Num país governado por gente civilizada, uma turma teria, no máximo, vinte alunos, tal como defendia o secretário de Estado João Grancho, até chegar ao governo, o mesmo governo que aumentou o número de alunos por turma, o mesmo governo dos cortes em nome da troika, dos mercados e de uma dívida pública sempre mal explicada (ou por explicar), o governo liderado por um Passos Coelho que ganhou eleições afiançando que não faria cortes ou que não aumentaria impostos.
(Haverá gente incivilizada – até entre comentadores habituais cá de casa – que dirá que até estudou em turmas de 40 alunos e conseguiu aprender e arranjar um bom emprego. São os mesmos que se orgulham de ter apanhado porrada de cinto do pai violento para defender que uns safanões de vez em quando nem fazem mal. É a miséria dos que não querem o melhor para os outros apenas porque não tiveram o melhor.)
Os governos de Costa, no que se refere à Educação, limitaram-se a um folclore que não tocou no essencial das políticas passistas, nomeadamente no que se refere à manutenção do número de alunos por turma. Há pouco, procederam a uma diminuição cosmética. O verdadeiro objectivo de Costa, no seguimento dos seus irmãos siameses Sócrates e Passos, é cortar na Educação – manter turmas grandes é uma maneira de não contratar mais professores (no tempo de Passos, serviu para despedir professores).
A pandemia, que tem sido vista como uma oportunidade, poderia servir para, finalmente, também por razões sanitárias, proceder a essa diminuição. PS, PSD, CDS e Chega votaram contra uma proposta do Bloco de Esquerda. Joacine e a Iniciativa Liberal ajudaram à festa, abstendo-se.
A deputada Margarida Balseiro Lopes afirmou que uma decisão dessas não é da responsabilidade do Parlamento e sim do Governo e das autoridades de saúde. O argumento, por assim dizer, da deputada deveria envergonhá-la, porque corresponde à demissão do papel dos próprios deputados. De qualquer modo, sabemos que estes são máquinas de votar de acordo com indicações das direcções partidárias. Tendo em conta que o PSD faz parte de uma coligação negativa contra a Educação, é claro que não poderia votar a favor de uma medida óbvia.
O deputado Porfírio Silva, do PS, explicou que não se pode tomar uma medida destas porque não se sabe quais serão as condições sanitárias daqui por três meses. Acrescentou que uma decisão dessas deve ser deixada a cada escola. Tal como todos os ignorantes que tomam decisões sobre esta área, cai no erro habitual de pensar que um ano lectivo deve começar a ser preparado em Agosto e finge que não sabe que as escolas não têm autonomia para poder diminuir o número de alunos por turma, porque também não tem autonomia para contratar mais professores.
Este cão infernal de três cabeças e meia (não esqueçamos que votaram com o Chega) corresponde a um conjunto de partidos que só vê a Educação como uma despesa a diminuir e não como uma investimento fundamental nas novas gerações. É por isso que, quando os ouço a dizer mal uns dos outros, me lembro sempre de alguns números de revista à portuguesa muito fraquinhos e muito cabotinos a que ainda pude assistir no Parque Mayer.
Mais uma vez a direita, PS-PSD-CDS-Chega, vota contra o interesse da generalidade da população, tal como o fez com há uns dias na questão dos paraísos fiscais.
É “populismo” o investimento na educação, é “realismo” o “investimento” no Novo Banco…
Terão, como de costume, a comunicação social ao lado da direita.
Portugal é um país condenado pelas Troikas tanto nacionais como internacionais….
…há sempre alguém, que põe 1 dedo na ferida.( Refiro-me ao autor do artigo, por enquanto: António Fernando Nabais). Graças a d+Eus !
O número ideal de alunos por turma são quantos? É que eu já ouvi tantas versões que é difícil dar um palpite, mas aceitam-se sugestões.
Ouça toda a gente menos os professores, que isso é tudo uma malandragem egoísta.