Há algum tempo que a rubrica Memória Fotográfica não tinha qualquer publicação. Mas, tal como prometido na última edição, está de volta para vos falar da Magnum Photos.

Logotipo da Magnum Photos
“A Magnum é uma comunidade do pensamento, uma qualidade humana partilhada, a curiosidade sobre o que acontece no mundo, o respeito pelo que se passa e o desejo de o transcrever visualmente.”
Henri Cartier-Bresson
Em 1947, depois de findada a II Guerra Mundial, é fundada a agência fotográfica Magnum Photos, pela mão de quatro fotógrafos pioneiros da fotografia como veículo noticioso e de informação. Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, David Seymour e George Rodger, fotógrafos francês, húngaro, polaco e inglês, respectivamente.

George Rodger, David Seymour, Robert Capa e Cartier-Bresson
Relacionada directamente com a história de vida e carreira dos seus fundadores, a cooperativa alberga centenas de fotógrafos de todo o mundo, sendo, provavelmente, a mais profícua agência fotográfica de todo o mundo. Fiel aos seus valores de fundação, mas a evoluir com o tempo e com os seus cooperantes, o trabalho da agência foca-se no retrato de um mundo centrado nas pessoas e na cultura enraizada, desafiando convenções, regras estabelecidas, e, com a maior transparência, propõe-se a transcrever uma fiel imagem do mundo.

Correspondentes de guerra Robert Capa (à esquerda) e George Rodger (à direita)
Nápoles, Itália – 1943
Com escritórios em Londres, Paris, Nova Iorque e Tóquio, a Magnum Photos “representa alguns dos fotógrafos de maior nomeada no mundo, preservando os seus ideais de fundação e a sua diversidade idiossincrática de jornalistas, artistas e contadores de estórias. Os nossos fotógrafos partilham a visão de documentar os eventos mundiais, pessoas, lugares e culturas com uma narrativa poderosa que desafia as convenções e reinventa a história, transformando vidas”. (History of Magnum, Magnum Photos Inc.)

Encontro anual da Magnum Photos Inc. – 1957
“Na altura da libertação, no fim da guerra, o mundo encontrava-se desconectado, as pessoas tinham novas curiosidades. Eu tinha algum dinheiro da minha família, o que me permitiu evitar trabalhar numa estância bancária. Estava empenhado em procurar a fotografia por si mesma, como se de um poema se tratasse. Com Magnum nasceu a necessidade de contar uma história”. (Henri Cartier-Bresson, Le Monde)
“(Ele) reconheceu a qualidade única das câmaras de pequeno formato, tão rápidas e silenciosas no seu uso, e também as qualidades únicas que nós mesmos adquirimos durante vários anos de contacto com todos os excessos emocionais que andam de mãos dadas com a guerra”. (George Rodger, sobre Robert Capa)
Fundada como uma cooperativa, onde o staff deveria apoiar ao invés de dirigir os seus fotógrafos, os direitos de autor das imagens pertenceriam aos próprios fotógrafos e não às revistas que as publicariam.

Malcolm X e Marilyn Monroe fotografados pela Magnum – 1962/1960
Na altura da formação da Magnum, um fotógrafo tinha uma vantagem à partida, pois vários locais nunca tinham visto a lente de uma câmara fotográfica. Ora, por tal razão, a Magnum dividiu o mundo em áreas flexíveis de cobertura: Seymour na Europa, Bresson na Índia e no Extremo-Oriente, George Rodger em África e Capa na União Soviética.
Foi importantíssimo para os fotógrafos da Magnum existir esta divisão, pois conferia-lhes uma flexibilidade única de escolher as suas histórias e trabalhar nas mesmas durante largos períodos de tempo.
“Não há uma forma correcta e estabelecida de abordar uma história. Temos de evocar uma situação, uma verdade. É esta a poesia da realidade da vida”. (Henri Cartier-Bresson)
Actualmente, para os fotógrafos contemporâneos, já não chega apenas relatar um acontecimento e existe uma consciência mais complexa sobre o que é, ou não, de relevo.

Henri Cartier-Bresson perante Martin Luther King – 1957
Com todas as diferentes personalidades que compõem a agência, com todas as dificuldades inerentes ao aglomerado de diferentes visões e formas de ver diferentes assuntos, é notável que a Magnum tenha sobrevivido mais de sessenta anos, ao longo do tempo, mantendo-se em actividade ainda hoje.
“Viva a revolução permanente!”
Henri Cartier-Bresson
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