Sempre que damos dinheiro a um arrumador de carros, podemos estar a fazer parte da cadeia do tráfico de droga, com tudo o que isso implica de muitos contras e poucos prós (podemos, por exemplo estar a adiar um assalto ou a agressão a um familiar). Por outro lado, é verdade que não deixamos entrar em casa todos os desfavorecidos do mundo, por muito que nos preocupemos. Além disso, não deixamos no chão alguém que esteja caído, a não ser, talvez, que tenhamos a certeza de que merece estar no chão.
O mundo está, assim, cheio de problemas sem solução ou, na melhor das hipóteses, há soluções que geram problemas, tal como os medicamentos têm efeitos secundários.
A crise dos refugiados existe e a Europa limita-se a adiar a sua resolução. Entre os interesses económicos que incluem a venda de armas, o controlo do petróleo ou a aliança com os Estados Unidos, há razões suficientes para que o Ocidente seja responsável por uma sementeira que está a colher. Mesmo que assim não fosse, a crise existe, é global e está à porta do nosso prédio.
Abrir fronteiras de modo incontrolado não resolve o problema, tal como é um problema o exagero do relativismo cultural; fechar as fronteiras e ignorar quem está à porta não é, igualmente, solução. A História está cheia de histórias de gentes e povos comprimidos entre guerras e fronteiras, com fugas que se transformam em invasões, gado assustado que pisa tudo pelo caminho.
Há quem defenda que o homem branco e/ou ocidental deve expiar os pecados do antepassado colonialista, genocida, invasor ou esclavagista. Não é o meu caso, mesmo que reconheça a existência desses pecados: era o que me faltava, como o cordeiro da fábula, pagar pela água que o meu avô tinha sujado. Livre de culpas que não sinto, hoje, sinto-me obrigado a escolher um lado: entre o Miguel Duarte, que salvou refugiados, e o Salvini, amigo do Bannon e do Orban, preferirei sempre o primeiro. O Salvini é, exactamente, um antepassado.
O ser humano só dará o grande salto civilizacional quando olhar para o mundo e para quem nele habita como um todo, que deve ser cuidado.
Só que receio bem que o ser humano, enquanto tal, já deve ter atingido o seu apogeu civilizacional, e tal como o Sísifo, volta sempre a repetir a sua caminhada…
Por muito que apeteça escolher lados, aqui o que está em causa é tentar branquear os actos de alguém que cometeu crimes conscientemente.
Os terroristas islâmicos também acham que estão a fazer o bem, mas isso não me impede de escolher o lado que acho o mais correcto.
O MIguel Duarte participou voluntariamente numa farsa, colaborando na prática com traficantes negreiros, e trazendo para Itàlia milhares de imigrantes ilegais que, de outra forma, nunca teriam lá chegado.
Poderia (ele e os seus acólitos) tê-los recambiado para a Líbia oiu poara a Tunísica, “salvando-os” na mesma. Mas escolheu “despejá-los” em Itàlia, abandonando-os depois à sua sorte. Não classifico isso como “salvamento”.
Gostava de estar convencido de que esta questão é assim tão simples. Comparar com os terroristas islâmicos é demasiado forçado.
Não sei se participou em farsa alguma como também não tenho a certeza que o saiba. Esta pessoa (Miguel Duarte) até pode ter despejado, segundo as suas palavras, gente em Itália. GENTE – PESSOAS – HUMANOS – que de outra forma ou morrem na origem ou morrem durante a viagem – eu não tenho memória curta e aprendi com o passado.
Oh Rodrigues
És mesmo do pior que por aqui anda. Deves ser “liberal”, para não exagerar muito.
Fernando Manuel Rodrigues
Aqueles milhares de homens, mulheres e crianças, NÃO SÃO emigrantes, são gente como nós, com vida familiar, profissões dignas, que vê o seu mundo a desmoronar-se e, em desespero, tenta salvar a vida, mesmo que para isso, tenha que…arriscar a vida !
E sim, eles próprios confessam que, na ânsia do incerto salvamento,, são vítimas dos traficantes, a quem entregam todo o dinheiro, para depois, serem abandonados à sua sorte.
São homens, mulheres e crianças que enchem, aos milhares o cemitério em que o Mediterrâneo se transformou.
E farsa é “alguns”, talvez para sossegar as “consciências”, argumentarem com a “invasão” da Europa por terroristas islâmicos, tentando fazer crer que, entre os refugiados, também vêm terroristas…
Esses, os terroristas, não arriscam a vida em barcaças de borracha !
Esses, os terroristas, viajam por avião, disfarçados talvez, de “honestos” homens de negócios, de cidadãos “irrepreensíveis”, e que, uma vez chegados, colocam o cinto de bombas…
Claro que não os salvou, salvá-los era deixá-los afogar para encontrarem a salvação mais depressa.
Também poderiuam levar para a Líbia, para ser violado e vendido como escravo, gente como o Sr. FMR. O problema é mesmo esse, a Líbia é um Inferno por onde o pessoal passa para chegar à Europa e de onde todos querem fugir à unha de cavalo.
E só um cão sem entranhas levaria quem quer que fosse alguém para aquele cenário do Mad Max, de onde se foge. E sim, fomos nós que criámos aquele cenário do Mad Max, não foram os nossos avós.
Terroristas fomos nós, que entregámos a terroristas o único país do Norte de África que funcionava.
Salvar é o mesmo que matar com uma bomba? Vou dizer isso aos nadadores salvadores se o sr. FMR ou o Sr. PM vierem a banhos ao Algarve, se meter à água com a bandeira vermelha e se virem aflitos. Prometo.