Afinal, ministro de que pasta?

Questiona, certeiramente, Fernando Soveral:

“À sucapa, no nevoeiro da covid-19, o Ministério do Ambiente e da Acção Climática emitiu um despacho onde determina que o Metro deve continuar a expansão da rede, incluindo o prolongamento das linhas Amarela e Verde. Diz mesmo, num momento de stand-up comedy, que estes investimentos são importantes “perante os efeitos sobre a economia que a pandemia da covid-19 está a provocar em todo o mundo e em Portugal”. Lê-se e não se acredita. A covid-19 até serve de justificação para uma decisão tomada às escondidas, enquanto as atenções estavam direccionadas para temas mais importantes. Ao contrário do que se supunha, o sr. Matos Fernandes não decide por razões ambientais: decide por causa do dinheiro. Justifica-se até com o argumento de que os fundos que vêm da Europa só poderiam ser usados nesta obra. Falso, como já veio dizer a comissária, a sra. Elisa Ferreira. Há uma certeza: continua a obsessão por este plano turístico para Lisboa, que após a covid-19 terá de ser, no entanto, bem repensado.

O sr. Matos Fernandes mostra que há um equívoco no papel timbrado de onde envia os comunicados. Ele não deve ser o ministro do Ambiente. É o das Obras Públicas. Todas as suas decisões (do Metro ao Montijo ou ao lítio) têm que ver com dinheiro e não com o ambiente. Por favor, decidam-se: o sr. Matos Fernandes é, afinal, ministro de que pasta?”

Em todo o caso, já deu mais do que provas de que é um ministro a quem os cifrões entram pelos olhos adentro e não deixam ver mais nada. Muito prático, como ministro do ambiente.

Comments

  1. altos interesses ambientais says:

    Faça-me lá um boneco para eu perceber por que razão o metro elétrico é contra os altos interesses ambientais, por favor.
    Desde já grato,
    De vossa Excelência
    Muito atentamente
    Zé Quarentão de Quarentena

    • Paulo Marques says:

      Não é questão de ser contra ou a favor interesses ambientais; pelo contrário, não tem nada a ver com o ministério que já nem é de ordenamento do território.

  2. Ana Moreno says:

    Se bem leu, o que está em causa neste caso é a diligência e o desplante do sr. ministro, que, qual encarregado de obras públicas, aproveita a covid-19 para passar por cima não só do chumbo da linha circular na AR, como de muitos outros posicionamentos contrários de peso https://www.publico.pt/2020/02/12/local/opiniao/chumbo-linha-circular-ar-1903723
    E mentindo por cima quanto aos fundos europeus. As ganas de avançar com a obra que prioriza o negócio, preterindo, entre outros, os aspectos sociais que outras alternativas priorizariam, são o verdadeiro motor do sr. ministro, o que pouco se coaduna com os “altos interesses ambientais”. É só mais uma prova.

    • altos interesses ambientais says:

      O motor do sr ministro tem muito que se lhe diga …
      E a senhora trabalha a quê ?

  3. Antonio Manuel Martins Miguel says:

    Todas as anormalidades devem ser denunciadas, para bem de Portugal
    Obrigado

  4. Conceição Alpiarça says:

    A acrescentar ao longo currículo devastador do ambiente deste ministério, o facto da Direção Geral de Energia e Geologia, em estado de emergência, ter publicado em DR, no dia 2 de Abril, “anúncio do pedido para a celebração do contrato relativo à exploração de lítio na Serra da Argemela”Apenas mais uma do Ministério do Ambiente e Acção Climática. Qual ambiente, qual acção climática? Será pressa em satisfazer os interesses dos investidores e de empresas de indústria extractiva, ignorando totalmente os justos protestos das populações locais?  
    https://observador.pt/2020/04/14/anuncio-para-exploracao-de-litio-na-argemela-publicado-em-tempo-de-pandemia-gera-criticas/?fbclid=IwAR1faiPGjXTNQnyp8qK0kpYudEckLzhGFvIlhIUyy6s6yPnxkAFUrl9dzIk   

  5. Conceição Alpiarça e Ana Moreno,
    de novo juntas na indignação a que se deveriam juntar muitos mais e não criticar sem fundamento nem razão ou por razões da mesma fasquia de interesses, teremos que não desistir de denunciar bem alto que seria bastante importante com tudo o que se passar e com as consequências que vieram para ficar por muito tempo, nomeadamente para à área do turismo de massas, que a Assembleia da Republica tomasse uma iniciativa cirúrgica para suspender imediatamente os projectos absurdos como este metro e o do aeroporto do montijo. E revista essa barbaridade e caldeirão de interesses obscenos de alguns galambas ” et ali ” na exploração do lítio, sim.
    Medina e Matos Fernandes, responsáveis incompetentes tocados a cifróes e barões e cúmplices , que os há no covil muitos mais, de um PS ao serviço do capital e de interesses pessoais .
    Qual Ambiente, qual interesse público, que Lisboa para os lisboetas e nossa tão bela e tão nossa cidade nas mãos sujas e no poder decisivo destes dois deslumbrados incompetentes ?

    Abraço solidário para vós, companheiras !

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