
Foto: Dave Killen/Staff
A América de Trump continua o seu caminho para a perda de relevância internacional e de declínio nacional.
Soube-se há dias que Trump nem se deu ao trabalho de procurar saber se Putin tinha ou não oferecido recompensas para que soldados americanos fossem mortos no Afeganistão por guerrilheiros pró-Taliban. Chegaram-lhe as suas teses infantis sobre a boa-vontade de Putin.
Neste momento, a ausência de resposta à pandemia está a ter forte impacto na possibilidade de ser reeleito, pelo menos confiando nas sucessivas sondagens que colocam Biden à sua frente por valores de 2 casas percentuais. A reacção de Trump foi de lastimar-se que ninguém gosta dele, de atiçar os cães contra Fauci (a Graça Freitas de lá) e de procurar um fait-divers que tirasse o tema covid das notícias (largou-se num tweet sobre o adiamento das eleições marcadas para Novembro, algo que não está sob o seu controlo).
Gozado depois do fiasco que foi o comício que não teve os milhares de participantes esperados, graças à partida da miudagem do TikTok que se inscreveu aos magotes como falsos participantes nesse comício, Trump lança agora as garras ameaçando fechar essa rede social. Um favor que o Facebook, que não viu esta competição chegar, muito agradecerá. E que se junta ao leque das incongruências do presidente, que em alguns momentos grita que a liberdade de expressão está em causa, como quando o Twitter removeu algumas das suas mentiras, para depois ser ele mesmo um agente da limitação da liberdade de imprensa e da redução da competição.
Em paralelo, o Congresso ouviu o gangue do GAFA (Goolge, Amazon, Facebook e Apple) sobre o seu poder e sobre as suas práticas anti-concorrenciais e de devassa da privacidade. A sessão com o responsável da Google transformou-se numa espécie de suporte técnico, quando um senador republicano usou o seu tempo para procurar dessiminar a ideia de que as big tech bloqueiam o discurso do partido de Trump. Alegava ele que o email que a sua campanha tinha enviado aos eleitores não chegou à caixa de correio do seu pai, ao que Sundar Pichai explicou como funciona o sistema de separadores do Gmail, que coloca as mensagens dos contactos de amigos e família num separador principal, deixando os restantes emails para separadores de marketing, correio não solicitado, etc. Não satisfeito com a explicação e desejoso de fazer crescer o tema junto da comunicação social, Greg Steube apontou que isso da prioritização dos emails familiares não funcionou com os emails da sua campanha, ao que Pichai referiu que os sistemas da Google não foram capazes de perceber que se tratava do seu pai. Assim se transforma uma discussão sobre práticas não-concorrenciais num episódio de campanha eleitoral.
Em Portland, uma mulher vestindo apenas um chapéu e uma máscara cirúrgica ficou à frente da polícia, que lhe atirou balas de gás pimenta aos pés para a desmobilizar. Não se tendo mexido, a polícia ficou parada e acabou por se ir embora 10 minutos depois. Um episódio sem incidentes de maior, desta vez, nos confrontos entre polícia e manifestantes em Portland, cidade para a qual Trump enviou agentes federais em veículos não identificados, os quais detiveram manifestantes sem se identificarem.
(continua)
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