Simulador de IRS 2022 – o novo OE vai mudar alguma coisa?

Pode fazer as contas por si mesmo.

A PwC disponibiliza um simulador de IRS 2022 que contempla as alterações previstas na Proposta de Lei do OE2022. Ou seja, poderá ver as fantásticas dezenas de euros de diferença entre o que pagará ou receberá em 2023 vs. 2022.

Ou então passe pelo Observador e veja qual o enquadramento mais próximo da sua situação.

Spoiler alert: pensava mesmo que o folclore noticioso à volta do IRS se traduziria de facto em algo palpável?

Salamaleques

É interessante ver toda esta encenação de entrega do Orçamento do Estado pelo Ministro das Finanças ao Presidente da Assembleia da República. Ou melhor: a proposta de Orçamento do Estado.

Nenhuma outra “proposta”, é tratada com semelhante solenidade.

Numa república, esta solenidade não passa de uma encenação absurda. Ridícula.

Não contribui em nada para a identidade nacional, para a coesão do país, ou para a dignificação do que quer que seja.

Tanto mais que, numa governação minoritária, a aprovação do Orçamento do Estado é, cada vez mais, uma etapa de sobrevivência do Governo em exercício para mais um ano.

Uma solenidade de tiques palacianos num país em que 20% da população é pobre. Sim, temos 2 milhões de pobres em Portugal, e o número continua a aumentar. E andamos a perder tempo com mesuras teatrais e patéticas.

O Titanic afunda-se, mas a orquestra está preocupada em afinar os instrumentos para o baile que se segue.

Acho muito bem

«PCP junta-se ao BE e vota contra proposta de OE tal como está».

Pobreza e saúde mental

Estamos muito perto de atingir 2.000.000 de pobres em Portugal, mas muitos dizem que o maior problema são as consequências da pandemia na saúde mental.
De tanto insistirem começo a convencer-me de que têm razão!

Crónicas do Rochedo 46: A Pantera Cor de Rosa nunca me enganou….

A infantilização dos adultos não é coisa nova. Recordo como se fosse hoje quando, nos idos de 90 do século passado, fui a uma reunião na Associação de Estudantes de Engenharia do Porto (FEUP) e o bar da dita estava cheia como um ovo com os marmanjos, futuros engenheiros, em silêncio a ver o “Dragon Ball Z” na televisão. Os mesmos marmanjos que na noite anterior estavam no Ribeirinha e no Academia a emborcar vodkas limão como se não houvesse amanhã entremeadas com umas ganzas e, alguns, a aspirar umas coisas pelas narinas. Nunca percebi o fascínio meio infantil pelo Dragon qualquer coisa Z…

Isto a propósito de hoje, em pleno “telediário” da RTVE24, o canal de notícias 24 da televisão pública espanhola, estar em destaque, como uma das cinco principais notícias a desenvolver no dito, o novo episódio do Super Homem (Marvel) em que o dito se assume como bissexual. Sim, no principal “telejornal” isto é notícia. O Super Homem é bissexual ou, como se diz no meu Porto, “dá para os dois lados”. Eu quando era miúdo sempre desconfiei que o Tio Patinhas era gay não assumido, que a Pantera Cor de Rosa era lésbica e que o Sapo Cocas sofria de violência doméstica. Era tudo deixado à imaginação de cada um. Agora não. É tudo explícito e politicamente correcto. Para o bem das criancinhas. Das criancinhas adultas. Pois as verdadeiras estão-se a cagar para isso.

Valha-nos Deus que isto está infestado de chalupas. O mundo está mesmo a ficar perigoso…

Quando o cavaquismo censurou Herman José

O ano era 1996, o primeiro-ministro António Guterres e a Igreja Católica ainda não tinha vergonha de demonstrar publicamente o seu enorme poder e influência. No olho do furacão estava o sketch “A última ceia”, integrado no programa Herman ZAP, alvo de tentativa de censura pelas forças alinhadas à direita. Marcelo Rebelo de Sousa, então líder do PSD e da oposição, juntou-se ao coro de críticas da restante direita e da Igreja Católica, num esforço conjunto de cancelar o pai de todos os humoristas, mas a direcção da RTP, na altura liderada por Joaquim Furtado e Joaquim Vieira, não cedeu e deixou o episódio ir para o ar.

Desfecho diferente teve um episódio idêntico, em 1988, quando um sketch de outro programa de Herman José, Humor de Perdição, foi censurado em directo. O primeiro-ministro de então chamava-se Cavaco Silva e o controle da RTP tinha sido por ele entregue a Coelho Ribeiro, um operacional fascista da máquina da censura do Estado Novo, que o cavaquismo reciclou e colocou em posição de poder, onde teve a oportunidade de regressar à actividade censória, que, pelo menos nest caso, executou com distinção.

Cavaco Silva, que colocou um alto quadro da ditadura salazarista a controlar a RTP, não tem autoridade nem moral para falar em ataques à liberdade de expressão ou à democracia, na medida em que foi directamente responsável por alguns episódios de censura e de algumas tentativas de amordaçar a democracia. Já tem é idade para ter juízo, deixar de ser hipócrita e não fazer estas figuras.

Contra o Orçamento do Estado para 2022 (1/2)

Accorder un participe est une question délicate ; la difficulté, en outre, commence avec la terminologie. La nomenclature grammaticale est ancienne, parfois arbitraire (voir les innombrables « compléments circonstanciels » mal définis), souvent maladroite (le possessif ne « possède » pas toujours).
Bernard Cerquiglini

Can I smoke on television?
Kurt Cobain

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No dia 13 de Outubro de 2020 (faz amanhã um ano), avisei: «para o ano, infelizmente, haverá mais».

Efectivamente, houve.

Com efeito, além da Teoria dos Leilões, premiada no ano passado, na véspera da entrega do OE2021 na Assembleia da República, também as experiências naturais, premiadas ontem, no dia da entrega do OE2022, são importantes para percebermos este processo. Sabemos que a ideia de base do recurso a experiências naturais para a avaliação de determinadas medidas é a seguinte: o que teria acontecido se tais medidas não tivessem sido adoptadas?.

Eis uma amostra daquilo que não teria acontecido ao Relatório do Orçamento do Estado para 2022, se redigido com recurso às regras ortográficas de 1945/1973: [Read more…]