Um prémio Nobel da Paz bem entregue

O Prémio Nobel da Paz deste ano foi entregue aos jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov, pelo corajoso trabalho no ambiente hostil dos regime autoritários das Filipinas e da Federação Russa, respectivamente. Neles, presumo, o Comité Norueguês homenageia todos aqueles que lutam pela liberdade de expressão e de informação, que lutam pelo jornalismo livre, nesta era da fake news, de manipulação em massa da opinião pública, de normalização do discurso de ódio, da ignorância arrogante daqueles que atacam os jornalismo porque viram a verdade absoluta num qualquer vídeo no YouTube, postado por um chalupa qualquer, e de ditadores branqueados com epítetos como “iliberal”. O trabalho do jornalismo, mais do que nunca, é fundamental para combater o retrocesso democrático, em particular no Ocidente onde muitos achavam ter chegado ao “fim da História”. Não chegamos. E a luta continua! Viva o jornalismo, vivam as liberdades de imprensa e de expressão!

Ser humano é praticamente impossível

Graças ao magnífico programa de Joanna Lumley sobre o Reino Unido, fiquei a conhecer a história de Richard Moore, o homem que ficou cego aos 10 anos, em Derry, atingido por uma bala de borracha saída da espingarda de um soldado britânico na Derry (Londonderry para os unionistas) de 1972, no mesmo ano do Domingo Sangrento. Na mesma cidade do Domingo Sangrento.

Moore foi o rapaz que nunca mais viu os pais e que soube ser humano quase até à impossibilidade. Quem não ficaria prisioneiro de um ódio compreensível, tolerável, quase necessário? [Read more…]