Papa da Silva

Excerto retirado de uma notícia da TVI.

Lula da Silva veio a Portugal e foi bombardeado com perguntas acerca da sua posição em relação à guerra na Ucrânia.

Uma posição que é mais difícil de explicar e defender (e também de entender), porque pressupõe uma real tentativa de alcançar a paz (que em qualquer guerra é sempre o mais difícil de alcançar), ao invés de, à boa maneira da avestruz, enfiar a cabeça na areia e papaguear simplesmente que “a Ucrânia tem direito a defender-se” (e é claro que tem e nunca ninguém disse o contrário), como se a postura belicosa e o prolongamento ad aeternum da guerra fossem, de forma mágica, resolver o problema. E gritar aos sete ventos que “a guerra só acabará quando a Ucrânia sair vencedora” é – para além de um grito cínico – pura romantização da guerra.

Enquanto isso, a guerra continua e estará para durar, a Ucrânia vai ficando cada vez mais depenada, as sanções à Rússia não estão a fazer surtir o efeito pretendido, a dívida externa da Ucrânia aumenta, os Estados Unidos e a Rússia esfregam as mãos e já se preparam novas formas de pôr os imperialismos todos a medir pilas (olá, China!). Enquanto isso, a guerra não acaba.

Por isso, senhores jornalistas e comentadeiros do chavascal, comecem já a preparar os microfones, pois vem aí o Papa que, ao que parece, tem uma posição semelhante à do presidente do Brasil, esse sacana pró-Putin que propõe que, em vez de se andar a apontar armas enquanto alguém lucra com a venda das mesmas, se sentem todos a uma mesa e haja uma saída limpa para as duas partes (e, depois disso, sim, poderemos começar a discutir de que forma a Federação Russa do abominável neo-fascista de cera poderá vir a pagar as reparações que são devidas à Ucrânia do fantoche de oligarcas sequestrado – desde a sua eleição – pelas forças neo-nazis que “protegem” o país).

Ps. Parece que o totó com óculos que é presidente da Câmara Municipal de Lisboa foi visitar o Papa… olhem, foi uma oportunidade perdida para lhe [ao Papa da Silva] fazerem as tais perguntas!

EUA, China e Taiwan entram numa fábrica de semicondutores…

a ler.

Taiwan, a última batalha pela hegemonia

Pequim regressou aos exercícios militares nas fronteiras de Taiwan, simulando bombardeamentos e um cerco total à ilha. É o intensificar de um passo crucial na sua afirmação internacional. Se os EUA podem provocar os seus inimigos com exercícios militares em qualquer ponto do globo, os chineses sentem-se igualmente livres para o fazer no seu quintal, mais ainda quando se trata de um território que o consideram seu.

Taiwan, é bom que estejamos cientes disso, tem os dias contados. Porque não tem argumentos militares para dissuadir um ataque de larga escala e porque, ao contrário, por exemplo, da Ucrânia, não é sequer reconhecido como um Estado soberano. Os próprios EUA, que sempre usaram Taiwan como instrumento de política externa na região, não reconhecem a sua independência. Reconhecem, apenas e só, a sua rentabilidade e valor geoestratégico.

É sabido que os chineses são pacientes. E Xi Jinping tem sido muito claro sobre o posicionamento do país face à província rebelde. Julgo que será uma questão de tempo até que um destes exercícios, cada vez mais frequente, se converta numa invasão real. E o momento é perfeito, numa fase em que o Ocidente está cada vez mais enterrado em dívidas, ingovernabilidade e no conflito em curso na fronteira leste, com a perspectiva real de que os EUA deixem a Europa à sua sorte, caso Trump ou DeSantis derrotem Biden em 2024. Virá Washington em auxílio de Taipé, em caso de invasão chinesa? A Casa Branca diz frequentemente que sim, mas é pouco provável que convença as instituições e os americanos a manter dois conflitos em curso, contra duas potências nucleares. E se os custos do embargo à economia russa foram tão prejudiciais para o modo de vida ocidental, aplicar igual receita à China, da qual a economia europeia e americana dependem umbilicalmente, poderá ser a estocada final no que resta da hegemonia americana.

Mandado de parvoíce internacional

O mandado de captura internacional que o Tribunal Penal Internacional emitiu para a detenção de Vladimir Putin é uma parvoíce sem efeitos práticos.

Em primeiro lugar porque a Federação Russa nunca reconheceu autoridade ao TPI. Tal como os EUA ou a China. Grandes potencias nunca se submetem à vontade da maioria.

Nunca.

Aliás, durante a presidência Trump, o governo norte-americano ameaçou prender e sancionar juízes do TPI caso algum militar ou decisor dos EUA fosse acusado de crimes de guerra cometidos no Afeganistão. Crimes esses que, de facto, e tal como os russos, foram cometidos. [Read more…]

O plano de Xi, presidente do conselho de administração do capitalismo

Xi Jinping, presidente da China e do conselho de administração do capitalismo, apresentou há dias o seu plano para a paz na Ucrânia, em 12 pontos.

Um plano bonito, repleto paz, diálogo, desanuviamento, diplomacia, trocas comerciais, reconstrução e mais uns quantos amanhãs que cantam.

O capítulo sobre a soberania, contudo esconde uma ambiguidade gritante, que pode ser encarada a partir de duas perspectivas: a óbvia, que é a cedência aos interesses russos, e a da realpolitik, que assenta na constatação de que será muito difícil, para não dizer impossível, a Federação Russa abandonar as zonas ocupadas. Como de resto não abandonou a Crimeia, desde 2014, situação com a qual o Ocidente sempre viveu bem. [Read more…]

Um ano de guerra e no fim ganha a China

Em dois dias, Putin revogou o decreto que reconhece a soberania da Moldávia e saiu do acordo para redução do armamento nuclear. Um ano depois do início da invasão, caminhamos em direcção ao abismo. Ainda assim, por algum motivo que me ultrapassa, há quem acredite que estamos – o Ocidente – a ganhar a guerra. Apesar do impasse no terreno, da inflação galopante, da polarização, das sanções selectivas que deixam de fora o comércio de diamantes e permitem que empresas como a Leroy Merlin apoiem o esforço de guerra russo, e da erosão da democracia, que o próprio Putin passou duas décadas a financiar, com relativo sucesso. Um ano depois, o mundo é um lugar mais perigoso. E no fim ganha a China.

Grow a pair, Dr. Fauci

Não sou (nem preciso de ser) negacionista, e sei, como qualquer indivíduo com mais de três neurónios, que na China a transparência é uma ficção. Mas de que país é mesmo a Pfizer, que lançou uma vacina para o mercado sem a testar na prevenção só contágio, apesar de garantir que o prevenia? Grow a pair, Dr. Fauci.

Ainda bem que o Ocidente não se mistura com o totalitarismo chinês

Alguém me sabe dizer se o Hu Jintao já caiu inesperadamente de um 27° andar?


Ainda bem que o Ocidente e o modelo económico capitalista não estão totalmente reféns do capital, da mão-de-obra escrava, das matérias-primas, dos baixos custos de produção e do consumo chinês, sobretudo no turismo e nos sectores de luxo. Se estivessem, poderíamos ter um grande problema para resolver no futuro, à beira do qual a situação actual pareceria uma brincadeira de crianças.

Sorte a nossa, os ocidentais e os capitalistas do bem não se misturam com o totalitarismo comunista chinês. Façam o favor de respirar todos de alívio.

Elon Musk, camarada de Jinping

Elon Musk defendeu a capitulação e transformação de Taiwan em região administrativa especial chinesa. Pequim adorou a ideia, reabriu a porta aos carros da Tesla, e os neoliberais ficaram todos calados, como ratos, a contemplar mais um triunfo do mercado livre e da mão invisível.

Taiwan, um peão por sua conta

O resultado prático da visita de Nancy Pelosi a Taiwan foi este: um bloqueio naval e um país sitiado, refém de exercícios militares que, do ponto de vista de Pequim, podem passar de temporários a permanentes, na medida em que Taiwan é território chinês e Pequim dispõe do seu território como bem entende. Do ponto de vista chinês e do ponto de vista da comunidade internacional, que NÃO reconhece Taiwan como um estado soberano. E este é um dos raros casos em que a expressão “comunidade internacional” pode ser usada com substância, sendo que apenas 13 Estados reconhecem a soberania da Formosa. E o único europeu é a Santa Sé, so do your math.

Há quem defenda que Pequim teria já preparado estes exercícios militares há meses, porque estas coisas não se preparam de um dia para o outro. Como não sou especialista em assuntos militares, aceito sem levantar ondas que este desfecho seria igual com ou sem a visita de Pelosi. Mas sem Pelosi, seguramente, não haveria margem para desculpas esfarrapadas. E a speaker do congresso ofereceu uma perfeita a Xi Jinping.

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3 milhões de razões para a visita de Nancy Pelosi a Taiwan

Taiwan gastou mais de 3M$ em lobbying com Nancy Pelosi, entre 2018 e 2022. Mas aí de ti que ouses estabelecer uma relação entre estes três milhões de factos e a visita da speaker do congresso à ilha reclamada pela China, que os próprios EUA não reconhecem como soberana. Ela só foi lá porque é muito solidária com o povo de Taiwan. E quem se atrever a discordar é lacaio do Xi Jinping. E do Putin também.

O timing de Nancy Pelosi

O timing da visita de Nancy Pelosi a Taiwan não é inocente e ameaça directamente a segurança da população daquele país. De todos os momentos que poderiam ter sido escolhidos pela speaker da câmara dos representantes, Pelosi decidiu escolher o momento de maior tensão mundial desde a guerra nos Balcãs.

Não é inocente e, parece-me, tem mais a ver com política interna norte-americana do que com as aspirações independentistas do povo de Taiwan. Um país que, é bom recordar, os EUA não reconhecem enquanto Estado soberano. E são apenas 13, os Estados que reconhecem. Os EUA chegaram a reconhecer, durante vários anos, mas a globalização, o capitalismo e os renminbis falaram mais alto.

Como sempre falam.

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Tiananmen-Ocidente-Kiev

O “incidente” de Tiananmen, eufemismo que o regime chinês usa a propósito deste horrendo episódio, fez ontem 33 anos. Foi um massacre, sobretudo de estudantes, que lutavam pela liberdade e por uma China democrática. Não sabemos quantas pessoas morreram, mas estima-se que possam ter sido alguns milhares.

E o Ocidente, sempre disponível para acudir às aspirações democráticas alheias, o que fez?

Fez o que sabe melhor: assobiou para o lado durante anos, para depois abrir as portas da OMC ao regime, garantindo lucros extraordinários a um punhado de aristocratas do capitalismo, cujo custo foi a destruição da capacidade produtiva de muitos Estados ocidentais, como é o caso do português.

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Grato aos russos, aos ucranianos e a todos os soviéticos

Neste Dia da Europa, 9 de Maio, lembro sempre, gratamente, quem deu a vida para nos livrar do nazismo de Hitler, em particular os mais 22 milhões de soviéticos que pereceram, entre os quais os ucranianos. Se hoje vivemos sem o terror nacional-socialista em toda a Europa, não é aos europeus que o devemos, mas sim a quem nos veio resgatar: os soviéticos, em primeiro lugar, e os norte-americanos que, após Pearl Harbor, em boa hora decidiram tomar como deles as nossas dores.

Desde então a Europa tem sido o reflexo do poder dos vitoriosos, divididos entre pró-americanos e pró-russos, sem rumo certo, aos tropeções dos ventos políticos que foram soprando de ambos os lados, embora do lado do regime por nós fundado e erguido – a Democracia.
A Europa feneceu após a era colonial “gloriosa”, de seiscentos até ao dealbar do sec. XX, enquanto os novos imperialismos medraram, mas [Read more…]

A China e as matérias primas

É verdade que as fábricas estiveram paradas por causa da pandemia de Covid-19. É verdade que a guerra na Ucrânia está a trazer problemas nos fluxos comerciais e o acesso a determinadas matérias-primas. Tudo isto é verdade. O problema é que existe um outro motivo, um pormenor segundo alguns. Um “pormaior“, segundo outros. Chamado China.

E qual é o problema chamado China? Já em Julho do ano passado as sirenes tocavam: a China estava a comprar matérias-primas em vários sectores em quantidades astronómicas e nada comuns. Estavam a ser criadas as condições para uma tempestade perfeita, diziam em Julho os especialistas. E em Novembro de 2020, já se falava sobre esta política chinesa: “En las últimas semanas hemos visto como el Gobierno Chino ha empezado a estar muy activo en los mercados de carne y granos. Los contratos de futuros de Soja, Aceites y los futuros de Cerdos se han vuelto muy agresivos“. Ora, a escassez de matérias primas a que estamos a assistir é um problema anterior à invasão da Ucrânia e fruto da política seguida pela China. Obviamente, a guerra só está a piorar uma situação que já era grave.

Por sua vez, Pedro Guerreiro já o tinha sublinhado no Observador em Fevereiro deste ano:

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Esquerda Direita Volver 14 – Ucrânia: perspectivas de conflito e de paz

Este é o regresso da rubica “Esquerda Direita Volver” do PodAventar, com o assunto dominante: a invasão da Ucrânia pela Rússia, numa dupla perspectiva de conflito e de paz. Um debate desta feita sem moderação, com os aventadores António de Almeida, Fernando Moreira de Sá e José Mário Teixeira. Que conflito é este e como se pode sair dele?

Esquerda Direita Volver
Esquerda Direita Volver
Esquerda Direita Volver 14 - Ucrânia: perspectivas de conflito e de paz







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Bombardeamento do Teatro Drama em Mariupol

Cronologia:
1 – A Ucrânia afirmou que os russos bombardearam o “Teatro Drama” em Mariupol onde se encontravam cerca de 1.000 pessoas;

2 – Nós vimos várias imagens dos escombros desse mesmo teatro e dos esforços para resgatar pessoas de entre eles;

3 – Ucrânia acusa Rússia de mais um crime de guerra;

4 – Rússia nega ter bombardeado o Teatro Drama;

5 – Parlamento ucraniano vem informar que não houve vítimas desse bombardeamento.

Como é expectável em guerra, a desinformação e a contra-informação é o que nos é servido por ambas as partes litigantes com a conivência dos órgãos de comunicação social afectos a cada lado.
É triste, temos dificuldade em conhecer a verdade, se é que alguma vez a viremos a saber.
Sabemos, isso sim, que estão a morrer muitas pessoas a cada dia [Read more…]

Uma escandaleira da nova escola

Pessoas de negócios indignadas por um administrador executivo de um grupo de empresas gerir o negócio para o qual foi contratado, é um novo perfume da nova escola liberal!
Estamos aqui, estamos todos comunistas! Liberais, sempre, mas comunistas!

China pressionada por Biden – Invasão da Ucrânia

Há uns dias atrás, após o logro da 3ª ronda de negociações entre Ucrânia e Rússia, onde esta ousou endurecer as suas posições em vez de as desanuviar, ao declarar que nem a independência da Ucrânia aceitaria, sugeria que uma pressão sobre a China talvez ajudasse a travar aquela horrenda tormenta que se abateu sobre o povo ucraniano.
É que, vejamos, por muito que as sanções económicas estejam a afectar a Rússia, podemos já constatar não são suficientes para demover Putin. De facto, o que está a acontecer é que as suas transacções financeiras, arredadas do sistema “Swift”, estão a ser canalizadas para o sistema “Cips”, controlado pela China, aproximando os dois países rivais desde há séculos.

Daí, ter sugerido que, sendo os europeus um dos melhores clientes de produtos chineses, uma pressão no sentido de afastar a China de um limbo de nem sim, nem não ao massacre da Ucrânia, empurrando-a para pressionar Putin e assim o encurralar, poderia [Read more…]

Vamos aproveitar e olhar para a China? #2

A China sabe que o dia seguinte pode ser complicado. Muito complicado para os seus negócios, para a sua política geoestratégica ou seja, para os seus interesses. A liderança chinesa sabe interpretar os sinais.

E os sinais são claros. A Rússia de Putin cometeu um erro crasso ao invadir a Ucrânia e, no fim, aconteça o que acontecer vai ficar de rastos em termos económicos e sociais. Pior, principalmente para a China, conseguiu unir o mundo ocidental. De repente, a Europa está unida, quer a NATO e pensa até na criação de uma força militar interna. Simultaneamente, os Estados Unidos e a Europa reaproximam-se; o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália (juntamente com outros países do Pacífico) nem um segundo hesitaram. E a China?

A China olha para todo o cenário e pensa que por culpa de Putin, os seus adversários principais, os Estados Unidos, emergem desta crise numa sintonia com os seus aliados que não se via há décadas. E sabe que unidos se tornam, economicamente, mais interdependentes e, consequentemente, mais fortes. A China está a ver o comportamento da sociedade civil ocidental e percebe que a linha que a separa de ser o próximo alvo de boicotes económicos é ténue. Cada vez mais. Aliás, sabe que dentro da sociedade civil ocidental já se discute, já se propõe esse boicote. Os cidadãos. Os governantes ainda estão a “esperar para ver” e a rezar para que a China dê um sinal. Aliás, sobre isto e pela rama já vários aventadores falaram nas Conversas Vadias.

Ora, o primeiro sinal de que a China pode mudar o rumo desta história de guerra foi dado hoje. Foi João Querido Manha, na sua página no Twitter que chamou a atenção para um facto relevante: “um analista político chinês em Shangai diz que a China tem duas semanas para decidir apoiar o Ocidente e pressionar Putin a acabar a guerra”. Quem desejar ter o trabalho de ler, em inglês, o que esse analista escreveu (AQUI) percebe que essa mudança estratégica da China pode ser mais rápida do que alguns, como eu, imaginavam. Ainda bem

Resta saber é se, mesmo assim, no dia seguinte ainda vai a tempo de ultrapassar a má vontade em consumir produtos “Made in China”. Veremos, se Putin deixar, se o mundo mudou. Eu não acredito no Pai Natal mas…

Conversas Vadias 49

Em mais uma edição, a 49.ª, António de Almeida, Carlos Garcez Osório, Fernando Moreira de Sá, João Mendes e José Mário Teixeira vadiaram sobre: Alexandre Guerreiro, Passos Coelho, Putin, Biden, sanções, opinião pública, oligarcas, repressão, propaganda, China, Tiananmen, boicotes, Organização Mundial do Comércio, indústria, Aznar, revalorização das Forças Armadas, integridades nacional, Projecto Europeu, União Europeia e a união da Europa e, imagine-se, Ucrânia.

Por fim, as sugestões: [Read more…]

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias 49







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Vamos aproveitar e olhar para a China? #1

A Rússia de Putin está no centro das atenções. E bem. Porém, está na hora de começar a olhar para a China. Sim, a China. Aquele país que não se coíbe de praticar os maiores atentados à liberdade. Que não se importa com os direitos dos trabalhadores. Que trabalha, diariamente, no genocídio do Povo Uigur. Sim, a China a quem a “minha” direita e a “vossa” esquerda entregou a sua dignidade, prestando vassalagem a troco de um punhado de euros.

E como vamos tratar da China se os nossos lideres só de ouvir falar em contrariar o Império do Sol se borram pelas calças abaixo? Não comprando produtos “Made in China”. Obrigando os nossos líderes a reindustrializar a Europa e o mundo ocidental. Mantendo a pressão nas redes sociais e nas ruas, se necessário for, da mesma forma que o estamos a fazer agora com a Rússia. E sim, vamos ter mesmo que mudar de vida. Se queremos manter a nossa vida, a nossa liberdade. É isso que está em jogo.

De uma Negociação de Paz a uma Declaração de Guerra

Sob os auspícios da Turquia decorreu ontem um encontro entre os ministros dos Negócios estrangeiros da Ucrânia e da Rússia para, supostamente, negociar caminhos conducentes a um acordo de fim de guerra. Depois de no dia anterior o Kremlin ter dados sinais de algumas cedências nas suas pretensões, a declaração final de Lavrov intensifica-as, a ponto de tornar inviável não apenas um acordo, mas também o prosseguimento de qualquer ronda negocial.
De permitir a continuidade da independência da Ucrânia, na véspera, passa a exigir que a Ucrânia não se aproxime do Ocidente (adesão à União Europeia), e que a sua riqueza não seja explorada por capitais ocidentais.

Pieter Bruegel – A Queda dos Anjpos Rebeldes

Isto é absolutamente inaceitável para ucranianos, mas também para nós ocidentais. A independência de um país não se negoceia, nem se deve sentar à mesa com quem a não pretende reconhecer.
No início desta invasão, o Kremlin começou por dizer que se tratava de uma “operação militar”, ficando agora à vista que ontem, mais não fez do que a DECLARAÇÃO de GUERRA que tinha recusado fazer, cujo objectivo é [Read more…]

Conversas Vadias 48

Na quadragésima oitava edição das Conversas Vadias, marcaram presença António de Almeida, Fernando Moreira de Sá, José Mário Teixeira, João Mendes, Orlando Sousa e (imagine-se!) Carlos Garcez Osório.

E os temas vadiados, foram: Miss Universo, guerra e paz, Ucrânia, oligarcas russos, Putin, capitais, Médio Oriente, hackers, opinião pública, geografias, culto de personalidade, China, Israel, Taiwan, Europa, EUA, Ocidente, mercados, Sporting e petardos.

No fim, e como sempre, as sugestões: [Read more…]

Conversas Vadias
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Conversas Vadias 48







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Conversas Vadias 47

Na quadragésima sétima edição das Conversas Vadias, marcaram presença os vadios António de Almeida, Fernando Moreira de Sá, José Mário Teixeira, João Mendes e Orlando Sousa. Quanto aos temas vadiados, tivemos: o falecimento do Padre Mário de Oliveira (Padre Mário da Lixa), a doação do espólio do padre Franquelim Neiva Soares ao município de Esposende, os caminhos na Liga Europa do F. C. do Porto e do Sporting de Braga, Twitter, Chega, PCP, Ucrânia, Putin, os meus e os outros maus, Israel, colonatos,  Palestina, democracias, ditaduras, China, Hong-Kong, Macau, Taiwan, economias, soberanias, interesses, critérios, EUA, o melhor e o pior, imperialismos, Joacine Katar Moreira, Batatinha e Big Brother dos Famosos. No fim, as habituais sugestões: [Read more…]

Conversas Vadias
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Conversas Vadias 47







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Julian Assange, Direitos Humanos e a hipocrisia que será a nossa ruína

Imaginem que Julian Assange fugia ao Kremlin, não à Casa Branca, e era entregue pela justiça bielorrussa aos sabujos de Putin. Conseguem imaginar a gritaria das democracias liberais? Conseguem imaginar o blá blá blá direitos humanos, blá blá blá democracia, blá blá blá liberdade?

Eu consigo. Como consigo, com maior facilidade ainda, se o hacker fugisse de Cuba e fosse entregue ao regime por Nicolás Maduro. Seria uma arrancar de vestes e cabelos sem paralelo na história do mundo – mais ou menos – livre.

Não que Assange esteja já sentenciado, uma vez que ainda tem possibilidade de recorrer da decisão do High Court de Londres, depois de ter ganho a batalha da não extradição na primeira instância, mas tudo indica que o futuro de Assange será passado numa prisão americana. Para todo o sempre.

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Peng Shuai, o Partido Comunista Chinês e o Capitalismo entram num bar…

Ao longo dos últimos dias, um pouco por todo o mundo, personalidades de diferentes quadrantes exprimiram a sua revolta. Escreveram-se editoriais, artigos de opinião e milhões de publicações nas várias redes sociais, emocionadas e repletas de indignação. Alguns responsáveis políticos, lideres de organizações internacionais e de instituições de renome juntaram a sua voz ao protesto. E todos, sem excepção, fizeram a mesma pergunta:

  • Onde está Peng Shuai?

Ao que tudo indica, Peng Shuai está onde sempre esteve: na China. E aquilo que lhe aconteceu, após denunciar o “alegado” abuso sexual de que foi vítima, por parte do antigo vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli, sendo imediatamente censurada e desaparecendo da vida pública chinesa, é aquilo que se espera de um regime totalitário como o chinês, que monitoriza a sua população como o partido do Grande Irmão monitorizava a Oceania imaginada por Orwell. Chegarmos a esta fase e isto ainda surpreender alguém só torna toda esta situação mais preocupante. Andarão alheados da realidade? Estavam à espera de quê? De um movimento #metoo nas ruas de Pequim?

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Usemos o pedacinho de poder que temos nas mãos

Este post é um apelo, uma súplica: dentro do possível, compre alimentos produzidos localmente, sazonais e em modo de produção ecológica; no supermercado, olhe para os rótulos; se não houver rótulo, pergunte. Insista. Reclame. Faça escolhas que encurtem a cadeia de valor, compre regional. Se conseguir, compre directo do produtor ao consumidor (há cada vez mais produtores que fazem entrega de cabazes). É difícil? É. Porque tudo está montado para concentrar o poder nas grandes cadeias de intermediários e na produção intensiva, à custa de precariado.

A forma que temos de cortar as vazas a estes políticos irresponsáveis e à sua paixão pelo meganegócio é consumirmos responsavelmente. Produção, transformação, distribuição local dos alimentos é um contributo para a urgente transformação deste modelo económico de globalização obtusa em que andamos há anos, importando carne de suíno do Canadá (CETA) e exportando aquela que produzimos para a China. Uma aberração só possível devido às externalidades (subsídios e não contabilização das emissões que a produção e o transporte produzem) e porque não são consideradas normas (fitossanitárias, laborais, etc.) que são válidas para a UE, mas que lá longe já se acha que não são precisas.

Há uns dias fiz uma visita à Cooperativa Minga, em Montemor-o-Novo. Um projecto que aposta no local e na economia solidária e consegue vender na sua loja de produtos agrícolas e artesanais a preços idênticos ou até inferiores aos das grandes superfícies e promove várias actividades, tendo uma facturação total de €50.000 por mês. Fiquei a saber que a lã produzida localmente passou a ser exportada para a China e depois é reimportada, causando um forte aumento do seu custo enquanto, por outro lado, os produtores, que antes recebiam €1,50 por quilo, passaram a receber 0,25cc; e também que sendo a região de Montemor uma das maiores produtoras carne, só pode vender carne viva, por não haver um único matadouro.

É absurdo, não é? E essa mesma UE que se considera líder no combate às alterações climáticas, continua a aprovar e implementar PACs (Política Agrícola Comum) e acordos de comércio (EU-Mercosul entre tantos outros) que atiçam o fogo para a destruição do planeta.

De Portugal, sabemos como estão a aumentar as explorações agrícolas superintensivas que alavancam as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, a escassez e a poluição de água, a degradação do solo e a resistência aos antibióticos, além de fazerem uso de trabalho precário.  E vai tudo continuar no mesmo sentido nos próximos longos cinco anos.  A ministra da agricultura aposta na alteração da alimentação do gado para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa produzidas pela pecuária. Isto não é piada.

Não é fácil, mas contribuirmos com o nosso quinhão para a relocalização das cadeias de valor e comermos menos carne é o nosso pequeno contributo para criarmos nichos de resistência contra a insanidade de quem nos governa. Façamos o que podemos.

Imagem: Campanha alemã denuncia a destruição ambiental causada pela agricultura superintensiva no Alentejo e Algarve e o uso de trabalho precário e pede boicote a produtos assim produzidos.

Conversas vadias 18

Mais uma edição das “Conversas vadias”, desta feita à volta de: pandemia, especialistas, Lisboa, juventude, autoridade, cerca sanitária, Serviço Nacional de Saúde, enfermeiros, carreiras, administração pública, remunerações, Fernando Medina, auditoria, manifestação das forças de segurança, China. Para, no final, os vadios fazerem as suas recomendações.

E quem foram os vadiolas? Foram Carlos Araújo Alves, Orlando Sousa, António de Almeida, José Mário Teixeira e João Mendes. Acrescendo a colaboração técnica de Francisco Miguel Valada. E a ausência especial de António Fernando Nabais (sim, é complicado).

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Cristiano Ronaldo, Coca-Cola e o Europeu dos autocratas

Gostei de ver a UEFA a sair em defesa da Coca-Cola, na sequência da ronalidice a que assistimos há uns dias. Até porque nem todos se podem dar ao luxo de cuspir no prato onde comeram, como fez Cristiano Ronaldo.

Por causa deste episódio, fui espreitar os patrocinadores oficiais do Euro 2020. E descobri que pelo menos um terço das empresas patrocinadoras são geridas por oligarcas e directamente controladas por um regime totalitário:

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