Salafrário

Duas frases que definem um pensamento políticamente corrupto, incapaz e irresponsável. Nunca tive qualquer dúvida que Costa, politicamente, era e é menos sério que Sócrates.

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Oito apartamentos e um sótão (8)

Quarto esquerdo

 

Depois de passarmos a porta de entrada, estamos no hall. À esquerda, encostado à parede, um armário antigo, castanho-escuro, baixo, com uma peça de cerâmica tão moderna que parece fazer gala da sua inutilidade. À direita, um bengaleiro que parece uma árvore seca.

Avançando uns passos e virando à esquerda, entramos na sala. Não é muito grande, quadrada. A mesa e as seis cadeiras de palhinha estão em bom estado. Na parede em frente, um aparador antigo: dois potes pequenos e várias molduras com fotografias.

Vale a pena, vale sempre a pena, ver as fotografias, especialmente quando estamos à vontade, sem a presença dos retratados. Da esquerda para a direita, há uma ordem que vai de tempos mais recentes para o passado, das cores até ao preto-e-branco. Aqui, está uma fotografia muito recente de três senhores de idade. Um deles é aquele que podemos ver, nesta mesma sala, sentado no sofá, morto. Outra fotografia com os mesmos homens um pouco mais novos, numa esplanada, fazendo um brinde para a câmara, sorrindo à ignorância da morte, sem perder tempo a pensar se será a última vez que brindam, como se fizesse sentido uma pessoa estar sempre a sorrir e a pensar que poderá ser a última vez. A fotografia mais antiga é a de um homem de chapéu, a olhar para uma distância.

Se nos sentarmos no sofá, ficaremos, então, ao lado do morto. O senhor Aguiar está morto. Foi há pouco tempo, estávamos nós a entrar em casa e ele a morrer. A televisão está desligada e a mão do senhor Aguiar está perto do comando. Esta não foi, portanto, a última vez que viu televisão. [Read more…]