Vamos festejar qual 25 de Abril??? E desculpem lá o francês…

Revolución-de-los-claveles

O 25 de Abril de 74 é mais do que uma data. Quero festejar a data sempre, todos os dias e não num dia certo. A questão aqui é outra. Querem festejar o 25 de Abril em 2020? Força, por mim podiam ir todos para a AR, a seguir descerem a Avenida de Liberdade. Sou suficientemente liberal para defender que cada um faz o que muito bem entender DESDE que não prejudique os outros. E este, até prova médica cientifica em contrário, é o ponto essencial de tudo o que se está a discutir.

Se os bacanos que o querem fazer e o fizerem em ABSOLUTA segurança para terceiros, que no final das comemorações se coloquem em quarentena durante 15 dias, então façam o favor. Agora, não me venham com as hipocrisias do costume: vão festejar o quê? O 25 de Abril prometido ou o 25 de Abril que eles, directa e indirectamente continuam a criar prejudicando a esmagadora maioria dos portugueses? É que esta malta que tanto quer ir para o folclore de Abril é a mesma que pactua com os Jerónimos Martins e boa parte das empresas do PSI20 cujos lucros são tributados nas “holandas” desta vida, são os mesmos que deixam os bancos matar as empresas exigindo, em clara violação da Lei, garantias pessoais  nas linhas COVID19, são os mesmos que deixam os senhores da EDP fazerem o que querem (e estão lá todos, os que chuparam aquilo enquanto foi do Estado, os que a privatizaram aos chineses por tuta e meia e, todos eles, que sustentam esse verdadeiro DDT chamado Mexia.

Mais, que 25 de Abril vão eles festejar? O 25 de Abril que fechou os olhos, tal como o Estado Novo, a anos e anos de crimes de pedofilia da Casa Pia (e de outras instituições do Estado – e sim, o Ferro Rodrigues do que “se foda o segredo de justiça”). O 25 de Abril da justiça, a exemplo do Estado Novo, forte com os fracos e fraca com os fortes? O 25 de Abril do BPN, BES, etc??? O 25 de Abril que permite às “Sonae’s” desta vida escravizar os seus trabalhadores com salários de miséria e contratos de trabalho de treta? O 25 de Abril de 2020 é aquele que vai ser festejado pelo PR que fugiu quando o país mais precisou dele? É que são estes os que hoje falam em festejar o 25 de Abril em 2020 que não cumpriram o sonho do 25 de Abril de 74. É isso que me irrita. E o que mais me revolta é ver a malta comparar a coisa com a Páscoa, as missas ou os funerais. Foda-se, não é por aí.

Não se festejou a Páscoa, não se foi/vai a funerais por uma questão de saúde pública e muito bem. A mesma razão obrigaria a que a ÚNICA coisa a acontecer no dia 25 de Abril de 2020 seria uma sessão solene na AR com apenas e só os deputados que já lá estão normalmente e se o desaparecido Marcelo quiser fazer alguma coisa, que faça uma declaração ao país do Palácio.

Pronto. Ok, já tive o meu momento taxista. Agora vou tirar o palito da boca para acender o cigarro que tenho atrás da orelha.

É pá, juro que é daquelas coisas que me irritam. Abro o facebook ou o messenger e é “assina a petição contra as comemorações do 25/4” e “assina a petição a favor das comemorações do 25/4”, foda-se, um gajo está preso em casa a ver pessoas a morrer ou a ficar hospitalizadas como tordos, a ver os postos de trabalho e as empresas a desaparecer, o mundo a ficar de pantanas e a malta a discutir o 25 de Abril de 2020???? É brincar…

Estão a brincar os nossos políticos (como costume) e estamos nós a cair no engodo de alimentar polémicas estéreis em vez de estarmos todos a discutir o que se vai ter de fazer amanhã para voltarmos a ter pão na mesa…Não me fodam.
E já agora, mesmo sabendo que isto que vou escrever é polémico, expliquem-me porque temos portugueses de primeira (os que trabalham para ou no Estado) e portugueses de segunda (todos os outros). Porque o Estado (pago por todos nós) está a proteger (e bem) estes portugueses mas está a cagar para os outros portugueses. Eu não estou contra os primeiros, quero é igualdade de tratamento para os segundos.

Reparem, nesta fase os portugueses que recebem salário/apoio estão com um corte de 33% nos seus rendimentos. Os restantes (excepto nas empresas que continuam a laborar) estão com um corte nos seus rendimentos total, de 100%. Quando tudo isto abrir vamos ter um pesadelo que nem é bom: uma parte substancial das empresas não vão conseguir sobreviver dois meses, em sectores como o turismo e similares, a taxa de morte das empresas será superior a 80%. Na restauração e similares não andará abaixo dos 50% e estamos a falar de mais de 1,5 milhões de postos de trabalho. Com isto, preparem-se para uma queda em valores idênticos nos restantes sectores (com muito poucas excepções). Ou seja, facilmente se vai atingir valores na ordem dos 2,5 a 3 milhões de desempregados a curto prazo. O Estado aguenta? Não, não aguenta e a partir daí vai começar a chegar à Função Pública. A Banca continua a fazer de conta, a EDP até vai distribuir dividendos, a Comunicação Social vai receber 15 milhões para calar e o mexilhão, ou seja, todos nós, é que se vai foder. Porquê? Porque ninguém está a fazer o óbvio: pressionar os poderes políticos, ameaçar com a rua, com uma verdadeira desobediência civil por não estarem a fazer o que tem de ser feito.

Agora vão lá festejar o 25 de Abril, o 1º de Maio, o 13 de Maio, o campeão nacional da bola e bater palminhas à janela…Não se esqueçam da bandeira. E eu vou voltar a sentar no sofá até porque, como diz o povo, quem está fora racha lenha e eu sou um dos portugueses que está fora…

Comments

  1. É assim a vidinha. says:

    Este quer um 25 de Abril à medida dele !
    Esquece que depois do 25/4 veio a CEE, mandar nesta merda toda. Logo veio o capitalismo desenfreado…, e mais não digo.

  2. abaixoapadralhada says:

    ” Abro o facebook ou o messenger ” bla, bla bla

    Está tudo explicado

  3. JgMenos says:

    Mais um treteiro com a contrarevolução da Holanda!
    No próximo dia 25 vou, como habitualmente abrir champagne:
    sobrevivi mais um ano.

    O motivo adicional é ver tão assanhados revolucionários dependentes de uns discursos, umas cantorias e umas passeatas para se convencerem que fizeram algo de assinalável nos anos que se seguiram a essa data de 1974, de roubos, chulice, dívidas e pedinchísse!!!

    • Democrata_Cristão says:

      Cala-te chulo contabilista

    • abaixoapadralhada says:

      Mais um vomito malcheiroso do Sa Lazarento menor

    • Paulo Marques says:

      Pois, revoluções não-sangrentas dá nisto, volta tudo ao poiso para vender mexilhão em troca de robalos.

    • POIS! says:

      Pois, já se desconfiava!

      JgMenos irá fazer uma comemoração alternativa do 25 de Abril. Porque sobreviveu mais um ano. E sem recurso ao Serviço Nacional de Saúde onde há uns gajos inúteis a apascentar bactérias para justificarem o que lhes pagam.e com o permanente intuito de matarem os Menos deste país que lhes caiam nas mãos.

      Ao abrir o “champagne” genuinamente francês, produzido nas Caves Sainte Combe feito a partir das castas Bufot-Cerejére e Pidot-Salazier JgMenos entoará a sua versão alternativa do “hino” da revolução:

      “Á sombra duma cerejeira
      Que já não sabia a idade,
      Jurei ter por companheira
      A farda da Mocidade”


  4. Isto é um texto sobre quê? Ano após ano a média diária de pessoas é superior a 3 centenas. muitíssimo superior à média diária de covid 19 desde o início do ano. E há muita gente muitos trabalhadores, que estão a trabalhar. Se o não fizessem, seria o caos ainda maior

  5. Filipe Bastos says:

    Bom post. Esta canalha que meta o 25 Abril no rabo.

    Continuar a celebrá-lo é contraproducente. Ajuda a adormecer a carneirada, a manter a ilusão de normalidade e de ‘democracia’.

    Aproveita-se a liberdade de expressão, ainda assim mal e porcamente: já veio tarde, e só falamos à vontade porque a canalha ignora tudo o que dizemos… excepto, é claro, quando alguma verdade mais bicuda fura um ego ou atinge o célebre “bom nome” que só a canalha vê, com o inevitável processo em tribunal para intimidar futuras verdades.

    Como na velha piada, o 25 Abril trouxe coisas novas e trouxe coisas boas: as boas não eram novas, as novas não eram boas.

    • Democrata_Cristão says:

      Ai estão os fachos a sair dos buracos. São como os ratos

      • Filipe Bastos says:

        Qual facho, seu palerma. Nasci após o 25/4 e cago de alto para o Botas e a sua ditadura saloia; ganhe juízo. Deixe de ver fascistas debaixo da cama.

        Defendo a democracia directa – ou pelo menos semidirecta, até esta carneirada aprender a pensar por si mesma. Desprezo a dependência infantil de Salazar, esse paizinho que decidia tudo por nós.

        Já bem basta esta partidocracia, onde uma classe pulhítica impune faz que lhe dá na gana. Quanto mais um ditador.

        Raio de benfica-sporting político, este maniqueísmo absurdo que divide o mundo em comunas e fachos. Não há pachorra.

    • Paulo Marques says:

      Não, ajuda a combater quem quer andar para trás, invés de para a frente. Enquanto há voto, há possibilidade de melhorar alguma coisa.
      Se é óptimo? Não, é um desastre à espera de acontecer em todo o continente, mas é qualquer coisa, ao contrário do que havia antes.

  6. a educação é muito linda says:

    “Nasci após o 25/4 e cago de alto para o Botas e a sua ditadura saloia”

    Logo vi que eras da geração de merda.
    “Cago de alto para o Salazar”, mas es facho ou pior que isso

    • Paulo Marques says:

      Já vamos na terceira… E sem grande coisa a agradecer aos Soares que tomaram conta disto e branquearam muitos agentes do regime.

  7. Filipe Bastos says:

    “a geração de merda”

    Se o é, foi a geração anterior que a fez assim.

    Nem havia ainda internet, feicebuques e youtubes, como agora, para educar a criançada. O que somos, aprendemos com os baby boomers. E se quer falar de merda, comecemos pelo 25/4 e pela III República que criaram.

    Ainda hoje são as geração anteriores que mandam e desmandam. O Bosta, o 44, o Passos, o Prof. Martelo, a Múmia Cavaca, o Mamão Salgado, o Mamão Mexia, os Mellos e Amorins… e só a minha geração é que é merda?

    Facho… tem piada. Se perguntar pelo Blasfémias ou pelo Insurgente, todos lhe dirão que sou comuna até ao osso.

    • A educação é muito linda says:

      “E se quer falar de merda, comecemos pelo 25/4 e pela III República que criaram.”

      Tu próprio confessas que és um facho da geração de merda

  8. Anasir says:

    Que nível de discurso… O autor não está no café a falar com os amigos. Devia ter isso em conta…