de carne, vive-se em esquizofrenia total neste jardim à beira-mar plantado.
Voltando à informação providenciada, a recusa em falar das alterações climáticas, das suas causas e do que devia ser feito em Portugal para não continuar a propiciar a desertificação é tal, que há dois dias a notícia era: “Grécia a escaldar. Europa debate-se com instabilidade meteorológica”. Instabilidade meteorológica??? Por acaso não se está a falar das alterações climáticas? Da CRISE CLIMÁTICA??? Em Portugal, até a televisão pública é negacionista???
Isto é o cocktail perfeito: Governantes e autarcas aceleram o saque, queimando os últimos cartuxos com monoculturas assassinas e abarrotando de turismo tudo quanto é território, enquanto abandonam as pessoas à sua sorte, sem casa nem dinheiro que chegue ao fim do mês; os órgãos de comunicação social cobrem toda esta libertinagem com informação abaixo de cão.
É uma festa. O sorriso de Costa cada vez me lembra mais o do gato listrado da Alice no país das mil maravilhas.
Faça como eu ! Só vejo noticiários da televisão espanhola. Sempre é um pouco melhor apesar de…
a exclusão sistemática das problemáticas ambiental e climática
Isso não é verdade, pelo menos neste verão: têm-se fartado de noticiar altíssimas temperaturas na Europa e nos Estados Unidos, exagerando mesmo (parece-me a mim) o material noticioso.
De facto, não sei que noticiários é que vê a autora deste post. Os que vejo passam mais tempo a falar do tempo que as velhotas nas paragens de autocarro. Em todo o caso, os noticiários que interessam são os que passam na China e na Índia, cada um destes países com o dobro da soma da população da UE e dos EUA e sem metade da preocupação com esse assunto.
É natural, lá é mais cheias do que incêndios.
Bom, se era para responder a sério, procurem lá incêndios florestais no Google News e vejam quantos jornais chineses aparecem, e quantos desses mencionam, sem ser preciso carregar no link, alterações climáticas.
“Sem metade da preocupação”, como se a demografia permitisse esse luxo.
“E sem metade da preocupação com esse assunto.” A China continua com um balanço energético e ambiental devastador, mas tem um terço da energia eólica instalada a nível mundial e um quarto da sua capacidade solar. O Reino do Meio também investe mais em energias renováveis do que a União Europeia e os Estados Unidos juntos. Tudo isto com a garra ditatorial e brutal do sistema mas dizer “e sem metade da preocupação com esse assunto.” é simplesmente errado.
Pois claro, mas tem justificação!!
Porque essa malta lá da Índia anda mais preocupada é com os 44 etarras que se candidataram a 23 lugares nas Cortes de Espanha.
E compreende-se, porque não haverá cadeiras para todos e 21 terão de ficar de pé, o que é perigoso.
Porque em pé são capazes de fazer melhor pontaria ao Chabascal, apelido pelo qual é conhecido El Pastoriño Español.
Pode ser perigoso, especialmente se for o Jordigalga Patrañeix Trampolinarreta.
Como se diz em estrangeiro. Get over it. Ou não, claro.
Pois, mas…
Talvez haja uma solução. O “Cuarto Pastoriño Español”, mais conhecido como Chabascal, ficou com 29 cadeiras vazias e pode ser convencido a dispensar uma parte aos etarras que ficam em pé.
O acordo é no interesse dele. O Jordigalga Patrañeix Trampolinarreta é um pistoleiro de reconhecidos méritos e, de pé, não falha!
Sentado, menos mal, pode ser que o Chabascal lhe desapareça do horizonte.
A esse e aos outros todos lá dos Bascos, que é preciso descaramento o Feijãóo vir pedir-lhes batatinhas, aliado a um gajo que os quer ilegalizar e meter na cadeia.
Foram 19 deputados que o Vox perdeu e não 29. Para quem prima pelo rigor… é foleiro.
Pois é, fui enganado por este título da CNN:
https://cnnportugal.iol.pt/videos/com-perda-de-29-deputados-vox-e-o-grande-derrotado/64bd95640cf2539120d7f760
Assim o caso muda de figura! O melhor é o Chabascal aparecer disfaçado, com um vestido de sevilhana às bolinhas, o de “maja desnuda” ou coisa assim…
Pois é caro Pois
Os yankees sempre tiveram alguma dificuldade em perceber línguas estrangeiras, mesmo que vivam nesse País uns bons anos.
E o jornalista desse canal americano, nem com os algarismos que são universais distingue o 1 do 2.
Temos pena, mas são as limitações de quem se habituou a mandar no mundo inteiro.
Os outros que falem o gringoles
Boas
“noticiar altíssimas temperaturas na Europa e nos Estados Unidos”
E o que acontece quando se vê muito o canal americano, TVI para os distraidos
Também acho que as televisões deviam noticiar aquilo que eu quero ver e como quero ver. Sem publicidade.
Entretanto, alguém avise os árabes que o stop oil está aí. Deviam poupar em vez de gastarem tudo em bola.
Luís Lavoura e JPT, muito me admira que considerem as notícias que são dadas sobre as “altíssimas temperaturas” como informação substancial sobre as alterações climáticas; não é. São notícias avulsas, pela rama, que não dão a noção da dramática crise global em que nos encontramos nem estabelece a relação com aquilo que tem de mudar em Portugal para não continuar a contribuir para o descalabro. E há muito e urgente a ser feito. Mas não convém.
Dependerá do órgão noticioso, mas eu tenho visto e ouvido as notícias de altíssimas temperaturas quase sempre correlacionadas com alterações climáticas. Diz-se não somente que elas são altas, mas também que são mais altas do que no passado e que isso se deve ao aquecimento global.
nem estabelece a relação com aquilo que tem de mudar em Portugal para não continuar a contribuir para o descalabro
A Ana Moreno está a confundir um noticiário com um programa de fundo sobre as mudanças climáticas.
Repito, os noticiários recentes que tenho visto e ouvido têm mencionado o facto de que as temperaturas que o planeta tem experimentado recentemente são muito anormais e se devem a alterações climáticas.
Já uma análise daquilo que é preciso fazer é coisa que não pertence nem cabe a um noticiário.
Gostei muito daquele momento em que quem acabou de chegar às ilhas gregas foi forçado a conviver com a natureza duma tenda invés do hotel de luxo em chamas, para depois lá ficar preso à espera de poder voltar.
Uma experiência única não acessível a todos que o mercado vai com certeza explorar com todo o prazer.
Exactamente.
Concordo com todos os pontos.
Não tenho pena nenhuma de quem, a contar com férias baratas devido á miséria em que as “sanções do Inferno” lançaram a Grécia em anos anteriores, apanharam foi um valente cagaço. Deviam ter pensado que as “sanções do Inferno” se permitem alugar uma casa em Atenas por tura e meia, ou ir para um resort por tuta e meia, também tornariam o país menos capaz de enfrentar ondas de calor e incêndios. Não se pode ter tudo, meus meninos.
Isto é mera retórica, pois pelos comentários que aqui vi gostaria de saber como tão ilustres comentadores resolviam o caso?
Eu tenho 60 anos alentejano nascido e criado aqui onde as temperaturas sempre foram altíssimas e não tenho essa perspetiva do clima. Estes dias até têm sido frescos e as noites a mesma coisa.
Fazer comentários por vezes a partir do litoral e meramente hipocrisia.
Gostaria também de saber como produziriam alimentos para a população mundial como muitos propõem.
Não saber como se produz uma batata ou uma couve e até mesmo cereais é falta de respeito por que lhes enchem a barriguinha todos os dias.
Quando a agenda CLIMÁTICA começar a ser implementada aí é que vão ver com quantos paus se faz uma canoa pois uma grande parte da população não vai comer nem uma côdea de pão.
Vamos esperar para ver que depois falamos.
Foram? O nível dos rios e a quantidade de polinizadores também, exactamente igual? A perspectiva das alterações, não é aquecimento, mediu com regra e esquadro? E os moinhos de vento onde alguém diz que é fácil e simples, ainda estão de pé?
Tem toda a razão em suspeitar do que lhe vendem; como se vê, é uma mão cheia de nada para que quase nada mude, nem sei como é que alguém é incomodado. Mas há mesmo um problema, não é nas batatas terem +- 1 grau, é a velocidade da mudança que não permite adaptação de nenhuma parte do ecosistema, levando a condições mais extremas e mais frequentes. O menino do campo, e não há nada de menor nisso, que me explique quantos recursos se justificam deitar fora com cada vez mais colheitas falhadas antes de achar que há problema, e porque é que deve sair dos bolsos dos meninos da cidade.
Mas não se preocupe, como o IPCC tem sido optimista face à realidade, até ao fim da década tira-se a limpo se deixa de crescer que chegue e se há zonas em países desenvolvidos que passem a inabitáveis no exterior. Vai é custar mais, pena que os Josés e os Costas não se cheguem à frente pagar os custos de querer esperar para ver.
Olha, podemos pegar no Canadá; não mudou nada, excepto que os insectos já não adormecem e matam árvores o ano inteiro, dando lugar aos incêndios que se viram. Diga lá o perito, como é que crescem comida?
E se em vez de alterações climáticas se falasse de maus hábitos?
Separa-se o lixo?
Recicla-se o bastante?
Os transportes públicos são eficientes?
Como está o grande projecto da ferrovia?
Onde estão os lucros da CP de que fala o outro treteiro?
A CP pode funcionar com n sindicatos a fazerem greves à vez?
Porque a CP deixou de transportar automóveis e tudo vai pela estrada para o Algarve?
O que é da economia sem turismo de massas?
Pois mas fica uma questão…
Por que razão tais “hábitos” serão “maus”, se não se fala de alterações climáticas?
É produzir coisas; eu sei, anátema ao capital, por isso vamos discutir o quando não usar uma palhinha vai mudar o mundo, enquanto uma viagem de avião privado polui mais do que eu num mês.
Sabe onde é que não fazem greves? Onde são bem pagos.