Começa bem

Fui à página do partido Iniciativa Liberal para ler o programa com que concorrem às próximas eleições legislativas e, entre puxa para cima e para baixo para o encontrar no meio dos slogans, reparei neste em particular.

CORRUPÇÃO

  • Diminuir o poder do Estado, para reduzir possibilidades de corrupção
  • Mais transparência e mais escrutínio dos agentes políticos

Deduz-se que não existe corrupção no sector privado. Talvez seja a juvenilidade do partido a contribuir para a falta de memória mas, sem ir mais longe, deixam-se aqui três casos que somam prejuízos equivalentes a cerca de um terço do dinheiro emprestado pela troika: BPN, BPP e BES.

Talvez os senhores liberais possam explicar como é que menos regulação, ou seja, menos poder do Estado, tal como defendem, teria evitado estes buracos sistémicos.

Vitórias no papel

Em Março do ano passado, Trump anunciou que ia entrar em diversas guerras comerciais. E que estas eram boas e fáceis de ganhar.

“When a country (USA) is losing many billions of dollars on trade with virtually every country it does business with, trade wars are good, and easy to win,” Trump tweeted Friday morning. “When we are down $100 billion with a certain country and they get cute, don’t trade anymore – we win big. It’s easy!” [CNBC]

Não fugindo à norma, estas declarações não tinham fundamento e apenas reflectiram o lado narcisista de Trump.

Comparativamente com Agosto do ano passado, segundo o Expresso, o balanço é o seguinte:

  • As importações de produtos norte-americanos pela China caíram 22%;
  • As exportações da China para os Estados Unidos registaram uma quebra de 16%.

Olhando só para estes números, vê-se que Trump não está a ganhar guerra alguma. Nem tal será fácil. Surpresa. O cowboy americano ainda não descobriu os conceitos de win-win e de cá se fazem, cá se pagam.

Mas pode sempre pegar no seu marcador preto com que alterou a rota do furacão Dorian e rabiscar qualquer coisa que lhe amacie o ego.

Ou pode abrir mais excepções, como o adiamento das novas taxas a aplicar aos produtos chineses, essas que, segundo Trump, não afectam a economia americana – apenas para que, afinal, não afectem as compras de Natal, digo, o espírito natalício.

Houve um tempo em que se podia ter controlado a China, quando a indústria se estava a mover em massa do ocidente para o oriente, em busca de salários quase nulos e de ausência de respeito ambiental e laboral. Esse tempo há muito que passou. E não serão taxas sobre importações que irão limitar o gigante amarelo nesta economia interdependente.