Crónicas do Rochedo 37 – Já alguém avisou quem nos governa?

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Há quase um mês, mais precisamente a 20 de Março escrevi a primeira crónica sobre a verdadeira catástrofe económica que se avizinhava com a queda do turismo fruto da pandemia. Mais tarde, abordei a questão dos supostos apoios lançados pelo governo e depois sobre outro sector com uma ligação muito forte ao turismo, o da restauração e similares.

Hoje, em Espanha, começam a surgir os primeiros números da realidade. Todos eles explicam que as previsões negativas apontadas pelo FMI afinal são mais optimistas que a realidade. A média apontada para a queda do sector em 2020 é de 81,4% do PIB. Sendo a menor nas Canárias (-76%) e a maior nas Baleares (-95%) e na Catalunha (-84%). Neste momento o sector já aponta para perdas superiores a 124 mil milhões de euros em 2020. Recordo que o Turismo e Similares representa cerca de 12,5% do PIB espanhol e 15% do PIB português.

Estes valores significam uma queda do PIB em Espanha (e em Portugal, não se iludam) superior, bem superior, à prevista pelo FMI no final da semana passada. Ora, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desaconselhou os europeus a marcar férias em Julho e Agosto. Na passada sexta, a Ministra do Trabalho espanhol foi mais longe, ao afirmar que não acredita que as restrições actuais existentes no que toca ao turismo possam ser levantadas antes do final do ano. Para piorar, a IATA reviu em baixa as suas previsões anteriores apontando que o tráfico aéreo talvez atinge um valor de 50% do normal no último trimestre do ano e o tráfico aéreo interno talvez chegue aos 50% no terceiro trimestre. Por isso mesmo, uma parte dos empresários do turismo nas Baleares assim como em Benidorm já assumiu que nem sequer vão abrir este ano, independentemente de serem ou não levantadas as restrições colocadas pelo governo espanhol.

O caso português não será muito diferente. Não será mais positivo. Podem esperar, se nada de concreto e real for feito antes, com no mínimo mais de 2 milhões de pessoas atiradas para o desemprego só neste sector e nos sectores com ele conexos. Milhares de micro, pequenas e médias empresas falidas. Mesmo acreditando (tenho muitas dúvidas) nos que dizem que em 2021 teremos uma recuperação do sector em 50% e que em 2022 já estará em valores normais, será preciso que as empresas e os postos de trabalho lá cheguem. Os custos para o Estado, para o país no seu todo, serão maiores que os custos das ajudas directas que o sector vai precisar para chegar vivo a 2021. Se o Governo e os partidos que o apoiam (BE e PCP), mais o PSD não perceberem isto, vai ser trágico para a economia nacional no seu todo e por vários anos.

Em Espanha acordaram hoje para os números desta catástrofe e para a necessidade de um plano de resgate urgente. Em Portugal alguém avise quem de direito…

Brasil: Militares criam Conselho Nacional da Amazônia excluindo indigenas.



Enquanto a Covid19 avança num pais cujo presidente negacionista incentiva a população a quebrar o isolamento, os povos indígenas estão sofrendo duplamente: invasões de suas terras por garimpeiros e grileiros e entrada do vírus, ações subsidiados pelo governo que não se preocupa de verdade com o meio ambiente nem povos indigenas.

Aos povos indígenas e povos tradicionais brasileiros foi dado mais um passo em sua política de destruição.
Na semana passada o Vice Presidente general Hamilton Mourão formou o Conselho Nacional da Amazônia Legal, que agora passará a funcionar na Vice-Presidência sem representantes do Ibama e da Funai, órgãos que atuam diretamente na proteção ambiental e dos povos da Amazônia e colocou 19 militares nos postos de comando. Os nomes foram publicados no Diário Oficial nesta sexta-feira, 17.

A isso soma-se decreto de Jair Bolsonaro em fevereiro, transferindo o Ministério do Meio Ambiente para a Vice-Presidência, e diversas funções antes atribuídas ao Ibama serão cumpridas por membros do governo que não tem experiência nenhuma com situações vividas pelos povos amazônicos.

Além dos militares no Conselho, 4 delegados da Polícia Federal foram indicados pelo ministro Sérgio Moro. A Funai é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e não tem representantes indígenas.

Enquanto isso a Amazonia vive um dos seus maiores períodos críticos recentes de ameaça, com aumento de 51,45% de desmatamento nos 3 primeiros meses de 2020, queimadas criminosas, invasões de terra e assassinatos de lideranças indígenas e campesinas.

Fonte: mídia ninja

Trump, o fascista malvado

O título foi escolhido por mim, mas podia muito bem ter sido criado pela redação da SIC ou qualquer outra televisão generalista. Tal como tem sido hábito desde a eleição do atual Presidente dos EUA, a comunicação social sempre se apresentou bastante parcial quando o assunto era Donald Trump. Desde a forma que apresenta as notícias que nos chegam da América até aos espaços de opinião. Este tom que se tornou normal afetou a forma de pensar das pessoas e fez com que estas, na sua maioria, se colocassem contra Trump, mesmo não conhecendo nenhuma das suas medidas. Estes mesmos são aqueles que se colocam a favor de Obama e fazem deste um revolucionário. Mas este é um dos resultados da comunicação social doutrinada que temos. Só em Portugal se acha normal que um pivô de informação como Rodrigo Guedes de Carvalho diga em direto “que, ideologicamente, as liberdades não são tão queridas à direita”. Por vezes, uma pessoa já não entende se o telejornal é para informar ou se é um chorrilho de lições de moral daquela vizinha que anda cá há mais tempo do que vocês. [Read more…]