Faltou um telefonema

Após a vitória histórica do Futebol Clube do Porto sobre a Juventus, no jogo de ontem, faltou um fiel e pontual telefonema, que acontecia sempre que o Porto ganhava um jogo nas competições europeias.

O telefonema do meu pai. Com a sua voz firme e sincera, a dizer “Parabéns!”.

Um adepto romântico e saudosista da Académica, que guardava sempre um espaço no seu coração para torcer pelo Porto, de quem exigia sempre mais e melhor.

Com a Académica, era paternalmente condescendente. Mas, com o Porto, não. Exigia a perfeição, num mesclado feito de vibração e tormento.

O Porto não podia falhar. Não podia perder. Excepto com a Académica, claro. Mas, isso eram contas de outro rosário, porque no demais o Porto não podia perder.

Sentia a vitória como se fosse também sua. E que lhe dava especial gosto quando o Porto defrontava os aclamados gigantes de Inglaterra, Itália, França ou Alemanha. E os derrubava. Numa revisitação romântica e marcadamente ideológica de David e Golias.

Há anos que esse telefonema só existe no arquivo da minha memória, algures na pasta da saudade, por entre separadores de vazio. E foi o que faltou, para a noite de ontem ter sido perfeita.