Adoro o 25 de Abril. Se o 25 de Abril fosse uma pessoa, faria tudo para que me considerasse seu amigo. Todos os anos, comemoro o 25 de Abril, porque o considero um dos meus maiores amigos. A generosidade do 25 de Abril vai ao ponto de ser bom para quem não gosta dele. Às vezes, penso que o 25 de Abril chegou a frequentar a catequese e saiu de lá cheio de amor ao próximo, incluindo os vendilhões do templo. Não que seja perfeito, mas não me lembro de ter amigos perfeitos.
O meu amor ao 25 de Abril não vai ao ponto de gostar das comemorações oficiais. Não preciso delas. Por um lado, irritam-me os que se consideram seus proprietários, censurando os que não gritam as mesmas palavras de ordem; por outro lado, ainda me irritam mais os que nunca lhe perdoaram, os que participam nessas comemorações a contragosto, exibindo, julgando-se superiores, a ausência do cravo na lapela, sempre prontos a descobrir defeitos na democracia e a relativizar a ditadura, a ditadura do Salazar honesto que não metia dinheiro ao bolso, como se isso transformasse um escroque num virtuoso.
Os que querem comemorar o 25 de Abril à força fazem-me lembrar os beatos que só podem orar a Deus em Fátima, numa estranha crença que, como é costume, chega a desprezar a Omnipotência em que, afinal, não acreditam. Não lhes ficaria mal, num tempo em que se recomenda o distanciamento social comemorarem o 25 de Abril à distância. [Read more…]
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