Em defesa de Miguel Relvas

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No Facebook, Carlos Abreu Amorim (CAA) spinou uma interessante teoria, procurando transformar o caso da licenciatura de Miguel Relvas num exemplo de ética e boas práticas do anterior governo, por oposição aos dois recentes casos envolvendo um adjunto e Costa e um chefe de gabinete da secretaria de Estado do Desporto e Juventude. Relvas até podia ter um canudo na mão, mas não o terá feito, conforme refere CAA, “de acordo com as regras que a própria universidade aplicou“. A menos que as regras aplicadas tenham sido desenhadas à medida de Miguel Relvas, porque mais ninguém teve a oportunidade de fazer cadeiras com base na discussão oral de sete artigos da sua autoria, discussão essa que foi tida com o reitor da universidade e não com o respectivo docente. E se as regras foram efectivamente desenhadas à medida de Relvas, então estamos perante uma pouca-vergonha e um insulto ao ensino superior. [Read more…]

Fraudes académicas e outros embustes

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No espaço de poucos dias, surgiram dois novos casos de fraude académica, um clássico da vida política nacional. Primeiro foi Rui Roque, adjunto de António Costa, que apesar de não ter concluído o curso na FCTUC, não se alarmou ao ver uma nota curricular fraudulenta ser publicada no Diário da República. A cereja no topo do bolo foram as declarações prestadas ao Observador:

Os dados constantes na minha nota curricular de nomeação baseiam-se nas informações prestadas pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra datadas de outubro de 2009. Quando confrontado pelas vossas questões, eu próprio solicitei mais esclarecimentos da mesma instituição. Como ainda não obtive resposta, nada mais tenho a acrescentar.

Como diria Ricardo Araújo Pereira, isto é “mangar com a tropa”. Mas, honra lhe seja feita, teve a dignidade de apresentar a sua demissão, poucas horas após ter sido revelado o embuste. Miguel Relvas não teria feito melhor.  [Read more…]

Tirar um curso

Portugal ainda é, em grande parte, Coimbra e o resto é paisagem. Bastava alguém envergar uma capa e uma batina para passar a ser doutor. Uma pessoa podia andar matriculada anos a não estudar e isso seria suficiente para se ser doutor. Ainda assim, nesses tempos, a expressão “tirar um curso” significava ‘concluir uma licenciatura’.

A licenciatura é, ainda hoje, meio caminho para um orgasmo. Há pessoas que perdem força nas pernas e reviram os olhos, sempre que ouvem o nome antecedido de um “doutor”. Não me espantaria que existisse uma tara sexual qualquer que consistisse em alcançar o clímax por ouvir menções a títulos académicos. Aposto, até, que, nos prostíbulos, haverá quem o exija, do mesmo modo que há quem goste de ser insultado ou agredido fisicamente (conta-se mesmo que, no auge, mais de um cliente terá gritado eferreá em vez de chamar por algum ser superior).

E é natural que uma pessoa, de tanto pagar para ouvir, até possa convencer-se de que entrou numa casa para obter favores, sexuais ou outros, e tenha saído de lá licenciado. Ora, se há casas que são conhecidas pelo pagamento de favores, sexuais e outros, são as sedes e as delegações dos partidos políticos. [Read more…]