25 de Abril com distanciamento social

Adoro o 25 de Abril. Se o 25 de Abril fosse uma pessoa, faria tudo para que me considerasse seu amigo. Todos os anos, comemoro o 25 de Abril, porque o considero um dos meus maiores amigos. A generosidade do 25 de Abril vai ao ponto de ser bom para quem não gosta dele. Às vezes, penso que o 25 de Abril chegou a frequentar a catequese e saiu de lá cheio de amor ao próximo, incluindo os vendilhões do templo. Não que seja perfeito, mas não me lembro de ter amigos perfeitos.

O meu amor ao 25 de Abril não vai ao ponto de gostar das comemorações oficiais. Não preciso delas. Por um lado, irritam-me os que se consideram seus proprietários, censurando os que não gritam as mesmas palavras de ordem; por outro lado, ainda me irritam mais os que nunca lhe perdoaram, os que participam nessas comemorações a contragosto, exibindo, julgando-se superiores, a ausência do cravo na lapela, sempre prontos a descobrir defeitos na democracia e a relativizar a ditadura, a ditadura do Salazar honesto que não metia dinheiro ao bolso, como se isso transformasse um escroque num virtuoso.

Os que querem comemorar o 25 de Abril à força fazem-me lembrar os beatos que só podem orar a Deus em Fátima, numa estranha crença que, como é costume, chega a desprezar a Omnipotência em que, afinal, não acreditam. Não lhes ficaria mal, num tempo em que se recomenda o distanciamento social comemorarem o 25 de Abril à distância. [Read more…]

Uma semana em cheio

Instruments sometimes have songs in them.
David Ellefson

Unser Schreibzeug arbeitet mit an unseren Gedanken.
Nietzsche

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Uma semana com factores, *inteletuais e *contatado não ficaria completa sem um *fato no sítio do costume.

Ei-lo.

Desejo-vos um espectacular fim-de-semana.

Votos de óptima saúde.

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Investimento seguro

Há que garantir boa imprensa nos tempos difíceis que se aproximam.

A trafulhice fiscal das Holandas desta vida

TH

Panama Papers, Swiss Leaks ou o famoso “double Irish, Dutch sandwich” (se não estão familiarizados com a expressão, sugiro que a pesquisem e se maravilhem com os embustes que são o milagre irlandês e ética financeira holandesa), existem esquemas para todos os gostos e à medida de cada evasor fiscal. E todos eles, sem excepção, contam com a participação de “respeitáveis” instituições financeiras europeias e norte-americanas. E de estados-membros da União Europeia. E com a inércia e o silêncio cúmplice da Comissão Europeia. Ou não estivessem, todos eles, nas mãos dos principais beneficiários dessa trafulhice. Sim, trafulhice. Deixem-se de politicamente correctos e chamem os bois pelos nomes. É trafulhice, sim. E é trafulhice feita à custa de milhões de pessoas, que pagam a factura em doses cavalares de austeridade, independentemente do nome que se decide, em cada momento, dar a essa austeridade.

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