Foto: Tiago Petinga/Lusa
Não sou de fazer leituras nacionais de resultados autárquicos, regionais ou europeus, pese embora eles possam ocasionalmente coincidir. Mas o choque frontal com triplo capotamento e posterior incêndio em que o PS se viu ontem envolvido na Madeira parece sintomático do esgotamento do governo da nação. Apesar da maioria absoluta.
Após obter o melhor resultado de sempre em 2019, fruto de uma estratégia bem sucedida de polarização, o PS perde quase metade dos seus deputados regionais, num cenário em que a coligação não só não cresce como até perde um deputado. Crescem os partidos pequenos, sobretudo o CH, o que parece acompanhar as sondagens nacionais.
A hecatombe foi tal que o António Costa que apareceu na sede nacional do partido a comentar a derrota com sabor a vitória de 2019 se remeteu ao silêncio, enviando um emissário de segunda linha para o render.
E porque é que eu acho que pode haver aqui uma leitura nacional dos resultados na Madeira?
Porque foi precisamente uma estratégia de polarização que deu ao PS o resultado de 2019. E a maioria absoluta em 2022.
E essa estratégia, pelos vistos, está esgotada.
Mais ainda porque já todos percebemos que o factor polarizador é utilizado como instrumento de propaganda ao serviço do Partido Socialista.
Não quero com isto minimizar a ameaça que representa a extrema-direita.
Ela existe, é perigosa e deve ser combatida.
Não pode é ser usada como mecanismo de chantagem ad aeternum.
Porque já não cola.
Acho que a Madeira é a Madeira, e o eleitor continua um ser misterioso que reage à propaganda de forma imprevisível. Bonito, bonito, era que invés de semanas de mais teorização de consequência práctica nula – se é que acerta -, e quão mau é o governo, se discutissem como resolver os problemas, se não com o poder político, sem ele.
Parece que é o PAN que vai dar uma patinha…
Abstenção…. é fatal……
Fazer ligação entre os resultados do psd Madeira e Nacional equivale a dizer que o Glorioso vai ser campeão europeu porque em Portugal faz 20 vitórias seguidas.
O PSD tem zero hipóteses a nível nacional. E não é por se “recusar” a colocar o Ventuchega de fora (embora os politologos comentadores adorem esta história, não vá terem que falar a sériode políticae de políticas), é mesmo porque a culpa continua a ser do Passos, e porque a capacidade intelectual de Montenegros e afins não é propriamente de excelência. Mal por mal o tuga vota no Tiririca, não vá ficar pior. E claro, o psd não larga o culto sebastianico, o próximo delfim, agora é o Moedas que vai fazer a rodagem do veículo e levar tudo à frente. O Costa só lhe falta citar o Carvalho, os adversários têm de começar a dar luta.