O país do “mas”

Numa reportagem sobre o Simplex nos centros de saúde, ouvi duas admiráveis expressões ditas por dois cidadãos portugueses:

“Isto está a ficar um bocadinho no século XXI” e “Tenho de andar nos médicos”.

Parece-me que algumas das características mais importantes da portugalidade se reúnem nestas duas frases. Por um lado, está o entusiasmo moderado. Sim, há avanços, inegavelmente há avanços, o português reconhece-os, mas desconfia do seu alcance, mantém sempre uma reserva de cepticismo, e o máximo que pode reconhecer, em Maio de 2016, é que se alcançou “um bocadinho” de século XXI. Porque o português sabe que o avanço brilha, o avanço refulge, mas o avanço é enganador. E, a qualquer momento, o português inflamado pela miragem do Simplex tecnológico, baterá com os dentes todos num demolidor “estou sem sistema” ou num impreciso “a impressora está desfigurada”, que o fará retroceder ao passado dos requerimentos, dos P1s, da palavrinha à senhora doutora, da chamadinha, do “ela não me está a atender”, do “volte para a semana”. [Read more…]