Teoria Geral do Equilíbrio – versão António Costa

Qualquer sistema tende para o estado de maior entropia. É um princípio bem conhecido da física, a segunda lei da termodinâmica, que se ensinava no secundário (talvez ainda se ensine, nunca se sabe com estas modernices das aprendizagens e das competências), segundo o qual as interacções de um sistema isolado resultam em transferências entre os diferentes componentes até que todos eles se encontrem no mesmo estado.

Ilustração da segunda lei da termodinâmica. Os líquidos dos dois recipientes acabarão por ficar à mesma temperatura.

Como se recordarão, António Costa foi particularmente efusivo quanto aos bons tempos que aí vêm. Parece que a “trajectória sustentada de redução do défice e da dívida coloca país ao abrigo das turbulências do passado” e que Portugal está “no pelotão da frente” (esperemos que não seja da frente ucraniana).

[Read more…]

E agora, sem governos civis, como vamos sobreviver?

Um terço dos governadores civis demitiu-se hoje depois de Passos Coelho reafirmar que iria extinguir os respectivos governos.  Indignados governadores como António Galamba (candidato a deputado pelo PS não eleito pelo círculo de Lisboa em 2009) e Sónia Sanfona (candidata derrotada à câmara municipal de Alpiarça em 2009) renunciaram aos seus cargos de consolação e aproveitaram para prestar serviço ao partido que os nomeou a troco de saírem uns meses antes dos restantes.

Galamba, por exemplo, evoca no seu pedido de demissão, que publicou no Facebook, competências como as da “Segurança Pública” e da “Protecção civil” para os governos civis. Mas colocou a sua demissão à frente destas funções, apesar de dizer que continuarão a “assegurar a gestão do governo civil de Lisboa com particular atenção para as questões da segurança e da defesa da floresta”. Ou o governo civil em nada contribui para estas competências ou estas não precisam do cargo de governador. Pelo que resta a questão de sabermos porque lhe haveríamos continuar a pagar o salário.

Finalmente, é de sublinhar que estes demissionários governadores, agora tão escandalizados, não tiveram pejo em aceitar os cargos em 2009 depois do PS ter em 2001 e 2004 prometido em campanha eleitoral acabar, precisamente, com os governos civis. Rai’s’parta a memória.

Nota: Como se pode ler, Galamba segue as linhas de orientação do seu partido, não escrevendo conforme o acordo ortográfico aprovado pelo seu partido (cf. programa eleitoral do PS em 2011, escrito nesse mesmo português arcaico)

Adenda: parece que o número já vai em sete demissões.